segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Rússia


Factos:

Federação Russa

Capital: Moscovo

Língua Oficial: Russo

Presidente (2011): Dmitriy Anatolyevich Medvedev

População: 138 739 892 (Estimativa de Julho de 2011)

Moeda: Rublo

Fuso Horário: UTC +3h.

Electricidade: 220V, 50Hz.








Independência: 24-08-1991 (da URSS).

Esperança média de vida: 66 anos

Alfabetização: 99,4%

Quando ir: Todo o ano. O clima é mais ameno (época alta) entre os meses de Junho e Agosto em S. Petersburgo e Moscovo.

Clima: A Rússia domina quase metade da Europa e um terço da Ásia, desta forma é difícil caracterizar o clima de forma resumida.

Para mais informações consulta o site http://wikitravel.org/pt/Rússia#b

Perigos e Chatices: S. Petersburgo e Moscovo são tão perigosas como Londres ou New York.
Há relatos de grupos de crianças que rodeiam um ou dois turistas com dezenas de mão em busca de objectos de valor nos bolsos e mochilas.
Existe também a possibilidade da polícia abordar os turistas a pedir os documentos e alegar uma irregularidade qualquer em busca de subornos. Esta possibilidade é mais elevada junto à fachada da Moskovsky Voksal em S. Petersburgo.



Mais uma viagem há muito aguardada com o objectivo de conhecer o maior país do mundo, um dos grandes protagonistas da guerra fria. Está na hora de olhar o monstro vermelho nos olhos e enfrentar o grande papão comunista que devorava criancinhas.




À semelhança da viagem à Austrália e Nova Zelândia, também vou aproveitar para escrever o relato nos tempos mortos que for tendo, nos aeroportos ou à espera que a Vaselina saia do WC. Para dizer a verdade, estas linhas estão a ser escritas 4 dias antes do embarque, tal não é a vontade de sair e mudar de ares. No lugar do netbook que levámos na viagem anterior, desta vez apenas vamos levar um iPad da 1ª geração de 16 GB com 3G. Iremos usar a aplicação “Pages” para iPad para escrever o relato. Vamos ver se o iPad consegue substituir um PC convenientemente ou se não passa de um gadget inútil.

Os equipamentos fotográficos que vamos usar vão ser exactamente os mesmos que levamos na viagem anterior (a crise toca a todos) ou seja, a sempre fiel Nikon D300 com a objectiva 18-200mm da Nikon e o flash SB400 que é a minha máquina principal. A Vaselina vai fotografar com a Panasonic GF-1 com lente de 20mm fixa. Como backup, temos a Olympus u700 e as suas fotos de má qualidade. Nesta viagem, vamos também usar os iPhones como equipamento fotográfico, não para a fotografia propriamente dita, mas como marcadores geográficos. A técnica consiste em tirar uma fotografia com o iPhone em todos os locais a assinalar para guardar as coordenadas GPS na meta data da imagem. Mais tarde no iPhoto, copiam-se as coordenadas para todas as outras fotos tiradas no mesmo local. Vamos ver se funciona bem. Vamos também usar o iPhone para fazer pequenos vídeos pois o iPhone 4 filma em HD, a 720p.




Dia 0 - 05-09-2011 – Lisboa – Frankfurt – São Petersburgo... err... Lisboa - Budapeste - São Petersburgo

Pela primeira vez desde sempre, fizemos o check-in online para o voo de partida e respectivo voo de ligação. Fizemos fotocópias dos vistos para não termos que andar com os passaportes na rua. Só falta mesmo despachar as bagagens e isso, infelizmente, não se pode fazer online. Somos os maiores!

Como já tínhamos muitas das formalidades feitas, saímos de casa no relax, pouco mais de 2h antes da partida, ao contrário das 3h habituais. Chegados ao aeroporto encontramos filas enormes para o check-in e entrega de bagagem. Não havia problema ainda tínhamos quase 2h antes do voo. Optámos pela fila do check-in para tentar despachar logo as bagagens para o destino final. Quase uma hora depois, ao chegar a nossa vez no balcão a Vaselina apercebe-se que não temos passaportes... Tinham ficado no scanner no dia anterior, quando tiramos as fotocópias dos vistos. Foi o pânico!



Decidimos que a Vaselina ia a casa tentar buscar os passaportes, enquanto eu ficaria com as bagagens, no aeroporto. Com alguma sorte, ainda dava... Ou não. A Vaselina correu o mais rapidamente que conseguiu, meteu-se num táxi e cerca de 30 minutos depois estava de regresso com os famigerados passaportes. Dirigimo-nos directamente ao balcão de check-in, onde tudo parecia demorar eternidades e, onde a funcionária tentou fazer o que pode, mas não nos conseguiu meter no voo apesar de ainda faltarem 40 minutos para a partida.

Ainda há pouco tempo éramos os maiores e agora, pela primeira vez tínhamos perdido um voo por incompetência. Lindo... Uma grande lição de humildade!

A funcionária do check-in encaminhou-nos para o balcão de apoio ao cliente e disse-nos para nos justificarmos com a fila enorme que havia para check-in para ver se nos arranjavam uma alternativa. Assim fizemos e, 1h depois, outra funcionária extremamente competente conseguiu-nos uma alternativa por Budapeste que partia às 10:10h.




Desta vez o check-in decorreu sem problemas, despachamos as bagagens até ao destino final, mas não conseguimos lugares juntos nem fazer o check-in no voo de ligação. Para complicar um pouco as coisas, o voo atrasou e não conseguimos que nenhum dos passageiros que estavam nos lugares ao nosso lado trocasse para que fossemos juntos. Pelo contrário, eu é que tive que trocar de lugar para que um casal ficasse junto mas, com esta troca apenas me consegui aproximar uma fila da Vaselina. O som e a sensação de potência de um avião a descolar é algo que me consegue sempre arrancar um sorriso de orelha a orelha. Já estamos a voar e não tivemos que pagar mais por isso!

Enquanto escrevo estas linhas ainda estamos no voo da TAP para Budapeste com grandes probabilidades de não conseguirmos apanhar o voo de ligação e com a quase certeza de não conseguimos lugares juntos no voo. O drama continua! Pelo menos as hospedeiras são bonitas, apesar de pouco experientes. As mais novas parecem saber tanto da profissão como eu...




A Malev conseguiu impressionar-nos pela positiva pela qualidade do serviço prestado e simpatia do pessoal a bordo; só não impressionou pela beleza das hospedeiras pois a maioria é do género masculino e ostenta bigode, um deles tem sérias semelhanças com o Einstein mas, com aparência menos lunática. Este ainda me deu os parabéns por ter arranjado o cinto de segurança do meu lugar. Se o avião não cair (ainda estamos a bordo ao escrever isto), vamos voltar a voar com eles num futura oportunidade.

Pois é, parece que aterrámos em segurança, uma aterragem suave, com direito a palmas e tudo. No aeroporto, algo estranho, vi varias funcionárias da emigração a sorrirem para os passageiros. Isto é estranho para qualquer funcionário de emigração e ainda mais para um russo que cujo estereotipo é ser antipático. Calculámos que estariam felizes por terem acabado de deportar aqueles infelizes para a Sibéria. A funcionária que nos atendeu não sorriu, parecia feita de pedra. Não fomos para a Sibéria! Na sala de chegadas estava o nosso motorista, um russo de nome Anatoli, que nos conduziu à carrinha e nos deixou no hotel, sempre com poucas palavras e ainda menos sorrisos.




O hotel Park Inn (****) fica na Goncharnaya ulitsa (rua), mesmo ao lado da Moskovsky Voksal (estação ferroviária de Moscovo), numa rua diagonal à Nevsky Prospekt, a avenida principal de S. Petersburgo. O check-in decorreu sem problemas, ficaram com os passaportes na recepção para tratarem do registo junto das autoridades governamentais. Os passaportes serão devolvidos no dia seguinte.

Ainda tivemos energia para ir a um restaurante na Nevsky Prospekt onde os funcionários se revelaram simpáticos e prestáveis, mas não perceberam uma palavra do que dissemos em inglês. Entendemo-nos usando linguagem gestual e pagamos com alguns rublos que os tios da Vaselina nos tinham dado. Ainda hoje não sei bem o que comi, mas era delicioso. A Vaselina também gostou da comida dela.

Regressamos ao hotel, onde ainda arranjámos energia para fazer amor e dormimos o sono dos justos até as 06:00h do dia seguinte.




Dia 1 - 06-09-2011 - S. Petersburgo

Acordamos às 06:00h da manhã para fazer um pouco da walking tour que o Lonely Planet recomendava e que começava a poucos km do nosso hotel. Descemos a avenida Nevsky até meio e daí tentámos navegar até à catedral de S. Isaac. A navegação revelou-se muito mais fácil do que esperávamos pois os nomes das ruas estão em cirílico e em alfabeto romano (em letra muito pequena). Apesar disto o trajecto demorou um pouco mais de uma hora a completar. Parámos pelo caminho para comprar uma garrafa de água e para usar o WC. Mais uma vez a empregada, jovem, não falava uma palavra de inglês. Este é o país ideal para os que não fazem turismo no estrangeiro por não falarem inglês ou castelhano. Não aconselhamos que se beba água da torneira pois, pode conter giardia lamblia que é um perigoso parasita intestinal.

Finalmente chegamos à praça da catedral, uma praça enorme com a catedral num extremo e com o palácio Marinsky no outro. A catedral é de uma opulência indescritível, com a sua cúpula dourada como expoente máximo do luxo. Diz o ditado que nem tudo o que luz é ouro. Não é o caso, na Rússia, tudo o que luz é mesmo ouro, quilos e quilos de ouro, espalhado pelas cúpulas dos vários edifícios. Viva o luxo! Cada coluna é construída a partir de um único bloco de granito.




