Miami - 14-04-2014 - 22-04-2014
Cá vamos nós, mais uma vez, para Miami. Não sei bem como, mas consegui convencer a família toda que Miami era uma excelente localização para umas férias em família. Umas férias em quê? Eu sei, eu sei, também não consigo acreditar que me meti num avião com a Vaselina, a Piratita (também conhecida como a Criança), a irmã da Vaselina e respetivos 2 filhos (de 2 e 4 anos), a mãe da Vaselina e sua irmã. A estes ainda se juntava a filha da tia da Vaselina, que voou de Buenos Aires diretamente para Miami e já la estava à nossa espera. Tal como diria o Artur Albarran - O drama, a tragédia, o horror!
Em relação ao material fotográfico, levamos apenas os nossos iPhones 4, 4S e 5S e a fiel Panasonic GF1 com a lente fixa de 20mm. Não tínhamos forma de levar a Nikon D300, devido a toda a tralha a mais que tivemos que levar para a Piratita.
14-04-2014 - Lisboa - Miami
Madrugámos para chegar ao aeroporto com quase 3 h de antecedencia, onde despachámos as malas cheias principalmente de comida para bebé, fraldas e toalhetes Dodot. Espero que não pensem que estamos a fazer contrabando de artigos de criança. Passámos pela fila prioritária para o controlo de segurança e chegámos à sala de embarque cerca de 2h antes da partida. A Vaselina e a tua tia lançavam-me, periódicamente, uns olhares de censura, mas não verbalizaram nada. O resto da família chegou muito mais tarde.
O voo partiu com um ligeiro atraso e decorreu sem grandes sobressaltos. A Criança dormiu cerca de 1h, e esteve sempre bem disposta ao longo de todo o voo.
Depois de aterrar demorámos cerca de 3h até passar por todos os controlos de segurança, imigração, recolha de malas, alfândega e não sei o que mais. O funcionário da imigração fez uma incrível cara de espanto quando 4 pessoas com nomes de família diferentes se diziam todas pertencer à mesma família. Depois de lhe explicarmos devagarinho as relações de parentesco, ele encolheu os ombros e lá começou, relutantemente, a fazer o seu trabalho.
À nossa espera estava um Cubano com sotaque brasileiro muito simpático que nos levou ao hotel, onde esperámos mais uma hora que completassem o processo de check-in. Que seca! A prima da Vaselina veio ao nosso encontro quando chegámos. Tinha passado o dia na piscina.
O hotel é o famoso Fontainebleau em Miami Beach. As instalações são fabulosas. O espaço é grande, moderno e arejado. Percebe-se que é um dos hotéis da moda cá no sítio. Claro que ser um hotel da moda também tem coisas más, nomeadamente a arrogância dos filhos da puta.
O minibar é automático e funciona por peso, ou seja se retirarmos uma bebida do minibar por mais de 20 segundos, ela é automaticamente debitada na conta do quarto. Para além disto, não há espaço para se colocarem iogurtes ou garrafas de água para refrescarem. Claro que eles colocam um frigorífico no quarto para o cliente usar como quer, mas custa $45 por noite! Foda-se! Quarenta e cinco dóllars?!
Chegados ao quarto, novamente o drama, o horror e a tragédia. As camas eram separadas e não se conseguiam juntar como fizemos no Trump no ano passado. Liguei para a receção e, depois de transferirem a minha chamada vezes sem conta disseram-me que não me podiam ajudar a juntar as camas e que, se quisesse um berço para a bebé me alugavam um. Xulos!
Para piorar as coisas, o quarto era pequeno e o WC não tinha banheira. Os quartos do Trump são bastante maiores. Só o WC é quase do tamanho deste quarto. Com isto não quero dizer que o quarto seja minúsculo, mas depois das malas abertas no chão andávamos constantemente a tropeçar nelas. Que saudades do nosso quarto do Trump, mesmo que mais velho. Claro que este quarto também tinha pontos positivos, tinha um iMac à disposição do cliente 2 televisões, uma delas no WC, mas atendendo ao facto de todos termos iPhones e iPads para acedermos à Internet, o iMac perde o interesse, já para não falar do facto de nunca ligarmos a TV...
