sábado, 12 de maio de 2012

Tailândia


Factos:

Reino da Tailândia

Capital: Bangkok

Língua Oficial: Tailandês

Presidente (2012): Bhumibol Adulyadej

População: 66 720 153 (2011)

Moeda: Baht

Fuso Horário: GMT +7h.

Electricidade: 220V, 50Hz.







Independência: 1238 (Nunca foi colonizada).

Esperança média de vida: 71 anos

Alfabetização: 92,6%

Quando ir: Entre Novembro e Fevereiro, quando chove menos e ainda não está demasiado calor.

Clima: Tropical

Perigos e Chatices: A Tailândia não é um país perigoso. Os cuidados a ter são semelhantes aos que se devem ter em qualquer país da Europa. Nos locais mais turísticos existe uma força policial especializada em apoiar os turistas, que fala diversas línguas e que é designada por... Polícia turística.





Indo diretamente ao assunto, optámos pela Tailândia principalmente para visitar o templo dos Tigres. Já tínhamos visto programas de televisão sobre este templo, vídeos de outros visitantes e lido inúmeras coisas sobre ele. Quando começámos a tratar das reservas, a agência de viagens não oferecia nenhum tour ao templo e tentou dissuadir-nos. O Lonely Planet também nos dissuadiu. As coisas não se estavam a afigurar fáceis, mas ainda assim partimos para a Tailândia em busca de tigre amistosos.

Como extensão da viagem, voamos até a Luang Prabang, no Laos. Por esta razão, estes relatos vão estar intercalados, sendo a contagem dos dias feita como uma única viagem.




Uma vez mais o relato foi sendo escrito em tempo quase real, num iPad de 1ª geração com 16 GB e 3G, usando a aplicação Pages. Como estamos em crise, ou recessão, à semelhança do iPad, também os equipamentos fotográficos que vamos usar vão ser exatamente os mesmos que levamos na viagem anterior, ou seja, a sempre fiel Nikon D300 com a objetiva 18-200mm da Nikon e o flash SB400 que é a minha máquina principal. A Vaselina vai fotografar com a Panasonic GF-1 com lente de 20mm fixa. Como backup, temos a Olympus u700 e as suas fotos de má qualidade.

Nesta viagem, usámos os iPhones como equipamentos fotográficos, não para a fotografia propriamente dita, mas como marcadores geográficos. A técnica consiste em tirar uma fotografia com o iPhone em todos os locais a assinalar para guardar as coordenadas GPS na meta data da imagem. Mais tarde no iPhoto, copiam-se as coordenadas para todas as outras fotos tiradas no mesmo local. Vamos ver se funciona bem. Vamos também usar o iPhone para fazer pequenos vídeos pois o iPhone 4s filma em Full HD, a 1080p.




Dia 0 - 12-05-2012 - Lisboa - Madrid - Doha

Partimos de casa às 06:30h com 3h dormidas, no meu caso, e duas diretas no caso da Vaselina. Ah leoa! O taxista era simpático e eficiente ao contrário da grande maioria dos seus colegas, o que lhe valeu uma gorjeta de 1€. No aeroporto, percebemos imediatamente que o nosso voo se encontrava atrasado cerca de 1h, provavelmente devido à greve dos controladores aéreos do dia anterior. Aqueles filhos da puta que ganham salários muito acima da média nacional acham-se no direito de parar o país para exigir melhores condições. Se estão mal, mudem-se, mas não me fodam!

Depois de uma seca descomunal no aeroporto, de mudarmos de porta de embarque 3 vezes e de esperarmos 15 minutos no autocarro para entrarmos no avião, encontro um miúdo sentado no meu lugar à janela. Tenho duas opções, ou dou uma alegria ao miúdo e o deixo ficar à janela ou corro com ele e ocupo o lugar que reservei com quase 48h de antecedência. Opto pela segunda opção, obviamente. Ao escrever estas linhas estou sentado a janela a descer para o aeroporto de Barajas em Madrid.

Aterramos em Madrid com quase 2h de atraso, o que significava que tínhamos que correr, mas para onde? Nos ecrãs não havia indicação nenhuma relativa ao nosso voo. Fartámo-nos de correr como baratas tontas, sem direção até que resolvemos parar para pedir indicações num balcão informativo. Aqui ficamos a saber por um brasileiro que estávamos no terminal 2 e que o nosso voo partia do terminal 4 pelo que tínhamos que apanhar o autocarro para este terminal. Só gostava de saber como é que nós devíamos saber a que terminal nos dirigir...



Depois de 10 minutos de autocarro, entramos no terminal 4, dirigimo-nos à segurança e percebemos que, apesar de termos feito o check-in on-line, ainda tínhamos que ir levantar os cartões de embarque aos balcões do check-in, onde perdemos mais 15 minutos. Nova corrida para a segurança, onde apesar das poucas pessoas na fila, reinava a anarquia. Havia gente completamente desorientada, nomeadamente alguns dos funcionários, os passageiros lá iam seguindo as instruções pouco claras, alguns tentavam passar garrafas de água e latas de bebida, enfim, o caos.

Passada a segurança continuamos a correr pelos tapetes rolantes, metro e mais escadas rolantes. A nossa porta de embarque era das últimas no terminal. Quando chegamos já havia fila para embarcar mas, pelo menos, já lá estávamos. O avião da Qatar Airways impressionou pela qualidade como não podia deixar de ser, principalmente pelo sistema de entretenimento a bordo, com um touch screen individual para cada passageiro, onde se podem ver notícias, filmes, séries, fazer jogos multijogador e até fazer chamadas telefónicas. O avião, um Boeing B777-300, impressiona também pela simpatia da tripulação, pelo espaço para os passageiros, pelas mantas e almofadas e pela qualidade e quantidade da comida servida a bordo. Vamos começar agora a descer para Doha onde são quase 23:00h.

A passagem pelo aeroporto de Doha foi curta. Uma vez mais saliento a forma organizada como o aeroporto é gerido. Existe Internet grátis à disposição dos passageiros, mas nós não nos conseguimos lá ligar.




Dia 1 - 13-05-2012 - Doha - Bangkok

De novo a bordo de um Boeing B777-300 da Qatar Airways, com todas as comodidades do voo anterior. Logo no inicio foi-nos distribuído um conjunto de autocolantes para colar no banco da frente com instruções para a tripulação. Podíamos optar por não sermos perturbados, por sermos acordados para refeições ou por sermos acordados para as compras a bordo. Ficámo-nos pelas refeições. O PC da Vaselina estava bloqueado e extremamente quente. Chamámos uma hospedeira que lhe fez reboot mas não conseguiu resolver o problema. Depois de alguns minutos de utilização este voltava a bloquear e a reiniciar. Foi remédio santo, a Vaselina dormiu a viagem toda... e eu também... Pelos reboots ao PC percebemos que se trata de um Red Hat Linux.

Aterrámos em Bangkok cerca do meio dia, passámos pela alfândega e, a partir daí perdi a Vaselina de vista. Ela tinha ido a frente, visto qual o tapete onde iriam chegar as nossas malas e dirigiu-se para lá. O cansaço não me deixou ver qual o tapete onde estavam as nossas malas o que me fez andar um bom bocado como uma barata tonta à procura da Vaselina e das malas. A grande vantagem disto foi que, quando encontrei a Vaselina, esta já trazia as malas. Tenho que fazer isto mais vezes.

Completamente exaustos, saímos da sala das bagagens e encontrámos a pessoa que nos iria levar ao hotel e que nos disse que ainda teríamos que esperar mais 40 minutos por um casal que vinha da Escócia noutro voo. Aproveitamos o tempo para consultar a documentação e ver um mapa da cidade.

A viagem até ao hotel demorou um pouco menos de uma hora. Tal como no Vietname os cabos elétricos e telefónicos estão passados pelo ar todos emaranhados, fazendo lembrar verdadeiras teias de aranha penduradas no exterior dos edifícios ou em postes. Passámos por algumas zonas pobres onde se viam toneladas de lixo debaixo dos viadutos. A guia aproveitou a viagem para nos falar sobre a qualidade das imitações tailandesas, garantindo-nos que, se procurássemos bem, podíamos comprar imitações com tanta qualidade como a dos produtos originais.




No hotel fizemos check-in, atribuíram-nos o quarto 2024 e despedimo-nos da guia que foi conduzir os Escoceses (um casal casado há cerca de um ano e com um bebé a caminho para Outubro) ao Sheraton. Fomos tomar um duche demorado para nos voltarmos a sentir humanos de novo. Dado o avançado estado de cansaço em que nos encontrávamos, optámos por passar o resto da tarde na piscina, onde partilhamos uma club sandwich gigante, demos um mergulho rápido antes dormirmos que nem porcos até escurecer.

Regressamos ao quarto para mais um duche e decidimos que iríamos ficar pelo hotel para jantar e fazer o check-in no voo do dia seguinte para o Laos. Isto é que é aproveitar. De férias num país longínquo e exótico e ficamos o dia inteiro a dormir no hotel. Devorámos a comida que nos serviram ao jantar e que se assemelhava a alguns dos pratos que comemos no Vietname. Depois de devidamente empanturrados fomos tentar fazer o check-in on-line no business centre, mas depressa descobrimos que a Laos Airlines ainda não chegou ao século XXI nem permite o check-in on-line. Pelo menos não tivemos que pagar os valores obscenamente altos da Internet nem das impressões.

Regressamos ao quarto às 21:00h, como 2 pensionistas, mas fizemos o amor como 2 adolescentes.




Dia 2 - 14-05-2012 - Bangkok - Luang Prabang

Acordamos às 04:30, tomámos mais um duche e descemos para o pequeno almoço. Empanturrámo-nos uma vez mais com quase tudo o que havia à nossa disposição. Fiquei um pouco desiludido porque não havia dragon fruit nem baldes de iogurte, mas as tiras de bacon, os ovos estrelados e o pão depressa me fizeram esquecer a dragon fruit. Acho que finalmente já tenho os ouvidos no estado normal pela primeira vez desde a descida para Bangkok. Se visse o piloto chamava-lhe uns quantos nomes pela velocidade com que desceu e pelo estado em que me deixou os ouvidos.

O nosso transfer chegou pontualmente às 06:50h quando nos ainda estávamos em fase de check-out. Uns minutos depois já estávamos a caminho do aeroporto onde já nos esperava uma representante da Hotel Beds, que nos ajudou com as malas e o check-in.

Antes de nos dirigirmos à imigração ainda cambiamos uns euros por Bahts que esperamos nos sirvam para pagar o visto de entrada no Laos.

Nos vários balcões de informação espalhados pelo aeroporto estão disponíveis passwords de acesso gratuito à Internet válidos por uma hora. Foi o primeiro sitio com Internet à borla desde que saímos de casa. Nem no hotel tivemos direito a Internet O único direito que tivemos foi o de deixar lá uma reclamação pela falta de Internet grátis. Estamos, neste momento, na sala de embarque para o nosso voo para o Laos e a aproveitar os últimos segundos da proverbial Internet

Já sentados a bordo do turbo hélice da Laos Airlines a pergunta que ocupava a mente de todos os 7 passageiros era esta: será que esta merda voa? Em breve iremos descobrir a resposta e da pior maneira possível...

Parece que o avião sempre voa e, devido às suas pequenas dimensões, ao facto de ser turbo hélice e de ter poucos passageiros, é bastante mais ágil que um jato. Na refeição servida a bordo vinham uns bolinhos com um recheio verde. A Vaselina, num ato de bravura sem precedentes provou um e assegurou-me que não eram maus. Devido a fome e ao modo de sobrevivência em que me encontro, comi os restantes bolos e achei-os deliciosos.




Este relato continua, na página dedicada ao Laos. Será retomado após os 2 dias que permanecemos no Laos. Regressamos de Luang Prabang com destino a Chiang Mai. O texto que se segue descreve os acontecimentos que tiveram lugar após o nosso regresso do Laos.


Cumpridas as formalidades no aeroporto de Chian Mai, saímos para a sala das chegadas e ficamos à espera do nosso transfer que devia ter adivinhado que o nosso voo tinha partido e chegado mais cedo que o previsto. Quando este finalmente chega, ajuda-nos com as malas e vai-nos falando um pouco da cidade, dos seus templos e dos seus habitantes. Esta é a segunda cidade da Tailândia, imediatamente a seguir a Bangkok e tem mais de 100 templos dentro dos limites da cidade. Este guia, ao contrário de todos os seus colegas que conhecemos até agora fala um inglês muito bom e percetível, sem comer a última sílaba das palavras. Falou-nos numas carrinhas pick-up cobertas, com bancos corridos que funcionam como um misto entre um autocarro e um táxi. Têm tarifa fixa de 20 Baht (THB), percurso mais ou menos fixo, mas apanham os passageiros onde for preciso e deixam-nos no local combinado. Se forem vazios assediam os turistas e possíveis passageiros.