Optamos por não entrar na catedral pois, no dia seguinte, tínhamos um tour panorâmico pela cidade e, um dos pontos desse tour era a catedral. Optamos por não gastar dinheiro e tempo no bilhete. Contornamos a catedral e fomos descansar um pouco nos jardins do almirantado, ali perto, onde passeiam também varias turmas escolares das mais variadas idades. São um espaço agradável, mas não são particularmente bonitos nem merecem uma visita dedicada, sem ser para descansar as pernas.

Voltamos a consultar o mapa que nos deram no hotel e começamos a rumar na direcção da fortaleza de Pedro e Paulo, onde tencionávamos passar a maior parte do nosso dia. Pelo caminho passamos pela lateral do palácio de inverno, pelas colunas Rostral, onde parámos um pouco para admirar a vista dos palácios, da cidade em geral e para ver os hydrofoils que vão para o Peterhoff, demorando apenas 25 minutos na viagem que, de automóvel demora cerca de uma hora. Por esta altura ouvimos o tiro de canhão que é disparado diariamente, ao meio-dia.

Decoradas com proas de barco, as colunas Rostral tinham como objectivo servirem de faróis, ainda hoje são acesas em ocasiões especiais.





Atravessamos, finalmente a ultima ponte que nos separava da ilha onde esta edificada a fortaleza de S. Pedro e S. Paulo. Decidimos almoçar antes de entrar e aproveitámos um quiosque para comer 2 cachorros com batatas fritas. As salsichas eram rijinhas, assim como alguns de vós gostam. Contornamos a muralha até encontrar uma porta de entrada, e qual não é o nosso espanto quando vemos uma praia, com gente de fato de banho e tudo. No exterior estavam cerca de 16ºC, nem quero imaginar a temperatura da água. Vimos inclusive pessoas com água até aos joelhos.

Já na fortaleza, entrámos em vários edifícios até percebermos que havia um edifício com a bilheteira, onde se compravam os bilhetes para as várias atracções Neste edifício está exposto o bote onde Pedro, o grande aprendeu a velejar. Decidimos comprar o bilhete que incluía todas as atracções da fortaleza. Esta fortaleza sofreu graves danos resultantes do cerco alemão a Leninegrado, mas foi completamente restaurada no pós-guerra.

A primeira das atracções que visitamos foi a catedral de S. Pedro e S. Paulo, onde estão sepultados quase todos os czares. Junto com os bilhetes deram-nos um mapa da fortaleza e um mapa dos túmulos, dentro da catedral. Procurei a sepultura de Ivan IV, o terrível, mas esta não estava no mapa. Ivan esta sepultado nesta catedral, mas o seu túmulo não está acessível ao publico. Foda-se!




As igrejas ortodoxas têm uma área reservada aos fiéis, um iconostasis a servir de separação entes esta e a área sagrada, com o altar. Ivan, o terrível está sepultado na área sagrada da catedral. Já disse que as missas ortodoxas duram cerca de 3h e que as igrejas não tem bancos?

Depois de ultrapassado o dissabor, consegui apreciar a beleza da catedral, decorada com bom gosto e ouro, muito ouro, no estilo barroco. O arquitecto que concebeu a igreja construiu um púlpito que não se usa nas igrejas ortodoxas. Prestamos homenagem a Pedro, o grande e a Catarina, a grande e saímos para apreciar a vista exterior da catedral, com a sua torre, coberta de outro que e que é a estrutura mais alta da cidade, com 123 m de altura. O anjo segurando uma cruz que se encontra no topo desta torre é um dos símbolos de S. Petersburgo.

Daqui seguimos para uma exposição de instrumentos de tortura medievais, onde descobri que, o nosso bilhete tudo incluído não incluía aquela exposição. Passámos para o edifício da prisão que funcionou como um cárcere político onde estiveram presos muitos dos envolvidos nas revoltas que se seguiram ao domingo sangrento. Aqui estiveram também presos Trotsky e o irmão mais velho de Lenine, Aleksandr Ulyanov. As condições são extraordinariamente boas, com celas individuais, amplas e aquecidas. Quase que consegui imaginar todos aqueles comunistas, ali, a apanhar sabonetes.





Depois da prisão fomos forçados a fazer uma paragem técnica no WC e, qual não foi o nosso espanto, ao descobrir que o nosso bilhete tudo incluído não incluía idas ao WC. Estas eram pagas, a 20 rublos cada mijadela. Foda-se! São cerca de 0,40€! Por este preço temos direito a mijar para fora.

Depois deste contratempo fomos para o arsenal onde, adivinharam, o nosso bilhete tudo incluído também não incluía esta exposição. Não há problema vamos fazer o passeio panorâmico em cima das muralhas... ou não... também não estava incluído. Já um bocado chateados fomos visitar apenas as exposições que estavam indicadas no nosso bilhete.

Uma das que conseguimos ver foi a da história da fortaleza que não tem nada digno de nota, mas onde uma das funcionárias foi simpática e nos explicou num inglês medonho que a figura de anjo que se podia ver numa das salas era uma réplica da que se encontra no cimo da torre da catedral. Imediatamente a seguir, uma família russa ofereceu-se para nos tirar uma fotografia junto ao anjo. Acho que, nesta altura já podemos concluir que os russos são simpáticos e que sorriem genuinamente desinteressados. Chamem os mythbusters temos que acabar com o mito dos russos antipáticos.




Em seguida visitámos a casa do comandante onde estava a acontecer uma cerimónia oficial. Apesar disto conseguimos entrar e visitar a exposição. Por esta altura já estávamos bastante cansados e aproveitámos para dormitar alguns segundos numas cadeiras.

A última exposição a que tínhamos direito, era o museu da exploração  espacial e da tecnologia de foguetes. Apesar de quase não haver informação escrita, pode perceber-se como evoluiu a tecnologia de foguetes na Rússia, podem apreciar-se vários motores dos foguetões usados na conquista espacial russa (Vostok e Soyuz) e uma réplica do Sputnik. A Vaselina dormiu quase todo o tempo que estivemos neste museu e conseguiu mesmo incomodar os vigilantes com o seu ressonar.

Eu já estava exausto, com dores nos pés e pernas, mas ainda queria ir aos campos de Marte, onde arde a chama eterna em memória a todas as vítimas das guerras e revoluções. Aqui estão sepultados muitos dos heróis da revolução bolchevique. Atravessei pela relva só pelo prazer de pisar as suas sepulturas.




Aqui o meu grau de exaustão já era extremo e fomos forçados a parar uns minutos que eu aproveitei para dormitar. Quando consegui arranjar energia para me arrastar na viagem de regresso ao hotel partimos passando pelo exterior da lindíssima igreja do Salvador sobre o sangue derramado, cujo nome oficial é Igreja da Ressurreição. Nem o seu magnífico exterior me deu forças para visitar o interior. Teria que ficar para outro dia. Continuamos na direcção da Nevsky Prospekt onde, mais tarde, jantámos no Chicken Kebab. Aqui as empregadas, apesar de simpatiquíssimas e sorridentes, tinham uma característica estranha, falavam e compreendiam inglês. Que coisa fantástica comunicar, pela primeira vez, verbalmente. Que bem sabia não ter que gesticular e apontar para o que se quer comer.

Saímos do restaurante a arrastar os pés em busca de uma geladaria para comer a sobremesa. Os cerca de 3km que nos separavam do hotel pareceram 30 mas, finalmente, chegámos. Como não encontramos nada que se parecesse com uma geladaria na avenida principal da cidade, resolvemos comer uma sobremesa qualquer no mesmo restaurante onde tínhamos jantado no dia anterior. Depois da sobremesa, sexo e cama.





Dia 2 - 07-09-2011 - S. Petersburgo

Voltamos a acordar as 06:00h para estamos prontos para sair as 09:00h. É triste, mas é verdade. A essa hora começou o tour panorâmico pela cidade... Quer dizer... Começou 15 minutos depois porque um casal brasileiro que ia fazer o tour connosco se atrasou. O tour começou pela catedral de S. Isaac que estava fechada neste dia. Tivemos 10 minutos para explorar a praça e ir mijar ao hotel Astoria. Ambos tivemos uma sensação de dejá vu por causa do dia anterior.

O ponto seguinte do tour foi a catedral de S. Nicolau onde estava a decorrer serviço religioso e onde pudemos constatar que o padre executa toda a cerimónia de costas para os fiéis. Esta igreja, menos opulenta que as que vimos anteriormente, mas de uma beleza extrema. As suas paredes interiores pintadas com enorme bom gosto e elegância. Algo indescritível para um analfabeto como eu.



Esta catedral, também conhecida por igreja dos marinheiros, foi a única em toda a cidade, que manteve as suas portas abertas à prática religiosa durante o período soviético. Isto deveu-se ao facto dos marinheiros se recusarem a ir para o mar sem antes passar por uma igreja e rezar.

O próximo ponto de paragem foi junto às colunas Rostral, de novo a sensação de dejá vu. Daqui contornamos a fortaleza de Pedro e Paulo e parámos perto de uma casa que pertenceu a Pedro, o grande. Esta era uma simples casa, com dimensões reduzidas e sem decoração exuberante. Pedro era um homem simples, não precisava de luxos. Aos 25 anos de idade, Pedro, já coroado imperador, trabalhou algum tempo na Holanda, nos estaleiros navais, incógnito e nas mesmas condições que os restantes trabalhadores navais. O objectivo era aprender todas as etapas da construção de navios militares.

Perto desta casa, está uma loja enorme de bugigangas onde pudemos ir ao WC. Não tivemos tempo de visitar a casa.