Por esta altura já estávamos por tudo e apenas queríamos ir para a piscina um pouco. Vestimos os fatos de banho à pressa, juntámo-nos aos restantes elementos da família e descemos. Chegámos à piscina quando faltavam 5 minutos para fechar. Só tivemos tempo para entrar na água e sair logo de seguida. É preciso ter azar… Um funcionário do hotel deu-nos indicações para uma piscina no 5º andar que estava aberta 24h por dia.
Finalmente, na piscina do 5º andar, conseguimos uns minutos de relax. Toda a piscina estava por nossa conta. Que maravilha. Tal como na piscina inferior, também esta tem a água aquecida. Nenhum de nós tinha estado até aquele momento numa piscina exterior com áqua aquecida. Fora de água estava um ventinho desagradável, mas, dentro da piscina estavamos no paraíso.
A prima e a tia da Vaselina foram ao Wallgreens comprar mantimentos para os nossos pequenos almoços do dia seguinte. Esta é uma das vantagens de viajar em grupo. Até agora as vantagens estão a sobrepor-se às desvantagens. Os putos portaram-se lindamente durante toda a viagem.
Depois de uns minutos de piscina, tomámos duche e encontrámo-nos no restaurante Vida. A Criança detestou o duche e chorava como se a estivessem a matar. No Vida, hamburgeres para toda a gente e, a seguir xixi, e cama. Estávamos todos exaustos. Dormimos os 3 numa cama “Queen Size”, bem aconchegadinos...
15-04-2014 - Miami
Acordámos tarde e despachámo-nos devagar. Ainda antes de sair do duche já tinha no quarto 2 índios e uma avó aos gritos e a saltar em cima de tudo. A minha mente, àquela hora da manhã apenas consegue processar 10% das coisas que se passam à mina volta. Pondero várias vezes o suicídio, mas chego à conclusão de que não consigo fazer um nó de forca com as toalhas que tenho no WC. Opto por sair da casa de banho e tentar abstrair-me completamente do caos e destruição no quarto.
Conseguimos finalmente descer para as piscinas. O hotel tem, pelo menos 8 piscinas, uma delas ligeiramente maior que o mar mediterrâneo e todas aquecidas. Eu queria ficar na piscina só para adultos, mas decidiu-se que íamos para a piscina das crianças. Não se percebe…
Passámos a manhã nas piscinas. A nossa Criança adora a piscina e está sempre a pedir “Águ” para ir para a piscina. Almoçámos tarde no restaurante da piscina, o La Cote. Em todos os restaurantes do hotel ofereçem lápis de cera e um ou 2 panfletos para colorir por criança, exceto para a nossa Criança que, como tem apenas 1 ano ainda a acham demasiado nova para colorir. Claro que temos sempre que acabar por pedir porque ela chateia-se e chora.
Durante o almoço, enquanto planeamos as atividades para o dia seguinte, aproveito para lançar, casualmente, a bomba...Vou passar 2 dias aos tiros no meio de sítio nenhum. Quando acabo de proferir as falavras, fez-se um silêncio que pareceu durar horas e entretanto alguém disse - “Parece que o tempo amanhã vai piorar.” E não se falou mais no assunto…
Para a família da Vaselina, esta revelação é tão chocante como se tivesse acabado de lhes dizer que era homossexual, ou pior ainda, vegetariano. Eles acham que as armas são objetos abomináveis. Provavelmente serei escorraçado da família dentro de pouco tempo…
Depois de almoço eu, a Vaselina e a Criança fomos dormir uma sesta para o quarto enquanto a restante família ficou na piscina… até o mau tempo se começar a instalar…
Quando acordámos da sesta, estava vento e umas nuvens negras assustadoras.Deixámos a Criança com a avó, vestimos os casacos de chuva e corremos para o Wallgreen’s que ficava a 15 minutos a pé para comprar mantimentos para os dias seguintes para nós e restantes elementos. O cartão do Wallgreen’s deu um desconto de mais de $10 no total das compras. Nada mau…
Carregados como burros fizemos o caminho de regresso ao hotel a suar. As núvens negras passaram sem trazer nenhuma tempestade e a temperatura não chegou a baixa dos 25ºC. Ao chegar ao quarto da irmã da Vaselina, encontrámos a criança felicíssima com a avó e os primos. Está cada vez mais amiga da sua vovó.