Quando o guia nos começou a levar por umas ruas estreitas, de aspeto manhoso, com indicações para o nosso hotel, começamos a temer o pior, mas pouco tempo depois tivemos a surpresa das nossas vidas. O hotel, Manathai Village (****) é lindo, composto por vários edifícios de 2 andares dispostos à volta da piscina, num estilo oriental. À chegada são servidos sumos enquanto fazemos o check-in, são mostradas as instalações e o quarto. Existe Internet gratuita e o pessoal faz questão de o referir. Só temos boas coisas a dizer deste hotel. Se passarem por estas bandas não hesitem em ficar cá. É melhor que a maioria dos hotéis de 5 estrelas onde temos ficado. Infelizmente não nos pagam pela publicidade.




Decidimos passear um bocado pela cidade velha que é onde estão a maior parte das coisas interessantes da cidade segundo nos disseram. Antes de sair apenas tive que fazer uma paragem no WC para a primeira de muitas diarreias. Não devia ter bebido água não engarrafada no Laos...

Almoçámos comida tailandesa e seguimos a pé, pela rua principal até ao East Gate. Deambulamos um bocado pelas ruas e constatámos que estas não tinham interesse nenhum. Eram só templos e mais templos e nós já tínhamos levado uma boa injeção de templos em Luang Prabang. Pelo caminho, varias pessoas metiam conversa connosco para mais tarde nos tentarem arranjar um esquema qualquer para ganharem dinheiro às nossas custas. Como nos íamos embora no dia seguinte, rapidamente perdiam o interesse. Uma dessas pessoas disse-nos que se visitássemos o templo branco em Chiang Rai, devíamos ver as casas de banho. Acabamos por não visitar este templo nem saber qual a razão para as casas de banho serem tão especiais.

Visitamos apenas um templo, o Wat Phrasingh, que tinha aspeto mais majestoso que os outros e regressámos ao hotel, onde tínhamos que estar a tempo de um tour ao Night Safari que comprámos aquando do check-in. Estávamos ensopados em suor e enquanto eu tive de ir de emergência para a casa-de-banho, a Vaselina foi refrescar-se para a piscina. Pontualmente e com a Vaselina a despachar-se numa velocidade nunca antes vista, às 18:30h a guia estava à nossa espera e meteu-nos dentro de um velho Pajero para uma viagem de 40 minutos até ao nosso destino. Esta era de poucas conversas, cingindo-se apenas ao essencial. À entrada do Night Safari estava um tratador com 2 elefantes, onde eu aproveitei para tirar umas fotografias com deles e passar-lhes a mão pelo pelo liso, mas espesso, como arame.




O Night Safari é uma espécie de Badoca Park mas à noite. Antes começarem os percursos de comboio, temos um espetáculo de cabaret muito curto e fraquinho. Ainda antes de entrarmos para o 1º dos percursos, fomos assediados para tirarmos uma foto com um tigre branco bebé ao colo. Claro que a Vaselina quis ir. Ofereçam-lhe a possibilidade de tocar em animaizinhos peludos e fofinhos e é vê-la a entrar em êxtase. Senti-a a ter orgasmos múltiplos. Foram os 300 THB mais rápidos das nossas vidas. Ainda não nos tínhamos sentado, já tínhamos o tigre ao colo, as fotografias tiradas com a máquina do fotografo e com a minha e já estávamos de lá para fora que havia mais gente interessada. Poucos minutos depois até já tínhamos a fotografia impressa e o CD.

À hora indicada fomos para o comboio que faz o primeiro percurso, e que permite avistar animais da savana Africana, tais como corsos e veados, zebras etc. A escuridão é total, apenas contrariada pelas luzes de fraca intensidade que a guia aponta na direção  dos animais, mas nunca diretamente para estes. Em suma, não dá para ver quase nada. Alguns dos animais vêm até junto ao comboio, em busca de comida que se vende em vários pontos. Avisam-nos varias vezes para não alimentarmos as zebras à boca para não ficarmos sem um dedo. Muitos animais deixam passar a mão pelo pelo.

O ponto alto da viagem foi quando a guia  apresenta o animal que se encontra num dos cercados e eu repito imediatamente "ah! kangalú!", alto e bom som... Foi risada geral. Aquilo que era apenas para ser ouvido pela Vaselina, fez com que a guia se referisse aos kangalús sempre em voz muito baixa a partir daí. Depois de termos terminado este percurso sem lavar porrada e sem sermos expulsos, vimos um pouco do espetáculo de luz e metemo-nos no comboio seguinte um pouco a medo por não sabermos se o nosso bilhete cobria este percurso. Constatámos que sim e lá partimos para o percurso dos predadores, com outro guia que falava tão mal quanto a anterior. Vimos tigres, leões, chitas e outros que tais.





Resolvemos aproveitar o tempo que nos faltava até sermos recolhidos de volta ao hotel para dar uma volta a pé pelo lago num percurso pouco iluminado e algo assustador para a Vaselina que espetava as unhas no meu braço. Fizemos o percurso em 30 min, vendo variadíssimos animais pelo caminho. Vimos inclusive uma espécie de gato selvagem que era mais pequena que os 2 gatos ranhosos da Vaselina.

A viagem de regresso ao hotel decorreu em silêncio e sem eventos dignos de nota. Planeámos jantar no hotel e dar um mergulho na piscina a seguir. Durante o jantar começou-se a formar uma trovoada de proporções consideráveis, quase que não tivemos tempo de terminar a refeição. Quando nos dirigíamos para o quarto, já a chuviscar, vimos um casal oriental, em fato de banho, a entrar na piscina. Ainda tive tempo para 2 diarreias ao som de trovões e chuva intensa, antes de darmos uma rapidinha e dormirmos. A expressão "xixi, cama" é a mais conhecida, mas a que se aplicou no meu caso foi " cocó, cama".





Dia 5 - 17-05-2012 - Chiang Mai - Chiang Rai

Madrugamos uma vez mais para iniciarmos os tours às 8h. O pequeno almoço, precedido de diarreia, desiludiu um pouco, não estando à altura do aspeto cuidado do hotel. Nova paragem no WC para diarreia e check out. À hora marcada, lá estava a guia, que, para além de nova e gira, falava um inglês decente.

Parámos ao fim de poucos km, num campo de treino de elefantes, onde iríamos ver um show e, como opcional, podíamos andar de elefante. Antes do show a Vaselina, que já tinha perdido o medo dos elefantes, aproveitou para tirar umas fotos sentada nas patas de um elefante gigante e fazer festas em duas crias que também fazem parte do show. É uma ideia excelente esta de deixarem o público contactar diretamente com os animais antes do show. A guia assegurou-nos que os elefantes não têm medo de ratos ao contrário do que nos é ensinado na Europa.

Antes do show, os treinadores dão banho aos animais no rio e só depois de todos os elefantes lavados e frescos começa o show com um desfile de boas vindas, seguido de várias habilidades tais como quadros pintados pelos elefantes, jogos de futebol, a utilização dos elefantes na construção, etc. As minhas expectativas eram muito baixas para este show e foram amplamente excedidas. Todos os treinadores andam com um espigão medonho com um cabo de madeira que usam apenas para impor respeito, nunca vimos nenhum a espetar-lhe os espigão.



Depois do espetáculo, um pouco a medo, fomos fazer um passeio de 50 minutos de elefante. Apesar da altura, não é uma experiência assustadora porque eles andam devagar. Vamos sentados num cesto com uma barra de madeira a servir de cinto de segurança. Ao longo do caminho vão havendo várias torres que vende cana de açúcar e bananas para os elefantes. Optámos por não comprar nada na primeira, mas o elefante ficou chateado e ansioso. Resolvemos não repetir a gracinha na torre seguinte. Próximo do final do percurso os preços baixam de 30 para 20 THB.

Terminado o passeio, comprámos uma foto que nos tinham tirado, emoldurada em papel de feito com caca de elefante. Admiro o homem que olha para um monte de merda de elefante e pensa - "isto era bom era para produzir papel." Existe aqui uma loja com vários artigos feitos com este papel, incluindo os quadros pintados pelos próprios elefantes.

Como opcional, optámos por visitar uma aldeia de pescoços compridos. Na verdade não se trata de uma aldeia estabelecida de forma natural, mas sim criada com o objetivo de mostrar aos turistas as características desta tribo, daí termos que pagar entrada. Para além de longnecks existem aqui elementos de outras tribos, cada um com sua casinha e cada casinha com sua banca a vender bugigangas. Os longnecks são oriundos da Birmânia ou Myanmar e, originalmente, apenas as mulheres nascidas à 4ª-feira tinham que enrolar fio metálico à volta do pescoço para este ir ficando gradualmente maior. Hoje em dia, qualquer mulher ou criança pode fazê-lo. Uma justificação para este costume ter sido iniciado prende-se com o facto de acreditarem que isto serve de proteção para o pescoço em caso de ataque por um tigre.




Toda a gente esta vestida com os seus trajes típicos e podemos fotografar à vontade. A guia diz-nos que, se estas pessoas não estivessem aqui, estariam a fazer trabalho duro no campo, mas nós não podemos deixar de pensar que estamos num jardim zoológico, onde não só é permitido dar comida aos macacos como tal até é encorajado. Daqui estávamos a cerca de 1h do restaurante onde íamos almoçar. Na carrinha havia toalhetes refrescantes e água gelada que a guia nos oferecia constantemente.

Ao almoço, a guia ajudou-nos a escolher os pratos e trouxe-os à nossa mesa, juntamente com as bebidas e o café expresso no final. Isto é que é excelência e brio profissional! Antes de partirmos para mais uma viagem de carrinha até ao cais onde iríamos apanhar o barco para Chiang Rai, ainda tive que fazer mais uma paragem estratégica para mais uma caganeirada. Para dificultar as coisas o WC não tinha sanita, era daqueles apenas com um buraco no chão e um sitio para apoiar os pés. Eu nunca apreendi a cagar desta forma, mas o que tem que ser tem muita força. Autoclismo também nem vê-lo. Era o sistema do alguidar e do tacho que já tinha visto no barco no Laos.

Dormimos uma grande parte da viagem de quase 2h. No cais, antes de embarcar, nova caganeira. Foda-se, já estou mesmo farto disto. Este WC era igual ao do restaurante só que com menos condições. Nem sabão tinha para lavar as mãos. Foda-se!




O capitão devia estar nos seus 70 anos, mas pilotava o barco como se fosse um adolescente com os cabelos a arder, a favor da corrente, num rio muito estreito, cheio de obstáculos e zonas de rápidos. Por estranho que pareça, apenas raspámos uma vez com o casco nas rochas. Se eu me cagasse todo ninguém iria acreditar que era por causa da diarreia... Não podia deixar que isso acontecesse. O barco era do mesmo tipo que o James Bond usou no Homem da Pistola Dourada, metálico, comprido, estreito e com um 6 cilindros em linha,a gasolina extraído de um carro ou carrinha quaisquer. Todos os barcos onde andamos na Tailândia eram propulsionados por um motor de automóvel ou carrinha, alguns dos quais a gasolina outros a Diesel.

Não sei qual a velocidade atingida, mas demorámos cerca de 30 minutos a chegar à primeira aldeia, habitada pela tribo de nome impronunciável, muito pobre, que ainda vivia muito próxima das suas raízes ancestrais, em casas de bambu usando apenas uma única casa de banho comunitária. Claro que a aldeia tem gerador e todas as palhotas têm parabólica. Esta tribo, não liga aos turistas nem tem bancas de venda de bugigangas. É uma tribo pobre que envia muitas das suas filhas para a prostituição em Bangkok. A guia apontou para um porco preto que passeava livremente por ali, dizendo com ar reprovador, que aquela tribo comia porcos pretos. Nem queiram imaginar a cara de nojo que ela fez que lhe dissemos que nós também comíamos porco preto e que, no nosso país, era considerado melhor que  porco branco.




Nova viagem alucinante de montanha russa... Quer dizer... De barco, até à ultima aldeia, pertencente a outra tribo, esta muito mais moderna, com ruas pavimentadas, casas de cimento e tijolo e, claro, bancas de venda para os turistas. Muitas destas bancas estavam fechadas devido ao facto de ser época baixa pelo que não fomos muito assediados. Muitas destas tribos são católicas ao contrário da maioria da população tailandesa. A igreja no cimo da colina não deixa duvidas disto.

O ponto alto desta aldeia foi uma Python com 10m de comprimento e 90kg de peso que lá se encontrava com a sua dona e a filha de 3 anos, todas dentro da mesma jaula, em perfeita harmonia. Um grupo de franceses pagou uns quantos THB para lhe pegar e tirar fotografias. Nós decidimos não o fazer por causa do peso. Pelo menos é nisto que eu quero acreditar. Regressamos ao barco para mais um percurso frenético até Chiang Rai. A carrinha já lá estava à nossa espera com as malas para um percurso rápido até ao hotel. Combinamos as horas para o dia seguinte e despedimo-nos. A guia e o motorista iam ficar numa espelunca qualquer... quer dizer... noutro hotel.





Comparado com o nosso hotel anterior este era muito, muito mais mau. Era velho, o quarto pequeno, feio e não tinha Internet grátis. Enfim, só cá íamos ficar uma noite... Ainda antes de sairmos para jantar preenchi uma folha de comentários onde expressei de forma bastante eloquente o quanto nos chateava o facto de não haver Internet nos quartos. A guia tinha-nos aconselhado um mercado noturno onde podíamos jantar também ao som de música ao vivo. Procurámos restaurante e sentámo-nos. A música era muito má, mas a comida era decente. Optei por comida ocidental para ver se conseguia parar a diarreia. Não resultou.