Esta sensação de dejá vu repetiu-se ao chegarmos à fortaleza de Pedro e Paulo... E ao visitarmos a catedral com o mesmo nome. Claro que o guia nos explicou muitas coisas que não vinham escritas no Lonely Planet e que nos passaram ao lado na visita do dia anterior. Um bom exemplo disto é o facto de não termos visto a “vala comum” onde sepultaram os últimos membros da família Romanov que foram mortos pelos bolcheviques em Julho de 1918. Voltei a perguntar pelo túmulo do Ivan, o terrível, mas não deu mesmo para o ver. O guia confirmou as minhas suspeitas. Não era possível visitar a área que se encontra atrás do iconostasis. Mais tarde, ao reler o Lonely Planet com mais atenção, percebi que o corpo de Ivan se encontra em Moscovo e não aqui.

Este foi o último ponto de paragem. O tour ainda continuou pelos campos de Marte e pela igreja do Salvador sobre o sangue derramado, mas sem paragens. Nesta zona teríamos 1:30h para almoço. Tirámos mais umas fotos da igreja e procurámos restaurante. Optámos por um self-service, onde a Vaselina comeu um prato de salmão e eu comi frango Kiev que é um prato típico. O restaurante tinha internet pelo que aproveitamos o tempo para ver e responder a emails e para procurar um espectáculo nocturno no palácio Yusupov, onde foi planeada a morte de Rasputin e onde esta cena esta recriada. Não havia nenhum espectáculo nocturno pelo que acabamos por não visitar este palácio com grande pena nossa.

O senhor Yusupov tinha 53 palácios muitos dos quais na cidade. Só no tour do panorâmico da cidade passámos por 3 deles. O edifício que ainda hoje é conhecido por palácio Yusupov e, onde foi assassinado Rasputin é um edifício amarelo na margem do rio Moika.





Grigori Rasputin, um camponês auto-proclamado santo, obteve um poder extremo junto da família real russa conseguindo manipular algumas decisões do próprio czar e tornou-se uma séria ameaça para os nobres da corte. A 16 de Dezembro de 1916, um grupo de nobres liderados por Félix Yusupov convidou Rasputin para o palácio. Este foi levado para a adega, onde lhe serviram comida abundantemente regada com vinho misturado com cianeto que daria para matar 5 homens. Segundo testemunhos da época, Rasputin praticava mitridatismo e não foi afectado pelo veneno. Como plano B Yusupov deu-lhe 4 tiros nas costas. Ao verificarem que este ainda se tentava levantar, optaram por lhe bater com um pau até à inconsciência. Cortaram-lhe o pénis (que actualmente está exposição no museu do sexo de S. Petersburgo), amarraram-no, embrulharam o corpo numa carpete e atiraram-no às águas geladas do rio Neva. Rasputin ainda se conseguiria soltar, mas acabaria por morrer afogado. O resultado da autópsia, que poderia confirmar estes factos, desapareceu durante o reinado de Joseph Stalin bem como todos os que o haviam visto…

Depois de almoço ficámos novamente à espera do casal de brasileiros (Débora e Gilberto) e da sua amiga Sónia. Lá chegaram com 15 minutos de atraso e, finalmente, partimos em direcção ao Hermitage.




O Hermitage está alojado no palácio de inverno dos czares, mandado construir por Isabel com 1000 quartos. Catarina II, a grande, mandou construir um edifício anexo para expor as colecções de arte que foi adquirindo ao longo da vida. Chamou-lhe o meu Hermitage (o nome é uma palavra de origem francesa que significa retiro, refúgio ou santuário) e, apenas ela lá podia entrar e apreciar as obras. Mais tarde mandou construir outro edifício anexo com o mesmo objectivo para acomodar o crescimento da colecção. O primeiro edifício anexo ficou conhecido como o pequeno Hermitage e o segundo como o grande Hermitage.

Não é possível levar líquidos para a zona de exposição do museu. Isto deve-se ao facto de, em Junho de 1985, o quadro “Danae” de Rembrandt ter sido atacado com uma garrafa de água contendo ácido sulfúrico e com duas facadas por um homem que foi, mais tarde, considerado louco.




Aqui vimos várias obras-primas da pintura, entre as quais 2 dos 12 quadros de Leonardo da Vinci, falámos das técnicas usadas na concepção de algumas obras, tais como os enormes jarrões de lápis-lazúli que parecem feitos de um único bloco de pedra, mas que são, de facto, fruto da montagem de pequenos pedaços de pedra, como se de um lego se tratasse. Presenciei mais um episódio da simpatia russa ao tirar fotografias a uma múmia egípcia quando, ao lado, estava um enorme sinal a proibi-lo. A vigilante chamou-me a atenção com um sorriso e não me obrigou a apagar a fotografia.

Regressamos ao hotel após a visita ao Hermitage. Jantámos cedo para dormirmos um pouco e irmos ver o levantar das pontes levadiças perto do Hermitage às 01:35h. Quando o despertador tocou, as 00:45h nenhum de nós teve vontade de ver as pontes. Nem sequer fizemos o amor, viramo-nos para o outro lado e dormimos como porcos.





Dia 3 - 08-09-2011 - S. Petersburgo – Palácio de Peterhof - Tsarskoye Selo

Voltámos a acordar as 6h para estarmos prontos às 09:00h. Esperamos mais um pouco pelos nossos amigos brasileiros mas, desta vez, menos tempo. Partimos com cerca de 10 minutos de atraso para uma viagem que iria demorar cerca de 45. Pelo caminho o guia foi falando da história do cerco nazi a Leninegrado (S. Petersburgo), do típico hábito russo de ter uma dasha ou casa de campo para fugir da cidade, ao fim de semana. Por norma as dashas são pequenas casas de madeira, mas a de Vladimir Putine, faz inveja a muitos dos palácios dos czares.

Ao chegar ao estacionamento do Peterhoff, o guia sugere que usemos o WC pois os do Peterhof estão muitas vezes congestionados. Cada ida ao WC custa 20 rublos. Foda-se! O guia não paga. Depois de todos mudarem a água às azeitonas ou, como se diz em brasileiro, tirarem a água do joelho, seguimos em direcção ao palácio.

Peterhof significa, em alemão, o jardim de Pedro, e é um conjunto de palácios e jardins mandados edificar por Pedro, o grande com o objectivo de ser rivalizar com os mais faustosos palácios da Europa ocidental. Também conhecido com o Versailles russo, este complexo tem vista para o golfo da Finlândia e para o mar Báltico.



Quem deu ao palácio a sua actual magnificência foi a filha de Pedro, Isabel I da Rússia, que ficou conhecida como a gastadora, que encarregou o arquitecto italiano Bartolomeo Rastrelli de fazer obras de ampliação e decorar tudo com ouro, muito ouro, quilos de ouro, nas cúpulas, nas salas, nas fontes, nas estátuas…

Durante a 2ª Guerra Mundial, o palácio e seus jardins foram completamente destruídos. Muitas das suas obras foram retiradas antes da chegada dos alemães, mas houve algumas estátuas nos jardins que ficaram para trás e foram pilhadas ou destruídas. Após o final da guerra, o palácio foi construído de raiz segundo os planos originais.

Depois de visitado o interior do palácio, passeamos um pouco pelo jardim. Tanto o palácio como o jardim foram criados para serem a Versailles russa. São bonitos e majestosos, mas não têm a magnificência de Versailles. Ao fundo do jardim, há um pequeno palacete, de nome Momplaisir que foi construído para Pedro, o grande, muito simples e rústico, com um mirador à beira mar, junto ao golfo do Finlândia, de onde este contemplava o mar e observava a Suécia. A esquerda, do outro lado do golfo pode ver-se Helsínquia na Finlândia e Tallinn na Estónia. Existe um porto onde atracam os hydrofoils que vêem de S. Petersburgo.




No jardim existem também duas fontes-surpresa, com a forma de bancos. Imaginem a surpresa que alguém que se passeava no jardim tinha, ao sentar-se num destes bancos e apanhar com um jacto de água gelada nas costas. No final do verão já faz frio nesta zona do globo.

Apesar de todo este esplendor, acho que a visita a este palácio é desnecessária caso se pretenda visitar o palácio de Catarina. Para piorar as coisas, não se pode fotografar no interior do Peterhof enquanto tal é permitido no palácio de Catarina. Este, com a sua sala de âmbar é em tudo superior ao Peterhof, mas já lá vamos…

Depois de terminada a visita guiada, o guia deu-nos quase 2h para explorarmos melhor os jardins e almoçarmos. Os brasileiros aproveitaram o tempo para fazer compras nas barracas fora do palácio. Nós demos mais uma volta pelos jardins, tiramos fotos junto à cascata artificial e das estátuas douradas, chateamos os muitos esquilos que correm pelo parque e fomos almoçar.

Ao almoço, já fora das instalações do palácio, provamos os famosos crepes russos, com os mais variados recheios. Comemos um como prato principal e outro como, doce, como sobremesa. Antes de nos juntarmos ao grupo fomos outra vez aliviar a bexiga… e a carteira. Xulos!



O palácio de Catarina fica a cerca de 40 minutos do Peterhoff. A nossa carrinha parou imediatamente atrás de um Maybach! É tão feio quanto parece nas fotos e vídeos que tinha visto dele, mas é um dos expoentes máximos do luxo sobre rodas. Não deixa de ser irónico que veja este carro pela primeira vez num país onde há poucos anos se praticava o comunismo à bruta. Em Moscovo vi outro destes carros em frente de um hotel.

O palácio de Catarina era a residência de Verão dos czares da Rússia. Construído inicialmente para Catarina I, mulher de Pedro I, o grande, foi alvo de contínuas modernizações, expansões e até mesmo de uma completa reconstrução, ordenada por Isabel I. Neste reconstrução foram usados 100 kg de ouro só na sua fachada.