Depois de dividirem as compras, tomámos duche e descemos para jantar no Vida. Desta vez já não foram hambúrgeres para todos. Os sobrinhos da Vaselina adormecem ao jantar, só a Criança resiste até ao final.
Depois de jantar, xixi, cama. Amanhã é um grande dia.
16-04-2014 - Miami - Clewiston - Miami
Acordei às 05:00 para estar pronto às 06:30h, depois de tomar banho e comer um pequeno almoço digno de um gigante. Ambos chegámos à entrada do hotel às 06:15h e ambos esperámos 15 minutos por não nos termos dado ao trabalho de ter ido à procura do outro.
O dia estava frio e chuvoso. O meu casaco de chuva mal chegava para fazer frente ao frio que se fazia sentir tanto na rua como na pick-up do Andy. Comecei a preparar-me para um dia inteiro de frio e chuva. Estava ansioso para começar o curso, mas não tinha vontade nenhuma de passar o dia encharcado.
Durante a viagem o Andy diz-me casualmente que vai outro aluno frequentar o mesmo curso. Como tinha pago uma fortuna por uma aula privada, não fico nada satisfeito com as notícias, mas não digo nada.
Ao chegar ao McDonalds de Clewiston, o tempo parece ainda pior do que em Miami. Devido ao Andy se ter enganado numa saída e de termos perdido 30 minutos na viagem, o outro aluno já lá estava. Apresentou-se como Sebastian e tinha ar de puto novo. Depois da tradicional ida ao WC, O Andy ainda aproveitou para compara um hamburger para o pequeno-almoço e gelo para as bebidas. Ainda esperámos uns minutos para que o Sebastian comprasse um casaco de chuva.
A chuva miudinha parou ao chegar às instalações da TFA, mas o frio mantinha-se. O carro dizia que estavam 15ºC, o que, para a Flórida é muito baixo. Depois de lermos e assinarmos um documento com as nomas de segurança, preparámos o equipamento e os alvos.
Começámos o curso de Tactical Pistol II a aprender a resolver encravamentos usando apenas “Snap Caps” ou seja munições inertes, de plástico. O leitor mais culto saberá que a resolução de encravamentos se aprende nos primeiros módulos dos cursos pois trata-se de uma coisa básica na operação de armas de fogo. Então se isto é básico e se já aprendemos no módulo anterior, por que raio se fala disto no módulo 2? É simples, no módulo anterior aprendemos a resolver-los com a mão dominante apoiada pela mão de suporte. No módulo 2 vamos aprender a resolver encravamentos com a mão de suporte a apoiar a mão dominante, apenas com a mão dominante e apenas com a mão de suporte.
Começou a ramboia… como já devíamos saber as bases o Andy manda-nos apenas resolver os encravamentos e diz-nos quais as mãos que podemos usar, depois, dá uns passos para trás e diverte-se a ver-nos espernear. Isto gravado daria um hilariante filme de comédia. Ainda bém que ninguém teve a triste ideia…
Nem sequer vou tentar explicar o processo completo para resolver os vários tipos de encravamento com cada uma das mãos. Vou limitar-me a dizer que, para operar a corrediça se usa a mira traseira como âncora e se usa o cinto, o coldre, o sapato ou outra coisa qualquer para a operar.