Passeámos um pouco pelo mercado, apenas para ver as vistas, mas tivemos que regressar à pressa ao hotel para mais uma emergência diarreica. Ao passar no lobby descobrimos que afinal naquela zona existe Internet gratuita pelo que aproveitámos para fazer o check-in no voo do dia seguinte para Bangkok. Ainda tivemos tempo para fazer o amor e cocó cama.




Dia 6 - 18-05-2012 - Chiang Rai - Bangkok.

Começamos o dia com a visita a outra das tribos que povoam a Tailândia. Esta é também uma tribo moderna, que vive em casas de cimento, mas que ainda mantém alguns costumes tradicionais, tais como mascar uma espécie de tabaco que deixa os dentes completamente pretos. Apenas as pessoas que estão a vender alguma coisa aos turistas estão com os seus trajes tradicionais e fartam-se de assediar os turistas. Até nos cobraram por uma fotografia. A guia disse-nos que as famílias pobres mandam as suas filhas para a prostituição nas grandes cidades.

Próxima paragem, mais uma aldeia ocupada por outra tribo. Esta de origem chinesa a maioria das bancas estava fechada e as vendedoras das poucas bancas abertas eram chatas como a potassa. Ainda por cima nem se davam ao trabalho de vestir os trajes tradicionais. Tinham roupa normal e apenas um robe tradicional por cima. Perfeitamente dispensável.




Deixámos para trás as aldeias e parámos no ponto mais a norte da Tailândia, que serve principalmente como posto fronteiriço e mercado. Todos os dias centenas de pessoas do Myanmar atravessam a fronteira para vender as suas mercadorias na Tailândia. Antes de visitarmos o mercado visitámos ainda uma oficina de produção de artigos em jade. Depois da visita às instalações, tivemos que levar a estopada de visitar a loja, sempre seguidos de perto pelo dono que apontava para todos os artigos e insistia com a Vaselina para experimentar e escolher. Ainda bem que sou homem!

Quando, finalmente, nos conseguimos escapar da loja com as carteiras intactas, metemo-nos na carrinha, trancamos as portas não fosse ele vir atrás de nós e seguimos para a zona da fronteira para passear um pouco pelo mercado. Comprei uma T-Shirt por menos de 4€ e estive quase a comprar uma mira telescópica. Acabei por me acobardar por medo de problemas na alfândega.

A paragem seguinte foi no triângulo dourado, o ponto onde o rio Ruak se une com o Mekong e onde a Tailândia, o Laos e o Myanmar fazem fronteira. Esta zona foi conhecida em tempos pela enorme quantidade de ópio que originava daqui. Hoje é uma zona altamente policiada e não sai daqui ópio nenhum. Parámos num ponto alto que serve de mirador sobre os rios e os países.




Depois das fotografias e das histórias, descemos e fomos observar mais uma das muitas imagens do Buda que vimos ao longo da viagem. Deambulamos um pouco pela zona, a guia mostrou-nos os vários casinos que se encontram nas margens pertencentes ao Laos e ao Myanmar, mas que têm maiorias de capitais chineses e fomos almoçar num restaurante com vista para o triângulo. Desta vez a guia sentou-se à nossa mesa e o motorista não apareceu. O almoço era buffet. Optei pelo que me parecia menos agressivo para o estômago, mas vinguei-me num doce que eles chamam "creme caramel", mas que nós conhecemos como pudim flan. A guia disse-me que era um doce típico Tailandês e que não tinha influencias lusas, mas não ficamos muito convencidos.

A última paragem deste tour foi no Wat Jadeeloung que, para nós, foi apenas mais um dos inúmeros templos que visitámos. Tirando o facto de ter mais de 700 anos de idade, não tem particular interesse.

A viagem até ao aeroporto de Chiang Rai foi breve. A guia ajudou-nos com as malas e com o check-in. Despedimo-nos dela com 500 THB que, dada a qualidade do serviço prestado, foram mais que merecidos. Foi a guia mais atenciosa, dedicada e profissional que tivemos em todas as viagens. Ah, e já disse que foi a mais gira também? Habitualmente só nos calham homens ou trambolhos.




O voo para Bangkok vinha apinhado e não deu para dormir devido à turbulência. Ficámos novamente hospedados no Century Park(****) ao final da tarde. Depois do check-in decidimos que íamos ver um Ping Pong show ao estilo de Bangkok. Para quem não sabe este Ping Pong não se joga com raquetes, mas sim com as partes íntimas das senhoras. Gostaram da forma delicada como disse conas? E não é só Ping Pong que elas jogam com a cona, tiram caricas a garrafas, esguicham água, tiram de lá linhas com agulhas, etc e tal.

Percebemos que estes shows se fazem perto do mercado de Patpong pelo que pedimos direções para lá no hotel. Depois de termos a posição assinalada num mapa e de nos terem dito que era mais barato irmos para lá de táxi, com taxímetro, do que de Tuk-Tuk, pusemo-nos caminho. Apanhámos um táxi à porta do hotel que nos levou lá por cerca 80 THB. Ao chegar percebemos imediatamente porque é que a Tailândia é um dos principais destinos de turismo sexual do mundo. Era néons por todo o lado a anunciar super-pussy, girls, boys, etc. Antes de explorar muito resolvemos jantar. Por causa dos meus intestinos, escolhemos um restaurante italiano. As pizzas eram decentes, mas caras que se fartavam. Para compensar o preço alto fiz outra valente caganeira no WC, o que acabou por servir de vingança, pois a sanita não estava muito boa e ficou num estado lastimoso. Reparem que neste dia ainda não tinha feito diarreia. O Imodium estava a funcionar. Saímos antes que o cheiro fétido invadisse o restaurante.




Pouco depois de começarmos a andar pela rua principal do mercado de Patpong, começámos a ser assediados para ir ver o Ping Pong show ou o Pussy show. Fomos sempre negando até que finalmente nos enchemos de coragem e dissemos que sim a um angariador de rua que nos garantiu que podíamos ver por 1 minuto e, caso não gostássemos podíamos sair, caso gostássemos comprávamos 2 bebidas por 100 THB e assistíamos ao show. Subimos as escadas para o Super Pussy e lá fomos nós. Conduziram-nos ao balcão e pedimos 2 águas. Passados poucos segundos vêm duas raparigas ver se nos conseguiam extorquir 2 bebidas. Não conseguiram. Em frente ao balcão estava o palco cheio de mulheres barrigudas e a entrar na meia idade. Sequencialmente e em passo muito lento, cada uma delas ia fazendo a sua especialidade, com enorme cara de frete.

Uma das mulheres tirava um fio com agulhas da chareca, outra esguichava água, outra tirava um fio com flores. Enquanto tudo isto decorria em ritmo extremamente lento, chega-se a matrona que gere o estabelecimento ao pé de nós e apresenta-nos uma conta de 800 THB para pagar. Quando lhe disse que o outro gajo tinha dito que as bebidas custavam 100 THB ela responde-me "guy said, not me, now pay! Ainda ponderamos dizer que não pagávamos e ver o que dava, mas optámos por pagar e sair de lá imediatamente antes de uma das profissionais apagar as velas de um bolo com a respetiva.




Já sabíamos que haviam muitos esquemas deste tipo e resolvemos arriscar na mesma. Caso venham a Bangkok e queiram ver um destes espetáculos, não acreditem no que os gajos da rua vos disserem. Antes de se sentarem, perguntem à pessoa com ar de responsável quais são os preços. De preferência, não vão a um que fique num 1º andar e, por favor, não vão ao Super Pussy.

Desiludidos com os shows de chareca, passeámos mais um bocado pelas várias ruas cheias de bancas de bugigangas e de casas de prostituição e apenas nos lembrávamos do Jean Marie que, se ali estivesse, gastaria todo o dinheiro da reforma em tailandesas. Ainda nos metemos por uma rua de homossexuais, que ainda por cima era um beco sem saída, mas ninguém se meteu connosco.

Passado algum tempo começou a chover, algumas barracas começaram a fechar outras a proteger-se da chuva e nós decidimos regressar ao hotel. Chamámos um táxi que queria 200 THB para nos levar ao hotel. Depois de insistirmos ligou o taxímetro e a viagem ficou em cerca de 70 THB.

No hotel ainda houve tempo para sexo, sem habilidades, sem esquemas manhosos e chichi, cama.





Dia 7 - 19-05-2012 - Bangkok

Para variar o dia começou cedo. Depois do pequeno almoço, ainda esperamos um pouco pelo guia que era um bocado totó e falava inglês horrivelmente mal. Depois de mais uma paragem noutro hotel para apanhar mais turistas, dirigimo-nos para o centro da cidade, para a zona ribeirinha, perto do Grand Palace. Antes de o visitarmos parámos ainda no Wat Pho, que tem uma imagem do Buda de ouro com cerca de 5 toneladas. O topo da coroa é composto de 99% de ouro, enquanto que a cabeça é composta de 80% de ouro e o restante corpo, de apenas 60%.

Esta imagem foi descoberta há poucos anos, de forma acidental, pois esta estava coberta de estuque e foi atentarem deslocar a imagem de estuque, que um cabo se partiu, partindo o estuque e revelando a imagem de ouro no seu interior. Claro que tivemos que tirar os sapatos. E eu de ténis... Já vos disse que detesto tirar os sapatos?

De seguida paramos no Wat Trimit, um templo enorme, cheio de pagodes e edifícios. Aqui vimos um Buda enorme, deitado ou reclinado, com 45 metros de comprimento e várias toneladas de peso. Vimos também várias pinturas nas paredes, algumas apenas contando histórias outras dando aulas de anatomia. Vimos também, em algumas paredes, as urnas onde os tailandeses colocam as cinzas dos seus mortos.  Entrámos em vários edifícios, sendo obrigados a descalçar-nos em cada um deles. Muitas vezes eu ficava para trás devido a lentidão com que me calço e descalço. Numa dessas vezes, perdi-me completamente do grupo e ainda andei durante alguns minutos à deriva no meio da multidão. Já estava completamente passado com este costume horrível de tirar os sapatos. Para compensar, descobrimos que este templo tinha um posto de distribuição gratuita, de garrafas de água fria para os turistas. Fixe!





O último ponto de paragem foi no grande palácio, onde visitámos vários edifícios, entre os quais o Wat Phra Keo, onde se encontra o Buda de Esmeralda. Adivinharam! Chamam-lhe Buda de esmeralda por ser verde, mas de esmeralda esta estátua não tem nada... Dado o tamanho e a distância a que se encontrava pareceu-me ser feito de mármore verde. Ainda por cima não se podem tirar fotografias de dentro do templo, só consegui uma foto muito má a partir de uma janela, no exterior.

Apesar do palácio já não servir de residência oficial da família real, não visitámos as instalações propriamente ditas. Apenas tirámos umas fotografias junto da guarda de honra que tinha que permanecer imóvel enquanto algumas turistas lhe mexiam nas armas e lhes apalpavam o cu.

Depois de estarmos todos de volta à carrinha, o guia propôs-nos irmos visitar uma oficina de produção de diamantes, onde podíamos beber água ou sumos, ver o processo de fabrico e, claro, comprar. E se nós tivemos pressão para comprar... O problema é que além de não termos interesse nenhum em jóias, já apanhamos vários destes esquemas. A própria loja tem um serviço de transporte dos turistas aos locais de destino destes. Decidimos ir para a Siam Square, comer qualquer coisa no centro comercial MBK.




O MBK é uma espécie de El Corte Inglês. Subimos até ao 5º piso e entrámos no primeiro restaurante que vimos. Por sorte, a comida era decente e apanhávamos a rede wireless de outro. Nice! De barriga cheia, decidimos visitar o Siam Museum, o que se revelou mais difícil do que seria de esperar.

Tentamos apanhar um táxi na rua, mas nenhum nos quis levar usando o taxímetro. Se fosse por valores exorbitantes estava bem, mas com taxímetro, nada. Mudámos de planos  e resolvemos ir de Sky Train até ao hotel, onde iríamos cambiar dinheiro e aproveitar a piscina. O comboio aéreo, tem poucas estações, mas é muito fácil de entender. Apenas andámos 4 paragens e mudámos uma vez de linha. O único problema deste comboio, e que é um problema enorme, é a quantidade de pessoas que lá viaja. Inacreditável. As pessoas fazem filas na direção das portas que precisam de 2 ou 3 comboios para escoar. Nós só precisamos de 2.




Na Victory Square, onde abandonámos o comboio, passeámos um pouco pelos milhares de barraquinhas existentes e descansámos um pouco num jardim muito próximo do hotel. Por todo o lado, vimos barraquinhas a vender as mais variadas espetadas de diferentes tipos de carne de aspeto estranho, mas apetitoso. Se não fossem as minhas diarreias tinha experimentado. A Vaselina, não se mete nesse tipo de coisa. Ainda compramos uns iogurtes e bolachas para o pequeno almoço do dia seguinte num Seven Eleven antes de regressamos ao hotel.