Este palácio, à semelhança do Peterhof, foi totalmente destruído pelos confrontos da 2ª guerra mundial e foi novamente reconstruído com base nos planos originais. Muitas das suas obras foram salvas antes da chegada dos alemães, mas houve várias que ficaram, para sempre, perdidas ou destruídas. Entre muitos dos objectos que foram salvos podemos apreciar caixas onde os nobres guardavam as pulgas e os piolhos que ia retirando do seu corpo. Catarina, a grande, tinha o hábito de dormir com um cão, para que os parasitas deixassem o seu corpo e se fossem instalar no do animal por este ter uma temperatura corporal mais alta. Alguém lhe deveria ter dito que um bom banho também ajudava.




No seu interior, somos brindados com uma sucessão de salas ordenadas por ordem crescente de luxo e sumptuosidade. Começando com várias salas decoradas com ouro, uma decorada com papel de alumínio (sim, é esse mesmo papel de alumínio que todos nós usamos na cozinha mas, que na altura era mais caro de obter que o ouro) e que atinge o seu expoente máximo na sala de âmbar.

Classificada por alguns como a 8ª maravilha do mundo, a sala de âmbar foi oferecida pelo rei da Prússia, Friedrich Wilhelm I a Pedro, o grande para selar uma aliança entre os 2 países. Tem 55 m2 e mais de 6 toneladas de âmbar! A sala foi emparedada pelos soviéticos antes da chegada dos alemães, mas estes descobriram-na e roubaram todo o seu conteúdo. Ainda hoje não se sabe o seu paradeiro havendo, no entanto, muitas teorias sobre ela. A sala que se vê hoje é uma reprodução da antiga. Como não se pode fotografá-la, sugiro que tentem algumas fotos através da porta, antes de entrar na mesma.




Depois de terminada a visita ao palácio, regressamos a S. Petersburgo, capital da Rússia até à revolução bolchevique e pedimos ao Stanislau para nos deixar perto da catedral de S. Isaac para visitarmos o seu interior. Como tínhamos pouco tempo para fazer a visita e regressar ao hotel, resolvemos visitar apenas o interior e não subir à colunata. Segundo o Lonely Planet a vista da colunata é maravilhosa e foi um erro grande da nossa parte não a termos visto.



Ao comprar os bilhetes para o museu, deixei cair uma nota de 1000 rublos para uma área inacessível, mas a funcionária do guichet recuperou-ma e ainda conseguiu esboçar um sorriso. O interior da catedral não fica a dever nada em esplendor ao seu exterior no entanto, aquilo de museu tem pouco. Há apenas umas poucas placas com quase nenhuma informação e quase não há objectos expostos. O que há, e muitas, são bancas de vendas de bugigangas e souvenirs. Cristo expulsou os vendedores e os cambiadores de dinheiro do templo de Herodes mas isso não ensinou quem gere aquela igreja, que pertence à igreja ortodoxa russa, a não a transformar num centro comercial.

Depois da visita a catedral, aproveitamos para fazer umas fotos da fachada do palácio de inverno a partir da praça que está em frente e corremos pela avenida Nevsky para o hotel, onde tínhamos que estar às 19:10h para um jantar típico russo que estava incluído no programa. Correr, aqui, é usado meramente como figura de estilo, a palavra certa seria arrastámo-nos pois a avenida tem vários kms e o cansaço continuava a acumular-se.




Conhecem aquele sketch dos Gato Fedorento em que um indivíduo pergunta a outro se sabe onde é que há gajas boas, assim daquelas mesmo boas? Ao que o outro responde que não. Eu responderia que sim. Aqui em S. Petersburgo. Em Moscovo também. Há tantas, tão bonitas, maquilhadas, perfeitamente vestidas que até se pode considerar uma obscenidade. Vi vários casos em que todo o vestuário combina com os acessórios, o iPhone e até mesmo com a cor do carro (branco e os cabelos louros). Nunca vi tantas mulheres lindas por metro quadrado.

Conseguimos chegar ao hotel mesmo a tempo de irmos ao WC e entrar na carrinha que nos levaria ao restaurante. O jantar foi em conjunto com os 3 brasileiros que sempre nos acompanharam e com um casal de australianos, de Melbourne, que já estavam em viagem há 4 semanas e ainda iam ficar mais 2, antes do casamento de um dos filhos, na Irlanda. O que espanta é que este casal já estava reformado e tinha ar de estar na casa dos 70 anos. Extremamente cultos e viajados, claro.

O jantar foi composto por uma entrada com várias iguarias, incluindo caviar e crepes, o prato principal, frango Kiev, que eu tinha comido ao almoço do dia anterior e sobremesa, um crepe doce. Logo após a chegada, antes de nos servirem qualquer comida, chegaram shots de vodka para todos. A vodka não é para bebericar, é para brindar e beber!

A noite terminou no quarto com muito sexo e algum sono.




Dia 4 - 09-09-2011 - S. Petersburgo - Moscovo.

Mais uma vez acordamos às 06:00h, tomámos o pequeno-almoço e, como os pés continuavam com bolhas e muito cansados, aventuramo-nos no metro que tem fama de ser muito complicado. Os bilhetes custaram 25 rublos cada e têm o formato de uma moeda. Só tínhamos que andar uma paragem na mesma linha, pelo que a nossa tarefa estava facilitada. Os nomes das estações estão escritos em caracteres cirílicos e em caracteres romanos o que facilitou a escolha do sentido, na linha. Afinal andar de metro em S. Petersburgo não e nada difícil nem caro.

Depois de sair na estação é que as coisas complicaram um pouco pois a estação ainda ficava um pouco longe do museu. O mapa do hotel e o nosso fiel Lonely Planet (não, infelizmente não somos patrocinados pela Lonely Planet) levaram-nos ao museu do cerco.

Durante a 2ª grande guerra, Leninegrado esteve cercada pelas forças alemãs durante 872 dias, num dos maiores e mais destrutivos cercos de toda a história. Foi também um dos que causou maior número de baixas, não só devido aos confrontos como também devido à fome e à privação de cuidados básicos de saúde.



Há várias versões dos planos que Hitler tinha para a cidade. Um dos quais era arrasá-la completamente, não deixando pedra sobre pedra, pois esta era a capital simbólica da revolução bolchevique. Diz-se que Hitler estava tão confiante na vitória que já tinha os convites impressos para a celebração no hotel Astoria (sim, aquele perto da catedral de S. Isaac, onde nos fomos mijar). Ainda bem que teve que os engolir. Seria uma pena que tivesse conseguido destruir uma das cidades mais bonitas que conheço.

Chegamos ao museu do cerco 7 minutos antes da hora de abertura mas, apesar de todos os funcionários já se encontrarem nos seus postos, obrigaram-nos a esperar até as 10:00h, a hora oficial de abertura. Deixaram-nos ir ao WC, guardar as mochilas no bengaleiro, já os bilhetes só conseguimos comprar à hora exacta de abertura. Para se poder fotografar tivemos que pagar mais 100 rublos. Achei que valeram a pena.

Quase toda a informação escrita se encontra apenas em russo mas, apesar disso, o museu vale a pena a visita pela colecção enorme de fotografias, armas e objectos quotidianos que tem em exposição. O expositor que mais impressiona é o que contem uma fatia de pão com 125 g que consistia na totalidade da ração alimentar que cada habitante recebia para um dia inteiro. Ao lado do pão estão outros objectos que a população tratava para que se tornassem comestíveis, nomeadamente cola, erva, cabedal, papel de parede, etc. Uma parte considerável da população recorreu ao canibalismo para sobreviver.




Do museu do cerco seguimos para a igreja do Salvador sobre o sangue derramado. Esta que é um dos símbolos de S. Petersburgo, deve este nome ao facto de ter sido construída no local onde foi assassinado o czar Alexandre II, que foi quem aboliu a escravatura na Rússia em 1861 e, por causa disto mesmo foi assassinado. No local do crime está um santuário em memória do czar. O interior da igreja é de uma riqueza obscena, tal como seria de esperar e, de acordo com as outras igrejas que vimos em S. Petersburgo.

Vista a igreja navegamos até à Nevsky Prospekt e procuramos um sítio para almoçar. Entramos num fast food russo e tentamos entender-nos com a empregada que só falava russo. Enquanto lutávamos contra a ementa que tinha os nomes dos pratos em inglês, um russo ofereceu-se para nos ajudar. E ainda dizem que não são simpáticos. A Vaselina escolheu um menu completo e eu escolhi apenas um crepe que estava delicioso. No menu da Vaselina vinha incluído um copo de Kvass, que é uma bebida de cor vermelha cujo sabor faz lembrar a Green Sands. Bebe-se, mas não é bem o nosso género.

Regressamos ao hotel onde esperámos o guia. Os brasileiros já lá estavam há algum tempo. Quando o guia chegou percebemos que a mala da brasileira que viajava sozinha ainda não tinha sido trazida para o lobby pelo pessoal do hotel. O guia lá foi resolver a questão enquanto ela continuou à espera. Claro que esta questão se tinha resolvido muito mais facilmente se ela tivesse trazido a sua própria mala do quarto; nós trouxemos e não nos fez mal nenhum.




Ainda esperámos um pouco pelos bagageiros da estação ferroviária que ficava ali mesmo ao lado, a Moskovsky Voksal. Os bagageiros levaram as nossas malas grandes e dirigiram-se para a estação a pé, tal como nós. Na estação, houve controlo de segurança e de passaportes quase tão apertado como o dos aeroportos. A nossa viagem até Moscovo durou 4h a bordo do SAPSAN (??????), um comboio capaz de atingir os 430 km/h, mas que apenas atinge os 230 devido a limitações dos carris. Deixamos a capital dos czares partindo em direcção à capital do comunismo e do império Soviético.