O carregador, na Glock 18 cai livremente quando se prime o respetivo botão de retenção, dispensando ginástica adicional, excepto no caso de uma dupla alimentação em que uma das munições o impede de cair livremente. Neste caso, partindo do princípio que temos uma mão ferida e inoperacional, devemos dar uma pancada seca com o pulso da mão que segura a arma numa perna enquanto se prime o botão de retenção do carregador fazendo com que este seja projetado para o chão.
Para se reintroduzir o carregador na arma com apenas uma mão disponível, podemos colocar a arma entre as pernas, ou colocá la no coldre enquanto se recolhe um carregador completo e se coloca o mesmo na arma. Isto é válido tanto para a mão direita como esquerda. Com a mão esquerda, a arma fica com o punho a apontar para a frente, mas fica suficientemente segura para se colocar um carregador novo.
Depois de praticarmos várias vezes com as munições “snap cap” chega agora a vez de passarmos a munição real. “Agora é que a porca entorçe o rabo”... Confeço que andar a roçar uma arma carregada no meu vestuário enquanto que outro gajo ao meu lado faz o mesmo, me deixa com um nervoso miudinho. Os testes com fogo real decorreram sem incidentes, o que demonstra que afinal não somos assim tão nabos nem os exercícios são tão perigosos quando poderíamos imaginar.
Antes de exercitarmos a resolução de problemas, fizemos uns execícios de aquecimento que me permitiram concluir 3 coisas. Estavamos a atirar a um alvo a 3 m com 16 círculos do tamanho de boas de ténis. começámos com um tiro na bola com o número 1, 2 tiros na bola com o número 2 e assim sucessivamente até à bola com o número 4. A primeira coisa que concluí foi que não estava nos meus melhores dias. Estava a conseguir por tiros fora das bolas! A 3 metros! O que se passa comigo?
O meu colega Sebastian também falhava de vez em quando, mas era mais consistente. Apesar de tudo isto deu-me algum ânimo pois ele estava a usar uma FN FNX-45 Tactical, no calibre .45 ACP, com lanterna e mira de ponto vermelho. Isto permitiu-me reforçar uma conclusão que já tinha tirado há muito tempo. As miras opticas não nos fazem disparar melhor. Podem ajudar em alguns casos, mas não fazem milagres.
A terceira conclusão a que cheguei, também não foi grande novidade. Foi apenas o reforço de que disparo melhor com a mão esquerda do que com a direita. A segunda parte do aquecimento consistia em dar 2 tiros na bola com o número 5 usando 2 mãos, disparando com a mão principal, de seguida dar mais 2 tiros na bola com o número 6 com duas mãos, disparando com a mão esquerda, seguidos de mais 2 tiros apenas com a mão principal na bola com o número 7 apenas com a mão direita e, por último mais 2 tiros na bola 8 apenas com a mão esquerda. depois de algumas sessões destas via-se claramente que as bolas 6 e 8 tinham melhores resultados. O que eles gozaram comigo. Até me ofereceram um coldre para canhotos e tudo..
Em seguida praticamos várias vezes a resolução da dupla alimentação usando a mão de suporte e apenas uma das mãos. Quando estava a resolver uma dupla alimentação com a mão de suporte, também tive que resolver uma “Hard Extraction”, coisa que se revelou fácil. Estas hard extractions são o resultado de muito pouca limpeza nas armas. O Andy diz que esta Glock 18 não foi limpa desde a última vez que eu a tinha usado no ano passado, altura em que ela já estava suficientemente sija para me causar uma hard extraction. Isto atesta claramente a qualidade e fiabilidade das Glock!
Durante as práticas aconteceu uma coisa ao Sebastian que eu julgava impossível. Ao operar a corrediça no cinto, junto ao corpo o casquilho que estava na câmara a provocar a dupla alimentação saiu da câmara, rodou e entrou de novo na câmara com a base para a frente. Isto aconteceu-lhe duas vezes e apenas se conseguiu resolver com a introdução de um rodo no cano para forçar a saída do casquilho.