Cambiamos dinheiro no hotel, e saltamos para a piscina até serem quase horas de fecho e começar a chover. No dia seguinte partiríamos para a selva, à 06:00, pelo que nos deitámos cedíssimo, tendo encomendado comida via room service. Sexo à bruta e dormir como suínos.





Dia 8 -  20-05-2012 - Bangkok - Kanchanaburi

Acordámos cedíssimo, comemos os iogurtes que tínhamos comprado no dia anterior, fizemos o check-out e ainda conseguimos comer qualquer coisa no pequeno almoço. O Century Park hotel, tem o hábito horrível de fazer os hóspedes esperar 10 minutos enquanto o pessoal de serviço verifica o quarto. Mas que hotel de merda! Pelo menos, desta vez, deu para apanhar o pequeno almoço acabadinho de abrir. O guia apanhou-nos lá com a boca toda suja de chocolate e açúcar.

A viagem de autocarro durou cerca de 3h, interrompida apenas por uma paragem numa área de serviço, onde comprámos uma garrafa de água de 0,5l por 10 THB. Isto é que são preços! Chegados a Kanchanaburi, ouvimos uma breve explicação de como os 2 rios Kwai, o Kwai Noi e o Kwai Yai se juntam naquele ponto. Tentaram impingir-nos um passeio de barco num "James Bond boat" até à famosa ponte mas nós não aceitámos. Optámos por seguir para a ponte sobre o rio Kwai de autocarro.




Ao contrário do que nos mostra o filme, a ponte é feita de metal e não de madeira. Também ao contrario do que diz o filme, esta ponte não foi sabotada e demolida com explosivos colocados na sua base, tendo sido bombardeada. Já não se pode acreditar no cinema. Onde as coisas chegaram... A ponte que vemos atualmente mantém poucos elementos da original, tendo sido quase toda reconstruida após a segunda guerra mundial. Atualmente, apenas atravessam a ponte comboios turísticos e peões.

A poucos km de distancia da ponte fica o museu  "The Thai-Burmese Railway Centre", um museu criado com o resultado do trabalho de um australiano, de nome Rod Beattie, que ao longo de vários anos conseguiu descobrir o traçado original do “caminho de ferro da morte”, entre a Tailândia e o Myanmar, juntamente com localizações de campos de prisioneiros e dados oficiais. Uma das salas deste museu é um centro de documentação onde os interessados podem pesquisar informação. A parte visitável do museu é composta principalmente por textos, fotografias e vídeos relativos aos trabalhos e condições dos vários campos de prisioneiros do caminho de ferro da morte.




Não querendo diminuir o trabalho feito pelo senhor Beattie, que é ainda hoje, residente na cidade de Kanchanaburi e o curador deste museu, tenho uma críticazinha a fazer. Então não é que o filho da puta acha que este museuseco perdido no meio do nada é mais importante que o Louvre ou o Hermitage? Como é que eu sei isto? Simples, no Louvre e Hermitage deixaram-me fotografar, com flash e tudo, as obras únicas lá expostas. Este animal, apenas para provar que é ele que manda ali acha que o conteúdo do museu é bom demais para ser fotografado por turistas suados. Pessoalmente, acho que ele devia encorajar os turistas a tirar fotografias e a divulgar o museu e as barbaridades cometidas pelos Japoneses na construção deste caminho de ferro. Para complicar ainda mais as coisas, o museu que nos éramos para ter visitado era o JEATH que, a julgar pelas fotos que encontramos na Internet, permite a fotografia. Não me deixaram fotografar, mas já levaram com um email inflamado. Já só me falta reclamar com a agência de viagens.

Passados 2 dias do meu email inflamado, o Rod Beattie respondeu-me  explicar que proíbem a fotografia para preservar os direitos do material que têm exposto e que, se eu pedisse a um funcionário para tirar algumas fotos para uso pessoal, seria autorizado. Só é  pena é que isso não esteja bem explícito e que já agora já não se possa fazer nada. Fiquei sensibilizado com o facto de me terem respondido muito cordialmente ao email que enviei num tom a roçar o mal educado.




Do lado oposto da rua fica um dos 2 cemitérios de guerra aliados, onde se encontram sepultados cerca de 7000 soldados ingleses, australianos, holandeses, etc. que morreram na construção deste caminho de ferro. Como gastámos muito tempo no museu, mal tivemos tempo para dar uma volta pelo cemitério.

No autocarro seguiam pessoas que iam regressar a Bangkok e pessoas iam dormir no "hotel" River Kwai Jungle Rafts. Reparem nas aspas em torno da palavra hotel. Nós íamos lá dormir 2 noites. Num "hotel" sem eletricidade, sem água quente e sem ar condicionado! Onde é que nos tínhamos a cabeça quando escolhemos este programa? Foda-se! Ainda por cima não planeamos bem e levamos a bagagem toda. Muitos turistas deixavam as malas no hotel onde tinham ficado em Bangkok e apenas levavam uma malinha pequena, mas nós não, levámos tudo... Num barco de madeira, pequeno e rápido estilo James Bond... E a atravessar pontes de bambu que pareciam querer desmoronar-se apenas com o peso das malas... Ah malucos!




Os que iam regressar a Bangkok almoçaram num restaurante perto do cais enquanto que nós fomos recebidos por um miúdo, de não mais que 18 anos, com aspeto indígena e sotaque australiano. Deu-nos uma parca ajuda com as malas e meteu-nos no barco com um casal de holandeses. A viagem rio acima demorou cerca de 50 minutos. Apesar de chamarem lancha rápida ao barco, este parecia muito mais lento que o de Chiang Rai. O GPS do iPhone indicou 53km/h de velocidade máxima. Apesar de ser uma viagem mais calma, eu só pensava que, se algo corresse mal, ficaríamos sem nada, sem roupas, sem dinheiro, sem fotos e sem gadgets. Tudo acabou por correr bem e chegamos ao "hotel". Pelo caminho, tínhamos visto uns com melhor aspeto e outros com pior.

Fomos imediatamente conduzidos à jangada que serve de restaurante onde o almoço de comida típica nos aguardava. Almoçamos com os holandeses. Como chegámos juntos ficamos sempre juntos às refeições. No final de cada refeição temos que pagar as bebidas. Como não há eletricidade no "hotel", não é possível juntar tudo e pagar na altura do check-out. Enquanto almoçávamos foi-nos atribuído o quarto. Nós ficamos no 4, eles ficaram no 1. Cada jangada tem 4 quartos, num total de 50 quartos e 13 jangadas, pelo que ficamos na mesma jangada dos holandeses. Com muito custo e pouca ajuda, arrastámos as malas até ao quarto e ficámos a contemplá-lo durante uns minutos.




Na parte da frente da jangada está amarrada outra jangada mais pequena e baixa que serve de sundeck. Tem 2 espreguiçadeiras e duas cadeiras reclinadas. Nesta jangada mais pequena, existe também uma escada para o rio. O guia de sotaque australiano e nome difícil de pronunciar, adotou o nome de Sam para os turistas e disse-nos que podíamos tomar banho no rio, desde que usássemos colete salva vidas. Basicamente, devíamos saltar da nossa jangada e ir descendo o rio subindo numa jangada mais à frente, tendo o cuidado de não passar a última, pois aí, só regressaríamos ao "hotel", se alguém nos fosse buscar de barco.

Na jangada principal, tínhamos 2 mesas com bancos corridos e 2 redes para dormir ou hammocks. Na varanda das traseiras do quarto, tínhamos outro hammock. O quarto tem uma cama de casal e uma cama individual. Usamos a cama individual para abrir as malas grandes. Ambas as camas têm um dossel com rede mosquiteira. Mesmo com a porta e as janelas abertas, o quarto é escuro. E a casa de banho? Essa é escura como breu. As águas do duche escorrem pelos buracos das tábuas diretamente para o rio, enquanto que a sanita descarrega para uma fossa séptica. Se isto, a esta hora, já é tão escuro, como será à noite? Depois de nos mentalizarmos que iríamos passar ali 2 noites, e de a Vaselina ter a certeza que não haviam cobras no quarto, fechámos a porta a cadeado (literalmente) e partimos para a visita ao Hellfire Pass.




Como forma de protesto por estar num sitio isolado e sem energia elétrica, a Vaselina ligou o telefone, ligou-se à Internet via 3G, consultou e respondeu a mails. Afinal há Internet no fim do mundo! Há Internet e uma conta exorbitante para pagar quando chegar a Portugal.

Este foi o primeiro de muitos hotéis flutuantes no rio Kwai. Foi fundado por um francês em 1976 e mantém-se fiel às suas origens, sem as comodidades que a maioria dos hotéis oferecem para proporcionar uma experiência mais autentica aos seus hóspedes. Isto como experiência única é giro, mas acho que nunca mais ficamos num hotel sem eletricidade.

Partimos de barco, rio abaixo até um pequeno cais, onde apanhamos um táxi até ao Hellfire Pass. Deixem-me traduzir. Um táxi é uma carrinha de caixa aberta (Toyota Hilux) a cair de madura, com uma cobertura de madeira e uns bancos corridos. O guia viajou à frente com o motorista. Nós e os holandeses viajamos na traseira enquanto que o motorista conduzia por estradas pejadas de curvas e buracos como se tivesse um enxame de abelhas dentro das calças.




O Hellfire Pass fica em terreno militar pelo que o motorista se tem que identificar à entrada. A visita começa num pequeno museu onde se tem que tirar os sapatos. Foda-se! Ainda não nos conseguimos ver livres deste habito horrível. De má cara, lá tiro os sapatos e entro. Sendo estas umas instalações militares, mas geridas por um australiano, não percebo isto dos sapatos. Vimos um pequeno vídeo introdutório e continuámos para a exposição que tinha muitas semelhanças com a do museu que tínhamos visitado pela manhã. Estas semelhanças não são obra do acaso, uma vez que se trata de um museu dedicado ao mesmo tema que é o caminho de ferro da morte.

Apesar do tema ser o mesmo o Hellfire Pass foi um dos piores troços deste caminho de ferro pois trata-se de uma zona da montanha que teve que ser cortada para a construção do caminho de ferro. Isto não parece assim tão mau, mas se tivemos em atenção que não havia maquinaria para fazer o trabalho pesado, que os prisioneiros aliados trabalhavam turnos de 18h e estavam subnutridos e doentes, a coisa já parece mais dura. Já falei nos espancamentos, pedradas e outros castigos infligidos pelos guardas?





Depois de vermos o museu, descemos uma escadaria e andamos um pouco pelo traçado da linha. Nós apenas percorremos os cerca de 200m do Hellfire Pass,mas foram recuperados um total de 4 km à selva que os turistas podem percorrer se assim o entenderem, no meio de centenas de mosquitos e num calor sufocante. As autoridades pedem para serem notificadas se alguém pretender fazer todo o percurso. Levem repelente de mosquitos!

O nome Hellfire Pass foi dado pelos prisioneiros, que trabalhavam de noite iluminados por enormes fogueiras e viam as suas sombras pretas nas paredes da montanha envoltas nas chamas da fogueira. Parecia uma cena retirada do Inferno de Dante. Ao logo do caminho, encontramos alguns pedaços originais dos carris e vários pequenos memoriais aos soldados que ali trabalharam.

Terminada a visita, nova viagem alucinante de "táxi" e regresso, de barco, ao "hotel" flutuante (floatel). Logo que desembarcámos pegámos em 2 coletes salva-vidas e lançámos-nos ao rio para refrescar e tirar o cheiro do repelente de mosquitos. A água do rio é quente, como não poderia deixar de ser. A corrente também é muito forte. É impossível nadar contra ela. Subimos numas escadas umas quantas jangadas abaixo. O hotel já tinha bastantes mais hóspedes, mas ninguém se juntou a nós. A holandesa ofereceu-se para nos tirar algumas fotografias, o que nos aceitamos de bom grado.





Imediatamente após o banho de rio, fomos tomar duche. A água do duche está à mesma temperatura que a água do rio, pelo que não custou muito tomar banho de água fria. A água que usamos no floatel vem do rio, mas é filtrada varias vezes na aldeia que fica em terra antes de chegar aos quartos e cozinhas. O duche, apenas iluminado com uma lanterna minúscula, foi um desafio. Pouco depois de sairmos do duche começaram a acender os candeeiros a petróleo, que apenas servem de pontos de referencia, não iluminam nada.

Ficámos cerca de uma hora sem fazer nada, apenas a observar a paisagem enquanto esperávamos pelo jantar. Todos os dias ao final da tarde e de manhã vêm 3 elefantes e respetivos tratadores às traseiras do nosso quarto tomar banho. Vimos ainda um lagarto enorme (que inicialmente pensei ser uma cobra) a lançar-se às águas do rio e a seguir a corrente em busca de comida.