Antes de terminar o relato de S. Petersburgo tenho que vos deixar com uma piada que os mais velhos habitantes locais, alguns dos quais nunca saíram da cidade, costumam contar: “Nasci em S. Petersburgo, estudei em Petrogrado, trabalhei em Leninegrado e reformei-me em S. Petersburgo.”

Íamos virados para o sentido contrário ao do movimento e a Vaselina começou a ficar mal disposta. A sandes com maionese que comeu também não ajudou. As 4 horas de viagem passaram depressa. Ao chegarmos a Moscovo chovia de forma continuada.

À nossa espera na estação estava a mulher do Stanislau, a Catarina que, teoricamente veio a Moscovo em trabalho e apanhou boleia no nosso transfer e ficou hospedada no quarto do marido. Pessoalmente não fiquei muito convencido da viagem de trabalho, não se esqueçam que era sábado. Eu acho que veio apenas para matar saudades e que foderam até partir a mobília.




Depois do check-in, no hotel Holliday Inn (****) da rua Lesnaya, o Stanislau deu-nos algumas indicações sobre como nos orientarmos no metro e nas ruas, alertando-nos para o facto de não existirem caracteres romanos nas placas com os nomes das ruas nem no metro. Tínhamos que comparar os desenhos para nos conseguirmos orientar. Isto revelou-se quase tão fácil dito como feito.

Deixamos as malas no quarto, vestimos os casacos de neve e saímos à procura de jantar. Depois de muito andar e de nos chatearmos, encontramos um bar que servia refeições. O bar estava cheio, uma barulheira infernal, mas conseguimos arranjar mesa. A empregada, que quase não falava inglês e não primava pela simpatia, atendeu-nos de forma competente e rápida. O meu bife com molho de frutos do bosque e acompanhado com puré de batata estava delicioso. O da Vaselina tinha bom aspecto, mas ela ainda estava com o estômago irritado da sandes no comboio e mal lhe tocou. Logo que a empregada percebeu que já não queríamos mais nada, trouxe-nos a conta e, só faltou dar-nos um chuto no cagueiro... digo traseiro.

De volta ao hotel, nem houve tempo nem disposição para sexo.






Dia 5 - 10-09-2011 - Moscovo.

Acordamos as 06:00h, de novo, para estarmos prontos às 09h. Tínhamos o dia completamente preenchido com um tour pela cidade, um tour do Kremlin e um passeio de barco nocturno pelo rio Moscovo.

O Stanislau veio receber-nos e apresentar-nos à guia que nos iria acompanhar durante o dia. Esta, ao contrário do Stanislau que falava excelente castelhano, sem sotaque, falava português com um forte sotaque russo. Partimos pela cidade em direcção ao Kremlin que quer dizer, em russo, fortaleza. Nos tempos medievais, todas as cidades eram rodeadas por um Kremlin para as proteger dos inimigos e também dos animais selvagens. Com o passar dos anos as muralhas foram sendo derrubadas na maioria das cidades, para facilitar a comunicação com o centro. Moscovo é uma das poucas cidades que ainda ostenta o seu Kremlin quase intacto. Catarina, a grande, ainda o quis demolir, mas acabou por ter assuntos mais urgentes para tratar.

O autocarro deu uma volta completa ao Kremlin e parou perto da praça vermelha para que seguíssemos a pé até lá. Ao contrário do que se possa pensar o nome desta praça remonta a um período muito anterior ao comunismo. O que mais atrai olhar nesta praça, é um dos símbolos de Moscovo e de toda a Rússia, a catedral de S. Basílio. É uma explosão de cor e formas com as suas cúpulas em forma de tendas e as suas torres principais orientadas aos pontos cardeais. Próximo da entrada da catedral, está o lugar das caveiras, onde eram realizadas as execuções. Existe uma torre, na muralha do Kremlin exclusiva para o czar assistir as execuções. Ao lado dessa torre fica a torre do relógio que anuncia a hora de 15 em 15 minutos e cujo som é transmitido via rádio para todo o país.





Quase que consigo imaginar o ruído e sentir o cheiro a combustível queimado dos tanques e dos ICBMs portáteis nas grandes paradas militares. Se escutar com atenção consigo ouvir os passos dos soldados a marchar naquela calçada.

Ao fundo da praça, junto às muralhas está o mausoléu de Lenine, aquele senhor que comia criancinhas ao pequeno-almoço. Hoje não se pode visitar, mas tencionamos ir lá confirmar que ele está mesmo morto, o cabrão.

Do dado oposto às muralhas está o GUM, hoje um centro comercial que apenas comercializa as marcas mais caras e luxuosas. Este foi em tempos passados um armazém soviético de venda de todo o tipo de artigos para as massas, muitas vezes com quase todas as prateleiras vazias. Espero que aquele senhor que comia criancinhas esteja às voltas no mausoléu, ali mesmo em frente.




Daqui seguimos para a Catedral de Cristo Salvador perto do rio Moscovo que, com uma altura de 105 m, é a igreja ortodoxa mais alta do mundo. A entrada nesta igreja é gratuita pois esta está aberta à prática religiosa. Por respeito aos fiéis, não se pode fotografar no interior. Aqui vimos várias pessoas a beijar os ícones em sinal de devoção. Sim, caso estejam a pensar que o termo ícones, nos computadores vem daqui, têm razão, vem mesmo. Os ícones religiosos são quadros com as caras ou bustos dos santos, sobre um fundo de ouro, prata e pedras preciosas.

Como para o comunismo a religião é o ópio do povo, esta foi brutalmente perseguida durante o período soviético. Esta igreja é a prova disso mesmo pois foi demolida com 20 toneladas de TNT em 1931. Nikita Khrushchev ordenou a construção neste local da maior piscina aberta do mundo. A sua reconstrução baseada nos planos originais foi terminada no ano 2000. Quem diria que uma das coisas mais positivas do comunismo, o ódio à religião toca numa das coisas mais positivas da religião, o ódio ao comunismo. Afinal ambos têm coisas positivas. Quem diria?




A paragem seguinte foi na colina onde se encontra a universidade de Moscovo, um dos 7 arranha-céus edificados por Stalin e frequentemente conhecidos como as 7 irmãs. Stalin considerou um golpe moral para a URSS que a sua capital não tivesse arranha-céus tal como muitas outras capitais mundiais. Era uma vergonha que os turistas vissem Moscovo desta forma. Daqui nasceram 1 universidade, 2 hotéis, 2 edifícios para habitação e 2 edifícios governamentais.

A vista da colina dos pardais, onde se encontra universidade é magnífica. Daqui consegue-se uma boa panorâmica da cidade e, em dias claros conseguem-se ver todas as irmãs Estalinistas.

Esta zona é um dos pontos escolhidos por casais de noivos para fazer algumas das fotos do casamento. Na Rússia há casamentos (e divórcios também) todos os dias da semana e a qualquer hora do dia. Os noivos alugam uma limusine, contratam um fotógrafo profissional e andam a tirar fotografias pelos pontos mais importantes da cidade onde se casam. Toda a comitiva do casamento, cerca de 10 pessoas viaja na limusine.






O nosso tour fez uma paragem técnica numa loja de souvenirs para ida ao WC e para ver se comprávamos umas bugigangas. Mijámos mas não comprámos. Para ajudar a soltar os cordões à bolsa, deram-nos logo um shot de vodka. Vi um capacete militar da época soviética com muito bom aspecto, mas era muito grande, pesado e caro para que fizesse sentido comprá-lo. Viria a ver mais capacetes destes, mais baratos nas barracas perto do Kremlin, mas continuavam a ser grandes e pesados.

O motorista deixou-nos numa estação de metro, para terminarmos o tour com a visita a algumas estações de metro. Quase todas as estações são muito bem decoradas, a maioria delas com forte carga soviética. A que mais me impressionou foi uma com várias estátuas de bronze. Estas servem não só para embelezar a estação mas também como reserva de bronze para o país.

A última estação de metro visitada foi a Teatralnaya, que fica perto do teatro Bolshoi (que quer dizer grande), da praça vermelha e do túmulo do soldado desconhecido. Esta estação seria a que iríamos usar nos dias seguintes sempre que nos deslocássemos para a zona do Kremlin. Aqui a guia indicou-nos um centro comercial onde poderíamos almoçar.




Almoçámos no restaurante il pátio, uma pizza para cada um. A Vaselina ainda não estava bem do estômago, mas a pizza caiu-lhe bem. Aproveitamos para descansar as pernas até à hora marcada para a visita ao Kremlin. No restaurante havia Internet grátis. A única coisa chata neste centro era que as idas ao WC se pagavam, a 20 rublos cada. Tenho mesmo que fazer para fora.

À hora marcada lá estávamos nós… e a guia, mas nem sinal dos nossos amigos brasileiros. Eram tão simpáticos quanto pontuais. A guia disse-nos para irmos ver o render da guarda ao soldado desconhecido que se realiza todas as horas e nós assim fizemos. No momento do render da guarda já chovia generosamente. Depois de devidamente molhados reunimo-nos ao grupo e fomos em direcção à porta de entrada no Kremlin. Apesar dos pórticos de segurança à entrada, eu passei com a D300 dentro do casaco e ninguém me disse nada, apesar dos avisos sonoros emitidos. Por todo o lado há pórticos destes, todos apitam com a minha passagem mas ninguém se parece incomodar com isto.

Ainda com a chuva a cair sobre nós, começamos a visita ao Kremlin. A guia mostrou-nos o arsenal, com os seus 1000 canhões capturados a Napoleão aquando da sua retirada de Moscovo.