A mim também me aconteceu algo inesperado enquanto resolvia uma dupla alimentação apenas com a mão esquerda. Completei o processo todo sem problemas e, ao finalizar o exercício, disparando 2 tiros sobre a bola número 11, sai-me uma rajada de cerca de 6 tiros. Enquanto executava os procedimentos para resolver o encravamento rodei inadvertidamente o seletor de tiro para rajada. Borrei-me todo!
Este incidente reforça a ideia que tinha acerca da simplicidade nas armas. Quanto mais simples esta forem, melhor. Numa Glock normal isto numa aconteceria pois não tinha nenhuma patilha para acionar inadvertidamente. Se no lugar do seletor de tiro tivesse uma segurança, a arma não dispararia quando premisse o gatilho o que podia ser fatal numa situação de emergência.
Depois de mais umas variações destes execício e de muitos tiros e mudanças de carregador e resolução de problemas com a mão de apoio chegou a hora de almoço.
Depois de almoço aprendemos a disparar em movimento, o passo para o lado, o andar para trás e para a frente e o L tático. Eu já tinha aprendido isto em Las Vegas no curso de Tactical Pistol I, em 2012 e revisto no ano passado, no curso de Tactical Carbine I. As bases são as mesmas.
Aprendemos também a fazer disparos para a zona pélvica a curta distância. Com um braço a empurar ou conter o atacante, retira-se a pistola do coldre, roda-se o cano e apoia-se na cintura e fazem-se os disparos que acertam de forma natural na zona pélvica. Este exercício é semelhante ao que aprendi em Las Vegas, em 2012, mas menos completo. Com a Combat Tactical Academy aprendi a inclinar as costas para trás fazendo com que os tiros vão subindo no alvo. Aqui consegue-se um fim idêntico depois de dar os 2 primeiros tiros, começamos andar para trás, enquanto esticamos os braços e disparamos para o tronco.
No seguimento das técnicas de combate a curta distância aprendemos coloca a arma junto ao peito com o cano num ângulo de 45º para o chão de forma a possibilitar rodar o nosso corpo 360º sem apontar o cano a nenhuma outra pessoa nas imediações. A mão principal empunha a arma normalmente enquanto que a mão de suporte se sobrepõe à mão principal, agarrando a base do guardamato com o indicador e médio e a parte traseira da corrediça com o polegar. Isto impede alguém que tente agarrar a corrediça da arma de a desarmar, permite disparar um tiro e provoca um encravamento (falha ao extrair) que pode nos pode dar vantagem no caso de nos deitarem ao chão e se apoderarem da nossa arma. Caso isto não aconteça, basta resolvermos a falha ao extrair.
Em seguida aprendemos a disparar a partir de cobertura. Também já tinha aprendido isto no ano passado. Uma vez mais as bases são muito semelhantes. Para nos movermos para cobertura, devemos usar apenas linhas retas, ou seja, deslocamo-nos perpendicularmente até ficarmos atrás de cobertura e depois apróximamo-nos da cobertura, já protegidos pela mesma. Não nos devemos aproximar demais da cobertura para termos liberdade de movimentos, para minimizarmos a possibilidade de sermos atingidos por estilhaços e para nos protegermos de alguém que possa estar do outro lado da barricada.
O Andy recomenda que, tal como se faz na carabina, se disparamos a partir de cobertura, espreitado pelo lado esquerdo, devemos disparar a arma com o lado esquerdo, para, desta forma expormos uma menor área. Pessoalmente pareceu-me que expunha mais ou menos a mesma área. Quando lhe disse isto, o Andy propôs-me fazermos uma sessão com “Simunition” para testarmos, sessão esta que eu recusei prontamente.
Na sequência dos disparos a partir de cobertura aprendemos as várias posições de tiro, ajoelhados e deitados. Ambas as posições são muito semelhantes às que aprendi no ano passado. Para a pistola acho que faz mais sentido a “Tactical Kneeling” com ambos os joelhos no chão, uma vez que não se usa um dos joelhos para apoiar a pistola, tal como se faz na carabina.