O jantar iluminado por um petromax decorreu na companhia dos holandeses que se iriam embora no dia seguinte. Depois de mais uma ampla variedade de pratos tradicionais, aproveitámos para perguntar ao guia de nome Sam como poderíamos visitar o templo dos tigres que fica relativamente perto. Depois de falar com os colegas e fazer contas disse-nos que ficaria em 3300 THB, quantia esta que nos achámos caro optando por não ir. O guia também nos disse que achava que os tigres eram drogados pois estavam sonolentos durante o dia e, em estado normal tal nunca acontecia.




Depois de jantar tínhamos um espetáculo de danças tradicionais Mon. Mon é a tribo das pessoas que trabalham no "hotel" e que vivem na aldeia situada nas imediações. Trata-se de um espetáculo de música e danças típicas que, para os nossos ouvidos leigos, mais se assemelhava a uma chinfrineira diabólica que qualquer grupo de crianças conseguia produzir batendo em tachos e panelas. O que vale é que apenas dura 30 minutos. Este espetáculo é diário e os "artistas" vão, pelo menos, a 3 hotéis diferentes.

Depois do espetáculo, a Vaselina meteu-se logo na cama onde ficou a ressonar a plenos pulmões. Recusou-se a fazer o amor por medo que os vizinhos nos ouvissem através das paredes de madeira e palha e também por medo de haver alguma cobra no quarto. O medo tira-lhe o apetite sexual, mas não o sono. Eu ainda fiquei um pouco a escrever este relato no iPad e a ler um ebook.





Dia 9 - 21-05-2012 - Kanchanaburi

Para não variar muito, acordámos cedo. A Vaselina ainda tomou duche depois de duas valentes diarreias, mas disse que a água fria lhe custou bastante. Eu nem me dei ao trabalho. O pequeno-almoço foi interessante, composto por umas torradas, um ovo estrelado, fiambre, manteiga e compota. Acompanhado com chá ou café, e ananás ou melancia.

No tour da manhã fomos ver uma gruta, a 10 minutos de barco. O nosso guia hoje não iria ser o Sam, mas sim um guia muito simpático, de nome impronunciável e que falava mau inglês e muito baixo. A gruta onde nos levou fica num parque nacional, muito perto de outro hotel do mesmo proprietário. Na gruta podem ver-se as típicas estalactites e estalagmites que não têm particular beleza ou interesse. Vimos também inúmeros morcegos da fruta que ali passam o dia. Havia zonas completamente cagadas com os seus excrementos. Na gruta, está um calor insuportável devido ao facto de apenas haver uma entrada de ar e de a gruta ser comprida. Há o perigo constante de escorregarmos devido à água que pinga do teto e escorre por todo o lado. Foi com bastante alivio que de lá saímos para o ar "fresco" do exterior. No caminho de regresso o guia ainda nos ofereceu umas mangas acabadas de apanhar da árvore.

Daqui tínhamos uma viagem de cerca de 1h de barco até uma pequena queda de água rio acima. À semelhança do que aconteceu no Laos, o guia também disse que a queda de água não tinha interesse nenhum, o que era interessante era o passeio de barco até lá. Pelo caminho observamos toda a atividade em torno do rio, desde a pesca até aos cada vez mais hotéis flutuantes, muitos deles já com todos os confortos de um hotel tradicional. Durante esta viagem observei que muitos dos barcos que cruzam o rio têm inscrito na lateral o modelo do automóvel ou carrinha que lhes deu o motor. O barco que sempre nos transportou herdou o motor Diesel de 6 cilindros, de uma Mitsubishi Canter.




A queda de água, tal como o guia tinha dito não tinha interesse nenhum, tem cerca de 3m de altura e origina de um rio subterrâneo a poucos metros dali. Passeámos um pouco até à fonte que origina a queda de água. Pelo caminho, fomos vendo alguns turistas e locais mergulhados em pequenos charcos. Nós já tínhamos recebido indicações que não dava para nadar.

Ao regressar para o almoço apercebemo-nos que os holandeses já não almoçavam connosco. Nós já sabíamos que eles só dormiam uma noite, mas pensávamos que ainda almoçavam. A maior parte das pessoas que aqui ficam hospedadas, fica apenas uma noite. A maioria dos hóspedes que estava no hotel ao almoço não tinha estado no dia anterior. Voltamos a almoçar comida tradicional. Depois do almoço a Vaselina aproveitou para fazer uma valente diarreia. Se há coisa que ela faz bem é diarreia.

Depois de almoço, dormitámos um pouco numa cama de rede, eu escrevi mais umas linhas deste relato e começámos a preparar-nos para tomar um banho de rio. Depois de duas descidas a solo, do rio, já tínhamos a companhia de quase todos os hóspedes dentro de água. Dava gosto ver uma fileira de alemães, franceses e portugueses a subir e descer o rio. Quando nos fartámos do banho de rio, fomos diretamente para o duche.




Enquanto esperava que a Vaselina saísse do duche, sentado calmamente na frente da jangada, a escrever este relato, vejo dar à costa um cachalote. E eu que pensava que não haviam cachalotes de água doce... Um olhar mais atento mostra-me que afinal era só uma russa muito gorda que se tinha lançado à água no hotel imediatamente acima do nosso e que tinha falhado as últimas escadas no hotel dela. Estava exausta de tentar lutar contra a corrente e assustada. Num ato cavalheiresco, não fiz nada, deixando o indiano que estava no sundeck fazer todo o trabalho pesado, ficando apenas a dar indicações. Se a russa fosse jeitosa tinha sido o primeiro a acudir...  Tantas russas giras e magras e logo ali tinha que desaguar uma das poucas gordas. Da-se!

Voltámos a jantar comida tradicional, para não variar muito. Depois de jantar, o Sam veio combinar o programa para o dia seguinte, que tinha que começar um pouco mais cedo pois ele tinha escola nesse dia e ainda nos ia mostrar a aldeia dele antes de ir à escola entregar os trabalhos de casa e buscar novos. Aproveitei para lhe perguntar quanto tempo é que ele tinha passado na Austrália e fiquei parvo com a resposta. Ele nunca pôs os pés na Austrália. Apanhou o sotaque com os turistas. Devo dizer que foi a pessoa que melhor inglês falou connosco na Tailândia e que fala muito melhor que nós. Impressionante!

Depois de jantar, não fizemos mais nada. Nem sequer o amor fizemos pois as cobras podiam ouvir... Quer dizer a Vaselina ainda fez mais uma diarreia... Escrevi e li um pouco mais no iPad antes de dormir. A bateria ainda estava acima dos 50% de carga após 2 dias de utilização. Esta coisa tem uma bateria fenomenal. Chichi, cama.




Dia 10 - 22-05-2012 - Kanchanaburi - Bangkok

Depois de um pequeno almoço manhoso igual ao do dia anterior, esperámos pelo Sam perto da ponte de bambu que liga as jangadas à aldeia. A Vaselina não comeu o  ovo estrelado com medo da diarreia. Passado pouco tempo o Sam aparece com um bando de americanos e australianos. Atravessamos a ponte de bambu que une a aldeia Mon ao hotel e começa a explicação relativa ao povo Mon.

Os Mon vieram do Myanmar, que fica a poucos km dali, de forma clandestina, e fixaram raízes nesta ou noutras aldeias deste género. O governo Tailandês tolera-os, mas não lhes concede direitos nenhuns. Caso exista um cidadão Tailandês que assuma responsabilidade por eles, é lhes atribuído uma espécie de salvo conduto, valido por 6 meses, que lhes permite identificarem-se e deslocarem-se num raio de 200 km. Ao fim de 10 anos de trabalho honesto e comprovado, o governo Tailandês atribui-lhes o estatuto de imigrante e passam a ter todos os direitos associados. Enquanto cumprem os 10 anos, os Mon "pertencem" ao cidadão Tailandês responsável por eles. Durante este tempo, também têm que pagar o que devem às pessoas que os trouxeram do Myanmar clandestinamente. Não é fácil...

O Sam diz-nos que o dono dos Mons desta aldeia é o dono do "hotel", que já não pertence à família francesa que o fundou, mas sim a um cidadão Tailandês. O dono paga-lhes salários 15% abaixo da media, mas deixa-os viver na aldeia sem quaisquer custos. Os Mon vivem em casas feitas de madeira e bambu que são construídas com a ajuda de toda a população e têm que ser reconstruidas de 2 em 2 anos. Os Mons não têm sequer o direito de possuir propriedade na Tailândia. Por esta razão, o dono do hotel tem registadas em seu nome mais de 20 scooters. A isto é que se chama um verdadeiro motário.




O caso do Sam é ligeiramente diferente pois ele nasceu na Tailândia, foi para o Myanmar e regressou há 6 anos atrás. Quando ele completar os 10 anos de residência, obterá o estatuto de cidadão. A maioria das crianças Mon estuda na escola oficial tailandesa nos dias úteis e ao fim- de- semana na escola Mon que visitámos. Perto da escola temos também o sistema de filtragem das águas do rio para uso na aldeia e no "hotel". Visitámos também os elefantes que vão tomar banho ao rio e que ali estão para os turistas fazerem passeios e alimentarem.

Depois de visitada a aldeia, o Sam indica-nos o caminho para o templo e o de regresso ao floatel e despede-se dizendo que ainda nos irá reencontrar no restaurante perto do cais.  Para variar, o templo não tinha interesse nenhum . Regressámos ao floatel onde ficamos a fazer tempo até à viagem de barco, de regresso à civilização. Para mal dos nossos pecados a viagem decorreu na companhia dos americanos gordos e barulhentos. Durante todo o tempo que estivemos aqui hospedados não vimos qualquer sinal de energia elétrica. Que saudades... Até o jantar é preparado com a luz de um candeeiro a gás.




A viagem de barco demorou 40 minutos e decorreu sem incidentes. Já o desembarque no cais lamacento e atravessar pontes de bambu se revelou um desafio muito maior. Depois de termos toda a bagagem a salvo, no restaurante, juntámos-nos aos americanos e almoçámos comida tailandesa. Depois do almoço apareceu o Sam que se despediu e recebeu as merecidas gorjetas. Metemos as malas no autocarro que nos levou à estação do comboio, onde iríamos fazer um trajeto de 45 minutos pelo traçado do caminho de ferro da morte e atravessar uma das poucas pontes de madeira ainda em serviço. O governo Tailandês, que colaborou com o exercito japonês na 2ª guerra mundial, optou por apenas aproveitar o caminho de ferro da morte até Kanchanaburi, deixando o restante traçado, até ao Myanmar ser engolido pela selva.

A viagem de comboio valeu a pena, pelas paisagens e pelo comboio em si que é uma relíquia do passado. O guia que nos acompanhou nesta parte do tour tinha uma camisa florida, estilo havaiano e a Vaselina começou logo a dizer que ele devia ser homossexual. Acho que o que ela quis dizer com isto é que todos os havaianos são bichonas. E eu que pensava que eram só os franceses...

O autocarro, que se desloca muito mais depressa que o comboio já nos esperava na estação quando desembarcámos. A partir daqui esperava-nos uma viagem de 3 horas e muito transito até Bangkok, interrompida apenas por uma paragem de 15 minutos para a Vaselina ajustar contas com a diarreia. Pelo contrario, eu ajustei contas com 2 gelados.




Chegámos tarde a Bangkok, pelo que apenas saímos do hotel Century Park (****) para jantar e tentar arranjar um sito para fazer o check-in on-line do voo do dia seguinte para Phuket. Jantámos num restaurante local, que anunciava free Internet. Não nos conseguimos ligar à Internet, mas saímos de lá satisfeitos com a comida. Eu provei um delicioso bife de avestruz. Do lado oposto da rua, estava um espécie de centro comercial com uma loja enorme de duty free e com Internet à borla. Lambuzámo-nos na Internet, mas não fizemos o check-in pois a Bangkok Airways exige flash e o iPad não o suporta. Ai ai Bangkok... Tivemos que regressar ao hotel e pagar pela utilização do business centre.

Sem a ameaça de cobras, esta noite já houve motocross alentejano.




Dia 11 - 23-05-2012 - Bangkok - Phuket

Depois do pequeno almoço, o transfer levou-nos ao aeroporto onde embarcámos com destino a Phuket. Todos os passageiros da Bangkok Airways tem direito a lounge com comida e Internet gratuitas. Depois do check-in e de dos procedimentos de segurança, instalei a Vaselina no lounge e corri para a casa de banho onde mal tive tempo de desapertar as calças. Toma lá para não gozares com a diarreia alheia. Depois de devidamente aliviado ainda aproveitei um pouco do lounge antes do embarque.

Phuket é uma ilha enorme que quase parece território continental. O trânsito infernal e a construção desordenada fazem lembrar Quarteira, pelos piores motivos. Por toda a Tailândia continental se veem continuamente fotografias do rei, em todos os postes elétricos, em nichos e monumentos. Aqui isto não se verifica. Aqui o rei é outro, o vil metal ou o THB. Isto comprova-se pela quantidade de carros topo de gama, de origem europeia que aqui se veem. E de stands a vendê-los.