Aguardámos que a chuva abrandasse à porta do antigo Palácio de Congressos, mandado construir por Nikita Khrushchev em 1961, para as reuniões do partido comunista soviético, com o seu interior decorado com as bandeiras dos países pertencentes à URSS ou, em russo CCCP.




Logo que a chuva abrandou um pouco saímos, em passo apressado, para ver o canhão do czar, que nunca disparou um único tiro. Foi construído apenas como elemento decorativo.

O canhão aponta para o edifício que alojou, em tempos, o Soviete Supremo, de onde foi lançado o terror vermelho para todo o mundo. Infelizmente, o presidente russo trabalha neste edifício e não é possível visitá-lo. Na altura em que o visitámos este encontrava-se em obras e nem era, sequer, possível ver a sua fachada.

Do lado oposto ao canhão, para onde o seu cano esta apontado esta o edifício que em tempos alojou o soviete supremo, de onde os destinos da antiga URSS era gerida. Que pena tenho eu que o canhão não tenha disparado naquela altura.

Tiradas as fotografias junto ao canhão, continuamos a visita para a praça das catedrais, onde podemos ver 4 igrejas e um campanário, sim um edifício inteiro construído com o único propósito de servir de campanário. O bilhete de entrada no Kremlin dá acesso a todas estas catedrais, a catedral do Arcanjo Miguel, a da Anunciação, a da Assunção e a igreja dos 12 Apóstolos. O nosso tour apenas incluía 3 delas, as mais relevantes segundo a guia.




Visitámos em primeiro lugar a Catedral do Arcanjo que funcionou como necrópole para todos os czares da Rússia até a capital ter sido movida para S. Petersburgo por Pedro, o grande. Pouco depois de entrarmos nesta catedral, e de ter voltado a ler o Lonely Planet, apercebi-me que afinal Ivan, o terrível, está aqui sepultado e não em S. Petersburgo. Aqui está também o filho primogénito de Ivan que foi morto pelo pai na sequência de uma discussão familiar em que Ivan bateu com o seu ceptro na têmpora do filho o que acabou por levar à sua morte.

Ivan, o terrível foi um dos 3 czares russos que mataram os seus próprios filhos, os outros 2 foram Pedro, o grande e Estaline. Pedro deu ordem para que todos os conspiradores envolvidos na tentativa do seu assassinato fossem executados. Entre estes conspiradores estava o seu filho Alexei que sofreu o mesmo destino. Stalin, por outro lado foi o responsável indirecto pelo suicídio do seu filho Yakov, com quem nunca teve uma boa relação. Depois da sua 1ª tentativa de suicídio, com um tiro na cabeça, Stalin disse que este nem era capaz de disparar como dever ser. Yakov, foi mais tarde capturado pelo exército alemão e detido num campo de concentração, onde se atirou contra a cerca electrificada depois de ser informado que o seu pai não libertaria um general alemão em sua troca.




Uma vez mais, fui forçado a constatar que não conseguia ver o túmulo daquele que foi coroado como o 1º czar de todo o império russo, pois este encontra-se atrás do iconostasis. Nas igrejas ortodoxas, o iconostasis serve de separação entre o altar, a zona sagrada da igreja e a zona comum ou impura, onde os fiéis se encontram. O iconostasis serve, não só para impedir o acesso físico ao altar, mas também para impedir que os pecadores o possam sequer ver. Os fiéis só podem ver o altar durante a missa e na altura da quaresma quando as portas dos iconostasis são abertas.

A catedral que visitámos a seguir, foi a da Anunciação, que funcionou durante muito tempo como capela privada dos czares. Era aqui eu os czares casavam e baptizavam os seus descendentes. Mesmo após a mudança da capital para S. Petersburgo, esta continuou a ser uma das mais importantes de toda a Rússia.

A última em que entrámos foi a da Dormição ou Assunção (tenho que arranjar uma melhor tradução para isto), onde eram coroados os czares de Rússia. Aqui estão sepultados também muitos dos patriarcas (equivalentes ao Papa) da igreja ortodoxa. Quando as tropas alemãs chegaram à periferia de Moscovo, Joseph Stalin ordenou, secretamente, que se rezasse aqui, uma missa para pedir a salvação do país contra os invasores.




Quando comparadas com as igrejas e catedrais que vimos antes, estas, da praça das catedrais, são toscas, sombrias, deselegantes e medievais. Claro que, do ponto de vista histórico e arqueológico são riquíssimas, mas são uma desilusão quando comparadas com a beleza e imponência das igrejas mais modernas.

Por detrás do campanário está o sino do czar, que é o maior sino do mundo. No entanto este sino nunca tocou pois, no momento da sua construção, enquanto arrefecia depois da fundição, levou água e um pequeno pedaço de 11 toneladas separou-se, tornando-o inútil.

Sempre debaixo de chuva, saímos do Kremlin em direcção à carrinha que nos levaria de regresso ao hotel. A guia despediu-se à entrada da carrinha e apanhou o metro. Aproveitamos as quase 2h que tínhamos até ao passeio de barco, para dormir uma merecida sesta. Eu estava cansado e a Vaselina ainda não estava completamente recuperada do dia anterior.




Quando o despertador tocou, lavámos a cara e descemos para o lobby onde já se encontravam todos à nossa espera. Desta vez fomos acompanhados pelo Stanislau e pela Catarina. A carrinha deixou-nos perto do cais onde embarcámos num dos barcos turísticos mais antigos. Sentamo-nos no 1º andar, no exterior, sem medo da chuva e do frio que se fazia sentir. O tour oferece uma vista da cidade e do Kremlin a partir do rio e, apesar de proporcionar vistas bonitas da cidade, não creio que seja essencial. Tudo o que se vê do barco se consegue ver de uma das margens do rio Moscovo. Ainda por cima a distancia percorrida, de cerca de 4 km, consegue-se fazer, sem grande esforço, a pé.

Desembarcámos na paragem imediatamente a seguir ao Kremlin, onde já se encontrava a carrinha à nossa espera para nos levar de regresso ao hotel. Ainda saímos para comer qualquer coisa no Starbucks perto do hotel. A sanduíche que comprámos tinha maionese e sabia mal, a tarte também não era grande coisa, o que nos valeu foi o iogurte natural com frutos silvestres e frutos secos que era uma delícia. Nem o chá preto que escolhi me agradou. O que valeu a pena foi o WiFi gratuito que permitiu responder aos emails.

Desta vez já houve disposição para o sexo antes de dormir.




Dia 6 - 11-09-2011 – Moscovo

Acordámos à mesma hora de sempre para aproveitarmos bem um dos nossos dias livres na cidade. Depois do pequeno-almoço seguimos de metro até ao museu das forças armadas, onde se encontram entre outras coisas, os destroços de um U2 americano abatido durante a guerra fria, vários aviões e mísseis ICBM.

Não tivemos qualquer problema para chegar até ao museu. Os nossos problemas apenas começaram quando chegámos ao museu e começaram a falar connosco em russo. Conseguimos comprar os bilhetes e, após passarmos o controlo de segurança, uma funcionária falou para nós em russo durante mais de um minuto apesar da nossa cara de estupefacção. Pela primeira vez, começámos a desconfiar que nos confundiam com russos.




Demorei eternidades em frente a cada uma das vitrinas com fotografias, uniformes, armas, medalhas e objectos variados pertencentes à elite militar soviética durante a 2ª Grande Guerra. Aqui consegue-se perceber como é que os alemães perderam a guerra para o general Inverno. Enquanto os russos estavam perfeitamente preparados para os rigores do Inverno, o vestuário e calçado dos alemães era insuficiente. Para colmatar essa falha estes encontraram formas estranhas de se proteger do frio, como uma espécie de pantufas gigantes de feltro que colocavam por cima das botas e que deviam ser altamente desconfortáveis.

A Vaselina desesperava. O que lhe valeu foi que se conseguiu sentar num dos bancos do piso 1 (R/C) e descansar as pernas. Apesar de não haver uma única palavra escrita em inglês ou no alfabeto romano em todo o museu, demorei toda a manhã a vê-lo. Onde demorei menos tempo foi no jardim, onde estão expostos os helicópteros, aviões e mísseis, pois chovia a bom chover e o casaco impermeável não protegia as pernas. Antes de sairmos do museu, aproveitei para comprar uma das muitas medalhas da era soviética que se encontram à venda por todo o lado.

Quando, finalmente, a Vaselina me conseguiu arrastar para fora do museu, já passava das 13:00h e corremos para o metro para tentar ver o lago dos cisnes, no Kremlin. Saímos na estação certa mas tivemos bastante dificuldade em compreender onde se compravam os bilhetes. Após perguntar a vários locais conseguimos chegar às bilheteiras e comprar os bilhetes cujos preços variam entre 200 e 1800 rublos. Corremos para a fila de entrada no Kremlin que, àquela hora se fazia por outro lado devido ao espectáculo.




Depois de muito desesperar, conseguimos chegar ao antigo Palácio de Congressos (actualmente chamado Palácio Estatal do Kremlin), onde já estava a decorrer o espectáculo e procurar os nossos lugares no escuro. As coisas tornaram-se ainda mais ridículas quando ouvimos, pela primeira vez na Rússia, falar português de Portugal. Ouvimos isto porque nos nossos lugares estavam sentadas duas portuguesas e nos lugares atrás dos nossos estavam outras duas à procura dos seus respectivos lugares.

O espectáculo, como quase todos os ballets clássicos, tem partes excelentes e partes extremamente entediantes. Tive que travar várias batalhas brutais contra o sono. Ajudou o facto de se poder fotografar e filmar pois desta forma mantive a mente ocupada e venci a guerra contra o sono.