A posição deitado pode ser semelhante à que se usa em carabina ou, para pessoas com uma barriga mais proeminente, pode-se encolher uma das pernas e rodar ligeiramente o tronco para respirar melhor.
Depois de bastantes exercícios disparando atrás da barricada, chega vez de aprendermos a contornar esquinas. Aqui retomamos a técnica aprendida anteriormente, nos disparos a curta distância para a zona pélvica. Colocamos a arma apoiada na cintura apontado naturalmente para a zona pélvica e ficando suficientemente retraída para um adversário a curta distância não se apoderar dela. Como proteção adicionar fazemos o braço esquerdo tocar no ombro direito com a palma virada para o exterior. Isto impede que alguém se aproxime demasiado e dá liberdade de movimentos ao braço esquerdo. Nesta posição, o pé esquerdo avança para a frente e o pé direito dá um passo rodando o corpo para contornar a esquina. Praticamos algumas vezes este procedimento que sempre me pareceu pouco natural e pouco eficaz. Gostava de ver alternativas a isto.
Aprendemos seguidamente a disparar deitados de costas no chão. Isto aprende-se para o caso de alguém nos deitar ao chão ou de cairmos enquanto nos deslocamos. Deitados de costas com ambos os joelhos fletidos, esticamos a perna direita enquanto retiramos a arma do coldre e a levamos em arco para entre as pernas, voltando depois a fletir o joelho direito. Fazemos este movimento para nunca passar com o cano à frente da perna ou do pé, evitando ferimentos.
Os alvos à nossa frente são atacados de costas disparando entre as pernas. Os alvos na lateral são atacados rodando o corpo para o lado onde se encontra o alvo e disparando sobre esse lado com os joelhos fletidos e as pernas encolhidas. Gostei bastante destes execícios, achei-os eficazes e divertidos.
Termina assim a matéria do curso, faltando apenas o exame. O Andy diz que este é exatamente igual ao do curso de Tactical Pistol I, mas que os 5 tiros opcionais são agora obrigatórios e que os exercícios têm um tempo limite. Isto descansou-me por um lado e preocupou-me por outro…
No ano passado, no final do curso de carabina, o Andy deixou-me tentar o exame de pistola nível 1, mas com tempo limite, o que quer dizer que eu já tinha feito este exame duas vezes no ano anterior e isto dava-me uma vantagem este ano… por outro lado, no ano passado, fiz este exame 2 vezes e chumbei ambas, demonstrando que o exame é mais difícil do que parece, pelo menos para mim.
Que se lixe, com 42 munições em 3 carregadores e mais 5 no bolso, vamos a isto… Fizemos o exame ao mesmo tempo e ambos fizemos um trabalho de merda só que o trabalho de merda do Sebastian chegou para passar com 34 (de um mínimo de 34) tiros nas áreas A e B do alvo.
No meu caso conseguir apenas 33 tiros certeiros. Após análise chegámos à conclusão que tinha disparado muito lentamente nos tiros a curta distância, fazendo com que alguns deles fossem disparados fora do tempo limite enquanto que os tiros a grande distância fossem disparados demasiado depressa e com pouca precisão.
O Andy deixa sempre todos os alunos fazer o teste 2 vezes, caso chumbem na primeira, portanto, cá vamos nós outra vez… Desta vez, nos tiros rápidos obtenho resultados brilhantes. Só tenho 2 tiros fora do tempo limite! Desta vez já cá canta o certificado. Ainda posso falhar 6 tiros e ainda passar… só faltam 6 tiros a 25 metros em 20 segundos e mais 5 tiros na cabeça a 15 m, em 10 s. Os tiros a 25 metros foram disparados em 9 s, e os tiros na cabeça foram disparados dentro do tempo. Acho que acabei de ganhar o certificado.
Ao aproximar-me do alvo, começo a ter dúvidas… falhei 2 tiros na cabeça e todos os tiros a 25 m. Chumbo de novo, com 32 pontos. Foda-se! A merda do exame parece tão fácil e não o consigo passar de maneira nenhuma. Com esta já o chumbei 4 vezes em 2 anos distintos. Como é possível?!