No caminho para o hotel vejo o Patong Shooting Range e já só penso em dar uns tiros. Quero lá saber da água quente do mar e das ilhas paradisíacas. No hotel, está um representante da agência que nos impinge 2 tours caríssimos. Um às ilhas Phi Phi (que se pronuncia Pi Pi) e outro à ilha do James Bond. Comprámos os 2 com a garantia que se estivesse mau tempo os poderíamos reagendar ou seríamos reembolsados. Ganhamos um tour extra à volta da ilha que terminaria numa loja de jóias. Ainda obrigámos o representante a ligar para o Shooting Range para saber as condições. Era o que esperava, preços exorbitantes, mas armas interessantes. Temos mesmo que ir!

Despachámos o gajo da agência e fomos para o quarto acompanhados por 2 bagageiros empenhados na caça à gorjeta. Tiveram azar pois só lhes demos 20 THB. O quarto cheira a mofo. Isto deve-se ao facto de toda a casa de banho e o chão serem de cimento nu Nem sequer se deram a trabalho de o pintar ou pôr um tapete para disfarçar. Foda-se! As paredes do quarto, apesar de pintadas, são de betão rugoso. Todo o hotel transmite a ideia de que ainda não estava pronto no dia da inauguração, mas abriu na mesma e assim se tem mantido ao logo de pelo menos 2 anos. Pelo menos tem Internet gratuita e da boa. Daquela que até dá para ver vídeos do Youtube.

Almoçámos num restaurante ali perto onde comemos comida tailandesa e fomos enganados. No papel da conta vinham indicados 540 THB, colocámos 600 e ficámos à espera do troco que nunca veio. Reclamámos e trouxeram-nos o papel da conta com o valor emendado para 440 e disseram-nos que como tínhamos posto a mais pensavam que era gorjeta. Retirámos os 100 THB a mais e saímos para não mais voltar. Resolvemos passar a tarde numa das 11 piscinas do hotel. As piscinas são muitas mas não são grande coisa.




Quando entrámos estava um sol radioso e muito calor, mas passadas apenas alguns minutos começou a cair uma chuvada daquelas cujos pingos até magoavam a cabeça. Quando a chuva abrandou saímos da piscina, recolhemos as tolhas encharcadas e fomos refugiar-nos no quarto. Tomámos duche para aquecer e esperámos pela hora de jantar.

Munidos dos casacos de chuva saímos para jantar no Natalie's, onde voltaríamos mais vezes. A Vaselina ainda comeu comida tailandesa, mas eu optei por uma pizza. O pessoal foi extremamente simpático. Depois do jantar e debaixo da ameaça de greve de sexo, a Vaselina arrastou-me pelas barracas de venda de bugigangas para comprar prendas para a família e amigos.

Ao regressarmos ao hotel fui finalmente recompensado com sexo com fartura e algum sono também.




Dia 12 - 24-05-2012 - Phuket

Acordámos com mau tempo intercalado com períodos de muito mau tempo. Enquanto tomávamos o pequeno almoço, íamos tentando decidir se adiávamos a ida às ilhas Phi Phi ou se avançávamos. Tal como acontece da maior parte das vezes que esforço o cérebro, deu-me uma daquelas diarreias que mal tive tempo de chegar ao quarto.

Quando regressei ao lobby já lá estava o motorista adiantado e mal disposto. Atirou connosco para dentro da Toyota Hiace, salta para o lugar do condutor e conduziu freneticamente pelas ruas da ilha enquanto recolheu outros turistas espalhados por diferentes hotéis. Este ritmo alucinante e mal humorado continuou até nos deixar no cais.

No cais já esperava uma multidão de turistas enquanto comiam uns bolos secos e sumo. Distribuem-nos por barcos e os guias apresentam-se. Recomendam-nos que vamos ao WC, mas não nos dão tempo para tal. Ainda sem sabermos muito bem o que nos estava a acontecer, metem-nos dentro da lancha rápida com um impermeável vestido e zarpamos rumo à tormenta.

Tormenta? Sim! Eu não vos disse que quando entrámos para a lancha estávamos no meio de uma trovoada descomunal? Assim daquelas com relâmpagos, trovões e tudo. Confesso que fiquei logo mal disposto com a tripulação com o facto de não ter nos ter dado uma explicação ou de ter perguntado se queríamos adiar o tour devido ao mau tempo. Este tour custou 3500 THB por pessoa. São muitos THB para desperdiçar num mau dia.




Quem também ficou mal disposta foi a vizinha do lado da Vaselina que, pouco tempo depois de termos começado a andar, começou a ficar branca e lavada em lágrimas. O mar estava agitado devido ao mau tempo e o capitão, no lugar de reduzir um pouco a velocidade, continuava de prego, ligeiramente acima dos 100 km/h. Esta combinação de mar e velocidade faria com que o barco saltasse regularmente nas ondas e se abatesse com toda a violência no mar, parecendo que a sua estrutura não fosse aguentar os impactos violentos. Já percebi porque é que desaconselham isto a grávidas...

Tudo isto fez com que cada vez mais gente fosse ficando com má cara e sorrisos amarelos. A Vaselina apertava a minha mão com toda a força e fincava os dedos nos meus calções de tal forma que o meu maior medo passou a ser o de sair dali nu. Esta tormenta durou 40 longos minutos até que chegamos à mais pequena das ilhas Phi Phi, a Phi Phi Ley.

O barco deixou-nos na praia, num desembarque algo perigoso devido à ondulação e ancorou afastado da praia, na baía onde foi filmado o filme "A Praia". Os guias não nos deixaram levar sapatos ao desembarcar, o que dificultou o passeio pedestre de 10 minutos que fizemos.




Com os pés todos magoados do passeio, ainda tivemos uns minutos para nadar um pouco na água quente da praia. Apesar da temperatura da água, que devia rondar os 26º, havia muito poucas pessoas dentro de água. O tempo mantinha-se encoberto, mas já não chovia nem trovejava. O areal é curto, mas a areia é fina e branca. Demos alguns pontapés em rochas submersas.

Voltámos a meter-nos no barco para um percurso curto até outra baía, na ilha Phi Phi Don, sem praia onde pudemos saltar do barco e nadar um pouco. Apesar do tempo, a água está maravilhosa. Aqui, quase todos os turistas se atiraram à água. Já que ali estavam, mas valia aproveitarem. Fora de água, no barco, não estava calor nenhum.

Nova viagem de barco, desta vez mais curta, para mais uma paragem, desta vez para snorkeling. Pela primeira vez numa destas atividades distribuíram pés-de-pato no lugar de barbatanas como deve ser. É mais difícil nadar com os pés-de-pato, mas mais prático andar a subir e descer do barco. Devido ao mau tempo a visibilidade debaixo de água não é grande coisa. Estamos por cima  um recife de coral pobrezinho e despido. A tripulação atira comida para atrair dezenas de pequenos peixes coloridos. As correntes de pensamento que dizem que não se deve interferir com a natureza ainda não chegaram aqui.





Mais uma voltinha de lancha rápida seguida de nova paragem para observar uma espécie de macacos que está perfeitamente adaptada à vida na ilha. Estes pequenos macacos nadam graciosamente nas águas quentes. Quando sentem os barcos a aproximar-se penduram-se na extremidade dos ramos e ficam à espera da comida que os tripulantes e turistas lhes lançam. Os mais afoitos saltam para os barcos para saudar os turistas e comer banana. É preciso ter cuidado pois estes mordem e roubam coisas. São macacos pequenos, mas têm dentes grandes. De barriga cheia, saltam para a água e nadam para terra.

Depois de várias viagens pequenas tínhamos agora uma longa e tortuosa viagem de 30 minutos até outra ilha onde iríamos almoçar num restaurante "privado" da empresa que nos estava a fornecer o tour. Será que é desta que fico sem calções? Não foi... A comida tinha pouca variedade, era manhosa e toda com picante e pimentos. Para piorar as coisas, as bebidas não estavam incluídas, para além do chá e do café. Nós acompanhamos o almoço com chá. Já tinha pago uma pipa de massa pelo tour não íamos estar a dar mais dinheiro a estes animais.

O ultimo ponto de paragem deste tour foi uma pequena ilha em forma de ovo onde ficámos cerca de 90 minutos, depois de uma agonizante viagem de lancha rápida. Antes de abandonarmos o barco a tripulação farta-se de nos aconselhar para levarmos carteira pois há varias lojas e bares na ilha. Claro que nós não a levamos. Não queríamos nada. Passeámos um pouco pela ilha, nadámos na praia cheia de vidros de garrafa e pedaços de coral que magoam quase tanto e descansámos nas espreguiçadeiras. Felizmente que levámos as sandálias.





Apesar dos vidros e corais que infestam a areia, o cenário é paradisíaco, a areia é branca e fina e a água é queeeente, muito queeente. No horizonte veem-se outras pequenas ilhas e barcos. Pela primeira vez durante todo o dia, o Sol brilha por entre as nuvens.

Enquanto descansávamos numa espreguiçadeira, o guia veio tentar impingir-nos o vídeo da viagem que custava 1600 THB. Nem sei como conseguimos manter cara séria quando nos disse o preço. Recusámos educadamente, apesar de nos apetecer gritar uns quantos palavrões. Só ficámos com alguma pena porque o cameraman (ou cabrãoman, como se diz em alentejano) era um verdadeiro acrobata, filmando em posições  inacreditáveis e passado de um lado para o outro do barco a cerca de 100 km/h por cima do teto de lona.

Ainda antes de embarcar deram-nos um questionário de satisfação para preencher, onde lhes dissemos das boas. Na viagem de regresso, a tripulação despediu-se e colocou uma caixa para gorjetas no centro do barco. Para nosso espanto toda a gente lá colocou entre 100 a 200 THB. Esta gente é parva? Será que fomos só nos que sentimos ter sido tratados como gado? Não demos gorjeta!




Depois de atracarmos, os guias ainda nos disseram que quem quisesse podia ir buscar gelados ao edifício principal enquanto esperava pelo transfer. Dirigimo-nos ao funcionário esperando receber um Magnum e qual não foi a nossa desilusão quando nos deram uns gelados minúsculos, de gelo, e com sabor a cola. Apesar da desilusão e de não gostarmos de Coca Cola, comemos os gelados até ao fim.

Na viagem de regresso ao hotel, o motorista já estava de bom humor e a viagem decorreu sem incidentes. Terminámos o dia na piscina do hotel, uma vez mais, debaixo de chuva.

Jantámos num restaurante ali perto, chamado Tomato onde eu chateei a cabeça aos funcionários para me indicarem o caminho para a  carreira de tiro de Kata Beach. Nenhum conhecia a dita carreira. Nem sequer ler um mapa sabiam. O que vale é que a Internet, no hotel me indicou uma alternativa. Depois de mais um jantar de pizza, comprámos as bugigangas e postais para a família e amigos e regressámos ao hotel para sexo à bruta e sono também a bruta. E se eu gosto de sono à bruta.




Dia 13 – 25-05-2012 - Phuket
Acordámos cedo, para não variar muito e preparámo-nos para o tour à baía de Phang Nga, onde fica a famosa ilha do James Bond. A sala do pequeno-almoço parecia abandonada. Não se via vivalma e nem sinal da comida ou dos funcionários. Olhámos varias vezes para os relógios enquanto esperámos que acontecesse alguma coisa. Finalmente, mais de 20 minutos após a hora oficial de abertura lá foi começando a chegar a comida. O que vale é que nós vamos ainda tínhamos bastante tempo antes de nos virem buscar.

A carrinha que nos veio buscar era uma Toyota Hiace igual a todas as outras que prestam este tipo de serviços mas, as semelhanças com as suas congéneres acabam aqui, na marca e modelo. Toda a carroçaria foi modificada com Tupperware para lhe conferir um ar mais desportivo. Se o exterior já foi alvo de uma grande dose de tunning, o interior é um mundo à parte. Todo o interior é forrado a pele preta e vermelha, com um sistema de som que faria corar de vergonha muitas discotecas. Há luzinhas que nunca mais acabam. Ah e já falei nos bancos e volante desportivo? Nem quero imaginar quanto custou todo aquele xunning e mau gosto. Isto começa bem…

A provar que as aparências iludem, o motorista, foi sempre extremamente educado, cordial e muito civilizado a conduzir, ao contrario do motorista do dia anterior. Fizemos mais umas paragens noutros hotéis para recolher mais turistas. O facto do dia começar solarengo também estava a ajudar o nosso bom humor. Ainda por cima sabíamos que hoje já não nos íamos meter num speed boat que mais parecia uma montanha russa.




O motorista parou na berma da estrada e conduziu-nos, a pé, até um cais com aspeto manhoso e velho, onde fomos muito bem recebidos pela tripulação. Esperámos uns minutos até que todos os turistas chegassem e dirigimo-nos para um barco com aspeto ainda mais velho que o cais. Este não era certamente um speed boat e ainda bem que não.

O guia apresentou-se a si e à tripulação e fez um pequeno briefing do programa para o dia. Desde logo começou a oferecer bebidas e a pôr-nos à vontade. Muitos membros da tripulação vieram apresentar-se e falar um pouco com cada um dos turistas para os tentar conhecer melhor. Ouvimos o guia principal dizer a uns turistas que tinha perdido a mulher no tsunami de 2004.