O ballet terminou já depois das 17h e já não foi possível dar mais uma volta pelo Kremlin e explorá-lo um pouco mais. Na verdade, também não tínhamos assim tanta vontade disso pois ainda não tínhamos comido nada desde o pequeno-almoço.





Saímos do Kremlin com passo apressado devido à chuva… e à fome e fomos para o centro comercial que se situa ali perto e, onde já tínhamos almoçado no dia anterior. Para tentar baixar custos, fomos para a zona dos self-services e escolhemos lasanha para ambos. Erro grave, fomos os dois enganados. A lasanha tinha um forte sabor a pimento e era completamente incompatível com o meu estômago. Fui a outra banca comprar duas fatias de pizza e uma nova desilusão. A Vaselina ainda tentou vencer a lasanha, mas sem grande sucesso. Resignados resolvemos desistir e tentar comer algo melhor, um pouco mais tarde.

Conseguimos arrastar as nossas pernas cansadas e molhadas até ao GUM onde explorámos os corredores com lojas obscenamente caras e tentámos comprar uns postais para enviar aos amigos e família, sem sucesso. Pelo menos deu para descansar um pouco e secar as calças.

Não consegui resistir a dar uma olhada na fachada do antigo edifício do KGB e que actualmente serve de sede ao seu sucessor, o FSB. Dizia-se, por piada, que este era o edifício mais alto de Moscovo pois, da sua cave conseguia-se ver a Sibéria. Uma pequena parte deste edifício aloja o museu do KGB, visitável apenas por marcação. Apesar de a Sibéria ser muito agradável nesta altura do ano, resolvemos não nos aproximar nem tentar entrar.




Regressámos à zona da praça vermelha para comprar uma T-Shirt publicitária ao restaurante fictício “McLenin’s” que se destinava a Abafá Palhinha, o elemento mais vermelho do Piratices e que ficou em Portugal a guardar o forte. Conseguimos também comprar os postais.

Depois das compras ainda regressámos à praça vermelha para fazer umas fotos nocturnas, mas não nos demorámos pois a chuva estava a atacar de novo, e em força. Regressámos de metro ao hotel, parando nalgumas estações para admirar a sua beleza.

No caminho entre a estação de metro e o hotel ainda parámos numa loja de produtos dietéticos para tentar comprar umas bolachas para aconchegar o estômago e uma garrafa de vodka para acompanhar… quer dizer… para oferecer a um amigo. As bolachas eram muito más e a vodka muito cara. Desta vez já houve disposição para fazer o amor antes de dormir.




Dia 7 – 12-09-2011 – Moscovo.

Acordámos à hora de sempre para nos prepararmos para visitar a exposição do Armeiro (Armory), no Kremlin. Logo após sairmos do metro começámos a ver um número extraordinariamente alto de polícias desfardados a bloquear muitos dos caminhos e passagens que se encontram abertos nos dias normais. Verificámos mais tarde que isto se deveu a uma visita do primeiro-ministro inglês, David Cameron.

Depois de muitas voltas e desvios conseguimos chegar à bilheteira do Kremlin onde, apesar de já serem 10:00h nos venderam os bilhetes para a exposição. A entrada faz-se por uma porta dedicada a esta exposição e ao Diamond Fund. Corremos para lá, onde os guardas, bem-dispostos e sorridentes, nos deixaram entrar. Deixámos os casacos no bengaleiro e corremos para a exposição.

O Armory foi o primeiro museu público de Moscovo e, hoje em dia aloja diversos tesouros imperiais, tais como 10 dos famosos ovos de Fabergé, tronos e coroas pertencentes a vários czares, coches e trenós, vestidos, mantos reais, ícones, livros decorados com ouro e pedras preciosas etc. etc. etc. Para quem fica excitado com objectos de luxo extremo, este é um lugar de orgasmos múltiplos. Infelizmente não se pode fotografar, a menos que se queira ir revelar as fotografias para a Sibéria.




Depois de vista toda a colecção saímos para decidir se íamos ou não visitar o Diamond Fund. Decidimos ir uma vez que fica no mesmo edifício e passamos pela bilheteira no caminho de saída. Aqui verificámos que além de não se poder fotografar, não se podem levar as câmaras ou qualquer equipamento electrónico, o que nos levou a hesitar e reconsiderar. Uma coisa é deixar os casacos no bengaleiro, outra é deixar as máquinas fotográficas e telefones.

Desistimos da ideia do Diamond Fund e sentámo-nos num banco a planear o que iríamos ver em seguida. Eu queria ir ao museu do Gulag, mas este fecha à segunda-feira. A Vaselina queria visitar a casa museu Liev Tolstói, mas estava fechada pois era segunda-feira. Como alternativa, tínhamos o museu de história moderna russa, mas adivinharam, fechava à segunda-feira. Reconsiderámos de novo. Íamos ao Diamond Fund. Entregámos as máquinas a uma funcionária simpatiquíssima do bengaleiro que falou connosco durante vários minutos em russo sem que nós percebêssemos uma palavra, e lá fomos nós, de novo, para a bilheteira; só para percebermos que estava fechada para almoço e que só poderíamos entrar após as 14:00h. Foda-se! Fomos forçados a reconsiderar a reconsideração que tínhamos acabado de fazer e saímos dali para não mais voltar. Quando chegámos ao bengaleiro para recuperar as nossas máquinas e casacos, a funcionária voltou a brindar-nos com mais uns minutos de russo. Apesar de lhe dizermos que não compreendíamos, ela continuava a falar e a rir-se. Aparentemente não acreditava que não a compreendíamos.




Passeámos um pouco pelos jardins do Kremlin e fomos almoçar ao centro comercial onde já tínhamos almoçado nos dias anteriores. Resolvemos não arriscar e voltar ao restaurante il pátio onde já tínhamos comido bem. Como este restaurante tem WiFi gratuito aproveitámos para fazer umas chamadas para casa via VoipBuster no iPhone, a custo zero.

Depois de almoço, deambulámos mais um pouco pelas ruas na proximidade do Kremlin em busca de mais uns souvenirs e comprámos selos numa estação de correios que se parece com uma repartição bancária, para os postais que tínhamos escrito no dia anterior. Não tivemos muita sorte com os souvenirs.

Regressámos ao hotel para descansar um pouco e planear o jantar e a noite. No hotel, utilizámos o business centre para fazer o check-in nos voos do dia seguinte. Apesar de termos trazido o iPad, não confiei nele para fazer o check-in pelo facto de não ser fácil imprimir os bilhetes a partir de lá. O check-in online não obriga à impressão dos bilhetes, mas nós preferimos ter um documento em papel que comprove os nossos lugares nos voos.




Ainda no hotel, vimos um anúncio a uma loja gigante de bugigangas na rua Arbat. Decidimos jantar nessa rua e passar pela loja depois. Mais uma vez, a Vaselina fez uma navegação excelente pelas linhas e estações de metro. Quando chegámos à loja, já era relativamente tarde e esta encontrava-se quase vazia e aconteceu uma coisa estranha. Quase todos os vendedores russos usam a técnica da estátua para convencer os seus clientes a comprar. Não se mexem, nem sequer levantam o olhar para os compradores. Alguns dominam esta técnica tão bem que nem pestanejam quando os clientes se aproximam. Dá ideia que o estereótipo que fazemos dos russos, apenas se aplica aos vendedores. Nesta loja, pelo contrário, encontrámos uma vendedora bastante agressiva. Até nos disse boa noite e tudo. Desde que chegámos, não nos largou sempre a fazer perguntas, a mostrar-nos coisas e a dizer que tudo ficava muito bem à Vaselina. Conseguiu vender-nos um gorro de pele e uma T-Shirt.

Regressámos ao hotel com o saque, fizemos amor e dormimos até ao dia seguinte.





Dia 8 – 13-09-2011 – Moscovo – Frankfurt – Lisboa

Voltámos a acordar cedo para termos tempo de visitar o mausoléu Lenine. Queria ir lá ver se o gajo estava mesmo morto. Antes de deixar o hotel, fizemos check-out e deixamos as malas na sala ao lado da recepção.

Não saímos na estação de metro habitual pois queríamos ficar mais perto do bengaleiro do Kremlin, onde temos que deixar as mochilas e todo o equipamento electrónico. Erro grave. Não é aqui que se deixa a bagagem. Lemos no Lonely Planet que as mochilas se deixavam no museu estatal de história, perto do mausoléu e da estação de metro que costumávamos usar. Dirigimo-nos para lá a pé, e entrámos no edifício. Não era ali. Continuámos às voltas ao edifício até que desistimos e nos pusemos na fila para o mausoléu. Alguém nos havia de dizer onde era. E disseram mesmo. Depois de esperarmos cerca de 15 minutos na fila, chegou a nossa vez de avançarmos e indicaram-nos uma porta diminuta no edifício do museu onde funcionava um quiosque microscópico onde por 60 rublos nos ficaram com as mochilas. A entrada no mausoléu é gratuita, mas o bengaleiro não…

Antes de entrarmos no perímetro do mausoléu, ainda tivemos que passar pelo controlo de segurança, este bastante mais apertado que todos os outros por onde passámos nos dias anteriores. A Vaselina acha que conseguia esconder uma máquina fotográfica pequena na mala de mão, mas achou que não valia o risco de ir de férias para a Sibéria.




O mausoléu foi construído em 1930 e, desde essa altura tem mantido o corpo de Lenine em exposição, aberto a todo os que lhe queiram prestar homenagem. O corpo de Estaline também aqui esteve em exposição, ao lado do de Lenine, entre os anos de 1953 e 1961, até que foi removido e sepultado na parede do Kremlin junto com outros líderes russos. O mausoléu está aberto todos os dias excepto 2ª e 6ª-feira, entre as 10:00h e as 13:00h.

Seguimos junto à parede do Kremlin sob o olhar dos muitos guardas e câmaras de segurança, passámos túmulos de muitos ilustres moscovitas e comunistas, contornámos o mausoléu e entrámos pela porta grande, a que fica virada para a praça vermelha.

Dentro o mausoléu, descemos umas escadas e entramos num ambiente sombrio e misterioso. A cada canto está um soldado em traje de gala e que mal se vê devido à pouca luz. Todo o edifício é construído em mármore e, as suas paredes espelhadas reflectem a pouca luz existente, tornado difícil calcular as distâncias e o sítio onde se devem colocar os pés.




Apesar de não parecer, as autoridades responsáveis garantem que o corpo é real e que necessita de cuidados diários para não se deteriorar. Estes cuidados envolvem manter o corpo a uma temperatura de 16ºC, humidade entre 80 e 90% e a aplicação de creme hidratante. De 18 em 18 meses o corpo é removido e é alvo de um banho químico especial. Em suma, mão-de-obra semelhante à que uma qualquer estrela de Hollywood com mais de 50 anos necessita para manter a aparência. Durante a época soviética estes cuidados eram pagos pelo estado, agora são pagos através de doações privadas.

A câmara onde se encontra o sarcófago com o corpo de Vladimir Ilyitch Uliánov, que também ficou conhecido na história como Lenine, tem o formato quadricular, estando o corpo no centro da sala. Os visitantes fazem um percurso em forma de U contornado o corpo e saindo da sala sem nunca parar. Não resisti a comentar com a Vaselina que aquilo mais parecia um boneco de plástico ou cera do que o corpo de um ser humano. Bem me arrependi! Um soldado da guarda de honra, que eu não tinha visto, grita um “Schttt” mesmo ao meu ouvido que me caiu tudo ao chão. Tudo não caiu que as cuecas ficaram sujas de cocó. Foi o maior susto da minha vida! O velho comunista já não come criancinhas, mas parece querer comer adultos de direita.

Ainda hoje não há certezas sobre a causa da morte do velho ditador canhoto em 1924. Uma das teorias diz que morreu devido a uma bala que tinha alojada no pescoço desde 1918, altura em que foi alvo de uma tentativa de assassinato. A outra teoria diz que morreu de sífilis. Apesar de o seu corpo não ter sintomas de sífilis, existem vários relatórios médicos onde a doença estava documentada. Eu, pessoalmente, prefiro pensar que ele morreu com uma caliqueira. Acho mais poético.




Saí do mausoléu ainda com as pernas a tremer e o coração aos saltos e continuámos o nosso percurso pela parede do Kremlin onde estão sepultados os ilustres do regime. Aqui estão sepultados, entre outros, Yuri Gagarin, Leonid Brezhnev, Georgy Zhukov, e claro, Joseph Stalin.

Prestámos uma homenagem um pouco mais prolongada ao maior tirano de toda a história. A história é muito mais branda com Stalin, que saiu vencedor da 2ª Guerra Mundial, do que com Hitler mas, as estatísticas dizem o contrário. Stalin foi responsável pela morte de muitas mais pessoas que Hitler. Stalin dizia que as pessoas são fontes de problemas, se acabarmos com as pessoas acabamos com os problemas. Outra citação conhecida de Stalin diz que a morte de uma pessoa é uma tragédia mas a morte de um milhão de pessoas é uma estatística.

Saímos do perímetro do mausoléu e fomos tentar recuperar as mochilas com as máquinas. Ainda receei que tivesse pago 60 rublos para me roubarem as coisas, mas estava lá tudo.

Só tínhamos mais uma coisa planeada antes de dizermos adeus a Moscovo, a visita ao museu do Gulag, que ficava perto do teatro Bolshoi e de um edifício governamental de alta segurança. GULAG pode traduzir-se por "Administração Geral dos Campos de Trabalho Correccional e Colónias"). Funcionavam como campos de concentração e de trabalhos forçados e existiam por todo o país, às dezenas. Os mais célebres ficam na Sibéria e não tinham sequer muros ou arame farpado a delimitá-los. As distâncias e o clima encarregavam-se de manter os prisioneiros controlados. Cerca de 14 milhões de pessoas passaram pelos GULAGs entre 1929 e 1953!




A entrada para o museu faz-se por um pátio rodeado de arame farpado, com uma torre de vigia e fotografias de vítimas dos GULAG. Ao entrarmos, o segurança informa-nos que ainda falta 1 minuto (?!) para o museu abrir e que temos que esperar antes de nos podermos dirigir para a bilheteira, onde já se encontrava a funcionária. Um minuto depois, conseguimos comprar os bilhetes, pagando mais 100 rublos pelo privilégio de poder fotografar. Uma vez mais, a funcionária se revelou simpatiquíssima e muito prestável.

A visita tem início numa sala (de entrada gratuita), à direita da bilheteira onde se podem ler os diários e ver os desenhos que Nina Sergeyevna Lugovskaya, uma menina que esteve presa num destes campos escreveu e desenhou.

No 1º andar está uma exposição de fotografia, quadros e objectos pessoais de prisioneiros do sistema. O que mais me impressionou aqui foram os documentos que decretavam a pena do prisioneiro e respectiva duração. Eram quase que uma sentença de morte para quem tinha o seu nome no documento. Também estavam em exposição “certificados de reabilitação” que libertavam os prisioneiros.

A última sala de exposição fica no rés-do-chão e recria uma camarata, uma cela e o gabinete do responsável pelos GULAG. Infelizmente, acho que o museu é uma desilusão. É demasiado pequeno, pobre e pouco chocante, para o que representa. Existe informação escrita em inglês, mas é insuficiente para transmitir os horrores destes campos. Desaconselho vivamente pagar 100 rublos para se poderem tirar fotografias pois não há nada que valha a pena fotografar.




Enquanto nos dirigíamos para o metro, ainda contornámos o teatro Bolshoi para ver se era possível uma visita breve, mas este ainda se encontrava em obras e rodeado por uma enorme vedação.

Almoçámos já na zona do hotel, num restaurante onde apenas um dos empregados arriscava algumas frases em inglês. Para dificultar as coisas as ementas estão apenas em russo. O empregado sugeriu-nos 2 pratos. Bife à moda do Texas para mim e frango grelhado para a Vaselina. Escolha perfeita. Estavam deliciosos.

Regressámos ao hotel ainda com bastante tempo antes do nosso transfer chegar. Depois de retirarmos as malas da sala de bagagem colocámos lá dentro os casacos de neve e retirámos de lá os passaportes. Em todas as viagens que fizemos, deixamos sempre os passaportes no cofre do quarto ou na mala caso não exista cofre. Andamos sempre com fotocópias dos passaportes e vistos para o caso de ser necessário apresentá-los às autoridades na rua. Até agora nunca foi…

O nosso transfer chegou pontualmente e partimos em direcção ao aeroporto. Tínhamos quase 4h antes do voo e o check-in já feito online, no dia anterior. A distância entre o hotel e o aeroporto é curta, mas o trânsito é intenso e demorou mais de uma hora a completar o percurso. Aproveitei este tempo para dormitar.




No aeroporto há um controlo de segurança logo à entrada bastante minucioso. A entrega das bagagens decorreu sem surpresas tal como a passagem pela imigração, onde fomos atendidos por um funcionário extremamente simpático e sorridente que até tentou pronunciar umas palavras em português.

A surpresa veio quando chegámos ao 2º controlo de segurança. Aqui, no lugar dos normais pórticos, tínhamos um daqueles controversos scanners corporais. Não havia alternativa, tínhamos que nos descalçar e submeter. A Vaselina só se apercebeu quando eu lhe disse, já bem longe dali. Em teoria as imagens não são gravadas, mas como tem vido a acontecer com outras pessoas, acho que é apenas uma questão de tempo até aparecerem as nossas imagens nuas num desses sites semi-pornográficos. Se virem a foto de alguém com ar de alentejano, corpo musculado e um membro até ao joelho, seguida da foto de uma gaja mamalhuda, podemos ser nós.

A Vaselina ainda aproveitou para fazer umas compras de última hora nas proximidades da sala de embarque, enquanto eu aproveitei o WiFi gratuito no aeroporto para fazer telefonemas via VoIP, responder a emails e escrever um pouco desta narração.




O iPad revelou-se um bom companheiro de viagem e um substituto competente para um netbook. Como principais vantagens tem o peso inferior, a antena de GPS e, principalmente e facto de estar sempre ligado, eliminando os tempos de arranque. Como principais desvantagens tem o teclado mais difícil de usar, o que origina a mais erros e tempo perdido, mas principalmente o facto de não ser possível imprimir algo para PDF e copiar esse PDF para uma pen USB.

No voo da Lufthansa, uma das hospedeiras era portuguesa, e melhorou-nos um pouco a qualidade de via a bordo. A única coisa a assinalar relativa ao voo é a qualidade da refeição servida, cujo prato principal era intragável. No aeroporto de Frankfurt tivemos que chegar da zona B do terminal 1 até à zona A. Isto pode parecer fácil, mas dadas as distâncias e controlos de segurança se revelou muito difícil de fazer nos 50 minutos que tínhamos. Fomos os últimos a entrar no avião, onde reinava o caos e a desorganização típica dos portugueses que ocupavam a maioria dos lugares.

Chegámos a Portugal pontualmente. Recolhemos as bagagens e tomámos um táxi com destino a casa. O taxista, ou melhor, a besta que conduzia o táxi, não nos dirigiu a palavra uma única vez, nem sequer para dizer o preço, ao chegar ao destino. Foda-se!

Desta forma bonita, elegante e poética termina a nossa viagem.

Nota final: Voltar na primeira oportunidade.




The end


E lembrem-se, não se deixem apanhar.

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