Dadas as dimensões deste navio, o desembarque nos locais a visitar seria sempre feito usando uma canoa insuflável. Foi atribuído um canoeiro (isto diz-se?) a cada grupo de 2 ou 3 pessoas que se apresentou e forneceu um saco à prova de água para que lá colocassem as máquinas fotográficas e outras coisas que quisessem levar na canoa. A nós calhou-nos um miúdo tímido, de poucas palavras, com poucos conhecimentos de inglês, mas muito simpático, sempre a oferecer-se para nos tirar fotografias.





Devido ao facto de a maré estar a subir, tivemos que fazer a 1ª paragem numa pequena ilha alta e escarpada com uma concavidade no seu centro. Pensem no formato de um donut  para perceberem a forma da ilha. Entrámos, de canoa, por uma pequena gruta muito escura e baixa. Na maré alta, esta gruta fica completamente submersa. No interior da ilha, vemos vegetação típica de um mangal. E uma espécie de lagoa com cerca de 50 cm de profundidade e água turva e escura. Muitos turistas abandonam as canoas e passeiam por ali com água pelo joelho. Nós aproveitámos a oferta do canoeiro para nos fotografar e aproveitámos também para não pôr os pés fora da canoa. Regressámos ao navio mãe pela mesma gruta escura e claustrofóbica.

Depois de todas as canoas terem regressado à nave mãe, partimos para a próxima ilha a poucos minutos de distância. Ali, novo desembarque escorregadio para a canoa e nova gruta. Esta já era uma gruta mais ampla, com uma estalagmite que se parece com a imagem do Buda e com outra em formato de cupido. Esta gruta tem 2 aberturas pelo que saímos pela extremidade oposta, onde vimos várias ilhotas minúsculas, uma das quais que faz lembrar remotamente a ilha do James Bond e, por isso mesmo, é chamada de ilha do James Bond II. Estes gajos têm uma imaginação…

Por esta altura o tempo começa a piorar mas, apesar do céu nublado, salta à vista a grande beleza da paisagem. É mesmo um cenário paradisíaco. Pouco depois de termos regressado à nave mãe, começa a chover. Vêm-se alguns turistas de outros barcos a passear de canoa com guarda-chuvas. Logo que a última canoa descarrega os seus turistas a bordo o barco parte para a ilha do James Bond, numa viagem com duração de cerca de 40 minutos.




Durante a viagem abate-se uma tempestade tremenda sobre nós. A tripulação rapidamente fecha o barco com coberturas plásticas, mas estas não chegam até ao chão e entram litros de água fria pelo espaço entre a base dos bancos e o chão. Temos que pôr as roupas e mochilas em cima da mesa para não ficarem encharcadas. Quando toda a gente começa a tremer de frio, nós vestimos calmamente os nossos casacos de chuva e recostamo-nos no banco à espera que passe. Nunca os nossos casacos foram tão elogiados… Ainda bem que os levámos…

O tempo melhorou bastante quando nos aproximámos da ilha do James Bond. Acham que lhe posso chamar JB para poupar trabalho? E acham que eu quero saber a vossa opinião sobre este assunto? Ainda bem que já esclarecemos isto. Quando desembarcámos na ilha do JB o vento já tinha parado e caíam apenas uns ligeiros chuviscos. Passeámos um pouco pela ilha. Tirámos várias fotografias com a famosa ilha calcária ao fundo. O nosso guia oferecia-se constantemente para nos fotografar e nós aproveitávamo-nos disso.

Quem também se aproveitava do nosso guia eram quase todos os outros turistas que ali se encontravam naquela altura. Tínhamos que esperar um tempo infinito que o guia fotografasse todos os que lhe pediam. Fiquei desconfiado que o guia não se importava que algumas das turistas se aproveitassem dele e até mesmo que levassem as coisas mais a fundo.




No final do trilho por onde os turistas podem andar, está uma espécie de praia, de cascalho onde, apesar do tempo, vimos pessoas a nadar. Aqui estão também inúmeras barraquinhas de venda de merdas. Aproveitei para dar uma mija no WC mais estranho onde alguma vez mijei. Trata-se de uma reentrância na rocha, a céu aberto, com uma cagadeira a um canto e uma porta que não fecha. WTF?

Regressámos ao barco pelo mesmo caminho. Das vezes anteriores fomos dos primeiros a chegar mas, como esta paragem era a última antes de almoço, já lá estava toda a gente, à nossa espera. Foi só sentarmo-nos e começar a comer. Ao contrário do que seria de esperar, a comida era mais abundante que a do dia anterior e mais saborosa também. Estes gajos estão de parabéns. Ainda por cima podíamos beber todas as bebidas não alcoólicas que quiséssemos sem pagar mais por isso.

Pouco tempo depois de terminarmos o almoço, ancorámos no último ponto de paragem deste tour. Uma ilha de dimensões generosas, se comparada com a maioria das que tínhamos visitado nos dias anteriores. Aqui tínhamos duas hipóteses, ou íamos para um barzinho de praia beber mines ou despíamos os casacos de chuva, ignorávamos os chuviscos e íamos para o mar. Apesar de não se ver mais ninguém dentro de água, escolhemos a segunda. No exterior estava desagradável, mas dentro de água parecia que estávamos no paraíso. Durante quase 20 minutos tivemos a praia toda só para nós. À medida que foram chegando mais barcos à ilha foram também aparecendo mais corajosos que se aventuraram dentro de água.





Só saímos de dentro de água quando o nosso canoeiro nos chamou, dizendo que tínhamos que regressar. Logo que saltámos da canoa para o barco, corremos para as toalhas que tínhamos trazido do hotel e secámo-nos vigorosamente. Que friiiio.

Na viagem de regresso a tripulação despediu-se de cada turista individualmente. O chefe da expedição disse que se tivéssemos gostado do serviço podíamos dar uma gorjeta ao nosso canoeiro, sempre de forma simples e cordial, sem a pressão do dia anterior para dar gorjeta. Nós demos 100 THB ao nosso, que bem os mereceu. Só temos coisa boas a dizer deste tour. Um bom exemplo de profissionalismo e serviço de qualidade.

Na viagem de regresso ao hotel não fomos na carrinha tunning que nos tinha trazido de manhã. À nossa espera estava uma carrinha com o motorista e respetiva família, a mulher e duas filhas pequenas que nos observavam descaradamente e se riam de e para nós.

Ao chegar ao hotel, entregámos as toalhas encharcadas e imundas na receção e aproveitamos para dar mais um mergulho na piscina, onde ficámos até não conseguir aguentar mais o clima desagradável que se sentia no exterior.




No quarto tomámos um banho quente e preparámos o dia seguinte, que tinha como principal objetivo fazer um tour pela ilha e dar uns tiros numa carreira de tiro, da parte da tarde. Depois de andar pelos fóruns e pelo Google decidi-me pelo Shooting Café no centro comercial Jungceylon de Patong. Optámos por este por ficar numa localização mais conveniente e por ter uma variedade superior de armas, mas acho que existem melhores alternativas, com carreiras de tiro ao ar livre fora das povoações.

Voltámos a jantar comida tailandesa num restaurante perto do nosso hotel e passeámos um pouco pelas barracas de vendas em busca de uma pilha para o meu Swatch de férias que tende a ficar sem pilhas sempre nesse grande país que é o estrangeiro. Talvez isto se deva ao facto de eu só o usar em férias, mas que diabo, ele está sempre a trabalhar mesmo quando está guardado numa gaveta em casa. Antes de dormir ainda houve energia e desejo para uma boa sessão de motocross alentejano.





Dia 14 – 26-05-2012 - Phuket

Voltámos a acordar cedo para nos prepararmos para um tour pela ilha. Desta vez o pequeno-almoço já estava servido quando lá chegámos.

À hora marcada lá estavam o guia e respetivo motorista para nos recolher. Na carrinha já estavam alguns dos turistas que iam neste tour. Fizemos apenas mais uma paragem para recolher um jovem casal indiano. O guia mostrou-se sempre extremamente simpático e atencioso. Só é pena falar tão mal inglês.

Todo o tour da ilha se concentrou na parte mais a sul da mesma. O primeiro ponto de paragem foi numa colina a 10 minutos do nosso hotel, de onde podíamos observar 3 das mais famosas praias de Phuket (Karon, Kata Beach e Kata Noi Beach). No topo da colina existe um monumento com uma imagem do Buda e com uma vista bastante boa. Aproveitei a paragem de 10 minutos para ir ao WC, onde me cobraram 5 THB. Perto do estacionamento está uma carrinha de caixa aberta com duas enormes águias reais para os turistas tirarem fotografias.




O ponto de paragem seguinte foi no cabo Phromthep, um dos pontos preferidos dos turistas para verem o pôr do sol. Este é o ponto mais a sul da ilha e aloja também um farol que serve de auxilio à navegação e serve também como museu, alojando uma pequena exposição de artefactos marítimos. Aqui existem também um monumento religioso, meio budista meio hindú, onde os fiéis depositam estátuas de elefantes, para pagar promessas. Estão lá centenas delas a cercar o monumento. Vimos alguns fiéis a rezar fervorosamente. Estivemos aqui parados cerca de 20 minutos.

A paragem seguinte foi feita no ponto mais alto da ilha, onde se encontra o Big Budha. Esta imagem de mármore com 45 metros de altura é a maior imagem de Buda de toda a Tailândia. Apesar de ainda estar em fase de construção, já merece uma visita, pela vista interessante que oferece sobre a parte Sul da ilha. Na base da estátua fica uma espécie de templo, onde se podem ver placards de cortiça com notas doadas de todo o mundo. Também la está uma antiga nota portuguesa de 500 paus. Depois de se olhar para estes placards, fica-se logo a perceber a quem se reza aqui.

Depois de cerca de 30 minutos no Big Budha dirigimo-nos para o templo de Chalong (Wat Chalong), um impressionante templo budista, quase ao nível dos que vimos em Bangkok. Este é o templo mais importante da ilha e é dedicado a 2 monges budistas que ajudaram a população durante uma revolta numa mina ali próxima. Estes monges estão retratados num pequeno edifício no recinto do templo. À semelhança deste, muitos templos têm imagens dos monges importantes em cera ou fibra de vidro, nos altares, na posição de lotus.




Também como forma de homenagem, vários populares queimam fogo de artifício e pequenas bombinhas para lembrar os tiros disparados nos dias que durou a revolta. Quanto mais ouvia o barulho das bombas, mais vontade tinha que aquilo acabasse para nos irmos meter na carreira de tiro. Ainda por cima já me tinham feito descalçar outra vez para ver as figuras dos monges pelo que já estava mal disposto. Recusei-me a entrar noutro qualquer edifício do recinto. Já estava mesmo farto de tirar os sapatos por tudo e por nada.

Depois do que me pareceu uma eternidade, lá seguimos viagem até à Gems Gallery. Como já sabíamos que tínhamos esta seca, preparámos ma estratégia. Mal o vendedor com pose de nazi se aproximasse para nos começar a pressionar, dizíamos-lhe logo que já tínhamos comprado tudo em Bangkok e que não estávamos interessados. A nossa estratégia só falhou num ponto. Não veio vendedor nenhum...

À chegada fomos recebidos por várias empregadas que nos deram as boas vindas e nos serviram sumos. Pouco tempo depois conduziram-nos a uma sala de cinema onde nos mostraram um filme sobre pedras preciosas e sobre a Gems Gallery. Em seguida, conduziram-nos à sala de exposições, por onde deambulámos à nossa vontade sem sermos assediados. Muito bem!




Depois de darmos uma mija, dirigimo-nos ao guia para nos despedirmos e dizer que queríamos transporte para o centro comercial Jungceylon. Indicou-nos uma carrinha onde esperámos até que entrassem mais 2 casais.

Final a carrinha começou a andar até ao mítico Jungceylon shopping mall, local onde se encontra o Shooting Café. A viagem durou pouco mais de 15 minutos, mas pareceu durar horas. Poucos segundos depois de entrarmos no centro, enquanto procurávamos um local para almoçar, avistei o Shooting Café, no rés do chão, junto à área da restauração, mas como não nos apetecia comer chumbo, optámos por ir primeiro a uma pizaria.

Adivinhem o que comemos na pizaria. Se disseram cozido à portuguesa, erraram. Depois de engolir à pressa o almoço, atravessámos a rua que nos separava do Shooting Café e entrámos enquanto que se abatia um dilúvio de proporções épicas lá fora. Fui fazendo jogo de cintura enquanto deixava que os funcionários me “convencessem” a experimentar.

Conduziram-nos a uma vitrina que me fez crescer mais água na boca que a melhor gelataria do mundo ou a montra de uma pastelaria de luxo. Havia lá inúmeros revólveres e pistolas semi-automáticas. Ao lado, na carreira de tiro havia também à escolha caçadeiras pump e carabinas de calibre .22 LR. Como já tinha disparado uma carabina Ruger 10/22 resolvi cagar nas carabinas, inclusive numa réplica da H&K MP5 em .22 LR. Caguei também nas caçadeiras pois já tenho bastantes tiros de calibre 12.




A primeira arma que escolhi foi um revólver Smith & Wesson de calibre .357 Magnum. Primeira cavadela, minhoca. Estava avariado. Uma mola partida. Foda-se! Fiquei-me por um Smith & Wesson Model 60, no calibre .38 Special. Não era a mesma coisa, mas era o melhor que conseguia.

A segunda arma que escolhi foi uma Colt 1911 Series 80, no calibre .45 ACP. Queria perceber a razão de toda a algazarra em torno das 1911 e do calibre .45 ACP. Qualquer americano que se preze adora este tipo de armas e este calibre. Continuo sem perceber, mas pelo menos já o experimentei...

A terceira arma que escolhi foi a Beretta 92 FS, em calibre 9mm Parabellum, usada pelas forças armadas dos EUA. É uma arma icónica, cópia descarada da Walther P38, corrigindo apenas os defeitos que esta tinha.

Cada arma tinha incluídas no preço 10 munições. Para ver se conseguia um desconto fartei-me de os chatear, até que se renderam e me fizeram um desconto insignificante se comprasse mais 10 munições de 9 mm Parabellum. O preço final ficou em 3300 THB por 40 tiros. Estamos a falar de 85€. Um valor obsceno, mas que apesar de tudo valeu bem a pena. Foi o ponto alto da viagem para mim, não porque a viagem não tivesse sido boa, mas porque atirar me dá muuuuito prazer.

Os funcionários da carreira estavam com vontade de nos por a andar dali para fora o mais rapidamente possível, mas não tiveram sorte nenhuma. Começámos por tirar fotografias às armas. Depois disso eu insisti em ser eu a fazer tudo, inclusive colocar as munições nos carregadores.




Comecei pelo revólver que apenas tinha capacidade para 5 munições no tambor. Já tinha disparado anteriormente um revólver, mas nada que se pareça com este. O que me impressionou de sobremaneira não foi o coice ou a potência do cartucho, mas sim o gatilho. Tem um gatilho tão leve e preciso, em ação simples, como o de uma arma de competição. Disparei vários tiros sem me aperceber. Bastava encostar o dedo ao gatilho e o tiro saía. Impressionante! É aquilo que os americanos chamam de “hair trigger”. Se a ação simples impressiona, a ação dupla impressiona ainda mais. Apesar do logo curso que o gatilho tem que percorrer, é um movimento muito suave, contínuo e sem necessitar de muita força. Esta arma em ação dupla permite alcançar melhores resultados que muitas outras em ação simples.

A Vaselina não a quis experimentar. Para quem não quer, há muito! Nunca achei piada a revólveres, mas este conseguiu mudar completamente a minha opinião sobre este tipo de armas que eu considerava antiquadas e obsoletas. As munições usadas são recarregadas manualmente pelos funcionários e estes usam cargas muito ligeiras para baixarem custos e para serem mais fáceis de disparar. Nenhuma das armas experimentadas dá um grande coice. Sente-se, mas é mínimo.





Em seguida veio a mais almejada, a Colt 1911. A expectativa não podia ser maior. Para os mais desatentos, o 1911 no modelo, quer mesmo dizer que esta arma foi desenhada em 1911. Um desenho que se manteve ativo durante mais de 100 anos e que ainda hoje continua a ser produzido, melhorado e venerado por uma legião imensa de fãs. Desenhada por John Moses Browning, o maior génio de sempre da indústria armeira. As minhas mãos tremiam ligeiramente ao começar a inserir as munições no carregador.

Depois de carregar 7 munições (o carregador leva 8, mas 3 destinavam-se à Vaselina), insiro o carregador na empunhadura, levo e corrediça à frente e alinho as miras com o alvo. Puxo o gatilho e... a desilusão! As 1911 têm fama de ter gatilhos excecionais, mas este deixa muito a desejar, principalmente depois de ter experimentado o do revólver. Continuo sem perceber a razão de tamanha agitação em torno desta arma. No ano 1911 era um desenho inovador, mas nos dias que correm considero-as meras relíquias. Os resultados no alvo também não foram famosos. Isto ainda é mais grave devido à fama de bom gatilho que a 1911 tem. A Vaselina disparou os restantes 3 tiros e também não achou nada de especial.




Chegava agora a vez da Beretta 92 FS. Em produção desde 1975, foi adotada em 1985 pelas forças armadas dos EUA. Com alguns aspetos do seu desenho copiados descaradamente da Walther P38, esta arma é, basicamente, uma P38 com esteroides. A grosso modo podemos dizer que a Beretta pegou em todas as qualidades da P38 e lhe corrigiu os defeitos mais óbvios, nomeadamente a pouca capacidade do carregador, a posição do botão de retenção do carregador e, quer dizer, e mais nada. A P38 ainda hoje não tem assim tantos defeitos. Guardo um especial carinho para com a P38 pois foi a primeira arma de fogo que alguma vez disparei e ainda por cima, com bons resultados. Imaginem a minha expectativa quando termino de inserir as munições no carregador, coloco o carregador na arma, a carrego e me preparo para disparar. Não a testei em ação dupla. Em ação simples os resultados não foram nada de especial. Estava à espera de um gatilho preciso e um pouco mais leve. Também já sabia que a arma era grande e pesada, mas não estava à espera de tanto, ainda por cima, uma arma com aquelas dimensões e peso só tem capacidade para 15 +1 munições!?

A Vaselina disparou 3 tiros e também não ficou impressionada. Eu fiquei claramente desiludido. Não estou a dizer que acho esta arma má, nem sequer inferior à P38, apenas digo que estava à espera de muuuuuito melhor! Gosto que a Vaselina efetue uns disparos com as armas para poder justificar os maus resultados nos alvos. Os tiros mais afastados foram todos culpa da Vaselina! Em abono da verdade, tenho que admitir que a Vaselina dispara muito bem e, muitas vezes, melhor que eu.




Para disparar as últimas 10 munições, o funcionário do Shooting café trouxe-me uma Glock 17. Esta é uma arma que concorre diretamente com a Beretta 92 FS. Trata-se de uma pistola de serviço, de dimensões generosas, que são consideradas standard para adoção por parte das forças armadas. Apesar das dimensões serem idênticas às da 92 FS, o peso é muito inferior, mesmo completamente carregada com 17 + 1 munições. Isto deve-se ao facto de ser uma arma de plástico. Na verdade, foi a primeira arma construída em polímero da história.

Ainda mais impressionante é o facto de ter sido desenhada por um engenheiro que não tinha experiência nenhuma no desenvolvimento de armas de fogo. A sua especialidade eram, e ainda são, os polímeros sintéticos ou, por outras palavras o plástico ou Tupperware. Esta foi uma arma revolucionaria, não só por ser fabricada em plástico, mas também pelo seu sistema de seguranças automáticas, dispensando dispositivos de segurança manual e simplificando a sua utilização, mantendo elevados padrões de segurança. Se tiver que descrever as Glock em duas palavras, tenho que dizer “Glock Perfection”. Só é pena as putas das armas serem tão feias. Foda-se! Será que não podiam ter tido um pouco mais de cuidado com a aparência?

Conheço as Glock há quase 20 anos e só consegui começar a gostar delas há cerca de 2, altura em que disparei uma Glock 19 pela primeira vez. Depois de ver como operavam e de voltar a ler sobre elas, consegui abstrair-me do facto de serem horrendas e passei a adorá-las. Como eu era burro naquela altura. Hoje ainda sou, mas acho que já não sou tanto. Como é que se pode não gostar de uma arma só pelo facto de ser muito, muito feia? Passei do 8 para o 80. Como já tinha alguma experiência a disparar Glocks, consegui bons resultados no último alvo, apesar do gatilho ser pior que o da Beretta em ação simples. Como estava a conseguir bons resultados e a desfrutar da arma, disparei os 10 tiros e fingi que me tinha esquecido de deixar 3 para a Vaselina.





Terminadas as munições que tinha comprado, ainda me tentaram convencer a experimentar mais umas armas, mas sem sucesso. Se quiser alimentar chulos, vou às putas. E por falar em putas, não é que estes filhos da puta não me deixaram trazer os casquilhos das munições que disparei. Por mais que insistisse não me deixaram trazê-los. Que montes de merda!

Saímos do Shooting Café frustrados mas, apesar de tudo satisfeitos. O dilúvio já tinha passado. Por todo o lado víamos gente a tentar canalizar para as sarjetas a água dos rios e lagos que se tinham formado durante o dilúvio. Resolvemos dar mais uma volta pelo centro comercial e comer um gelado para comemorar.

Quando nos fartámos do centro comercial, negociámos o preço de um táxi e fomos para o hotel para terminar a tarde na piscina. Usámos os PCs do Lobby para fazer o check-in on-line nos voos do dia seguinte. As funcionárias deixaram-nos imprimir os cartões de embarque e não nos cobraram absolutamente nada. Antes de jantar ainda aproveitei para fotografar os alvos e deitá-los para o lixo. Jantámos no mesmo restaurante da noite anterior e fodemos no quarto da noite anterior, o nosso. Dormimos como suínos.





Dia 15 – 27-05-2012 – Phuket – Bangkok – Doha

Apesar de não termos nada planeado para a parte da manhã, acordámos relativamente cedo para irmos dar um salto à praia. Estávamos a 5 minutos a pé, da praia, e ainda não tínhamos lá ido.

Depois do pequeno-almoço tomado, devidamente equipados, partimos em direção à praia. Apesar de o clima estar melhor, ainda não estava propriamente agradável na praia. Isso não dissuadiu as dezenas de turistas russas que já lá se encontravam, com os seus biquínis fio dental. Aparentemente não tinham frio. A água estava quente, como não podia deixar de ser, mas tinha forte ondulação o que nos levou a não entrar.

Quando nos fartámos da praia, regressámos ao hotel, onde a Vaselina ainda quis dar mais um mergulho na piscina. Eu fiquei pelo quarto a preparar as coisas para sairmos. Colocámos tudo dentro das malas e fizemos o check-out. Aproveitámos o tempo que ainda tínhamos antes do transfer para o aeroporto para almoçar no Natalie's. A empregada que achávamos muito simpática, obrigou-nos a prometer que voltaríamos a Phuket no ano seguinte. Eu nunca tive problemas em mentir descaradamente. Ainda tirou uma fotografia connosco para não se esquecer de nós. Claro que a deve ter apagado poucos minutos depois de termos dobrado a esquina.




Chegámos ao hotel ao mesmo tempo que o nosso transfer. A viagem para o aeroporto demorou cerca de 45 minutos, durante os quais íamos conversando com o guia e o seu inglês macarrónico. O guia levou-nos ao check-in e despediu-se depois de termos completado o processo de check-in e de termos despachado a bagagem. Apontou-nos a porta das partidas internacionais. Claro que nós ignorámos o conselho e fomos na direção das partidas nacionais. Afinal ainda íamos a Bangkok e só depois teríamos o voo internacional. Estes guias não percebem nada disto... ou será que percebem?

Ao chegar à porta que dá acesso às partidas nacionais, a segurança disse-nos que nos tínhamos que dirigir às partidas internacionais. Foda-se! Afinal o gajo tinha razão. Cumpridas as formalidades com a imigração. Mal entrámos na zona segura do aeroporto, fomos imediatamente à procura do lounge da Bangkok Airways que... não existia. Ainda por cima o voo atrasou quase uma hora. E nós ali à seca, sem Internet. Aproveitei para trabalhar um pouco neste relato. Apesar do atraso, o voo decorreu sem problemas e conseguimos apanhar o voo seguinte para Doha.

Em Bangkok ainda tivemos umas horas de espera que deram oportunidade à Vaselina para gastar os últimos THB que tinha, em bugigangas e merdas. O voo para Doha decorreu dentro da normalidade para um voo da Qatar Airways, o que se pode considerar muito acima da média e da normalidade se comparado com um voo numa companhia ocidental. O estado do avião, o equipamento, a qualidade de comida e do serviço estão muito acima daquilo a que estamos habituados na Europa e América. Infelizmente a Qatar não me paga para lhes fazer publicidade.





Dia 15 – 27-05-2012 – Phuket – Bangkok – Doha

Apenas estivemos em Doha tempo suficiente para passar no controlo de segurança e de dar uma mija. O voo seguinte voltou a estar à altura daquilo a que estamos habituados sempre que voamos com a Qatar.

Chegámos a Milão, ainda o aeroporto de Malpensa dormia profundamente. Tivemos inclusive que esperar que o segurança que opera o detetor de metais acordasse para nos controlar. Em seguida, encontrámos o funcionário de imigração mais antipático de todo o sempre e que mal olhou para os nossos passaportes.

Navegámos pelos corredores abandonados até à nossa sala de embarque, onde esperámos e esperámos e esperámos pelo nosso voo até Lisboa. Tivemos tempo para ver um filme, para dormir e para trabalhar neste relato. Foram quase 5 h de seca. Ainda por cima num aeroporto velho e antipático.

O voo de regresso, na Portugália, partiu a horas e decorreu sem incidentes. Que saudades da Qatar Airways! À chegada a Lisboa, recolhemos as bagagens, passámos a alfândega e reencontrámo-nos com os tios da Vaselina que nos foram buscar. É uma sensação maravilhosa ter pessoas amigas à nossa espera na sala das chegadas.





The end.


E lembrem-se, não se deixem apanhar.


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