Depois de um sermão do Andy para mim e de umas palmadinhas nas costas para o Sebastian, passamos 30 minutos de cu para o ar a apanhar casquilhos do chão. O meu humor não está no seu melhor, mas isto deve-se apenas à pressão que o cronometro me coloca. 20 segundos é uma eternidade e eu não a aproveitei para fazer tiros certeiros.
Depois de termos arrumado tudo, antes de nos fazermos à estrada, ainda fazemos uma paragem na pista do aeródromo para fazermos uns tiros a longa distância. No ano passado já tinha feito tiro a 50, 100, 150 e 200 metros acertando num alvo metálico do tamanho de um tronco humano,mas tinha ficado chateado por não ter acertado no alvo a 289 m. Este ano queria fazer mais umas tentativas…
Paramos primeiro a 100 m, onde luto para conseguir acertar um tiro no alvo. As miras ocultam quase completamente o alvo. É necessário apontar ao topo do alvo. O Sebastian acerta vários tiros sem grande dificuldade. Isto não começa bem… Que vergonha… e eu até me considero um atirador decente com pistola. O que se passa comigo?!
A 200 m consigo redimir-me. Em cerca de 10 tiros acerto 6 ou 7. O alvo fica completamente coberto pelas miras, sendo necessário compensar ligeiramente em altura. Parece impossível, mas aconteceu mesmo. O Sebastian luta para conseguir acertar um tiro. A mira de ponto vermelho não consegue compensar a desvantagem que tem com o calibre .45 ACP, cujo projéctil lento e pesado cai bastante ao longo do percurso.
Chegados aos 300 m, mal se consegue ver o alvo. Não há pontos de referência acima do alvo que permitam manter consistência e aumentar a inclinação gradualmente e de forma minimanente científica. Faço um vários disparos nas proximidades do alvo, alguns dos quais o atingem com ricochetes (o que já tinha acontecido a 100 e a 200 m e no ano passado também). Ao fim de cerca de 10 disparos acerto uma vez. Que som lindo! Uma fraca consolação para os chumbos no exame, mas sempre levanta o moral.
Depois de acertar passei logo o testemunho ao Sebastian que se fartou de gastar munições, mas nem um impacto direto no alvo. O calibre .45 ACP não é adequado a disparos a longa distância. Na verdade nem o 9 mm Parabellum, mas pelo menos este permite fazer disparos a estas distâncias com uma pistola que não é conhecida por ter um gatilho muito preciso. Depois do Sebastian ter gasto todas as munições e ter desistido, voltei à carga. Ainda tinha um carregador quase completo, resolvi tentar mais umas vezes. Sim, eu sei que devia ter parado após ter acertado, mas quis ver se conseguia acertar de forma consistente a 300 m. Claro que não acertei nem mais um tiro…
Seja de que forma for, fico feliz por ter sido o único a acertar a 300 m, atirando de pé e sem apoio. No ano passado o Andy fez tiro a 200 m, mas apoiou a pistola numa parede de madeira. Neste ano nem tentou… É com bastante orgulho que escrevo que acertei num alvo do tamanho de um troco humano, a 300 m sem apoio, com uma Glock 18. Claro que, apenas acertei 1 tiro em cerca de 20. Claro que 50% do crédito é para mim, mas os restantes 50% terão que ser atribuidos à sorte, mas, apesar de tudo, consegui! 300 metros!! Foda-se!!!
A viagem de regresso foi longa e triste. Não conseguia tirar da cabeça os chumbos no exame. Até a Vaselina se apercebeu que alguma coisa tinha corrido mal e que eu não estava tão entusiasmado como nos anos anteriores. Jantámos tardiamente, no Vida, e fomos para a cama para umas boas horas de merecido descanso. Ao jantar disseram-me que tentaram marcar a ida a Key West para o dia seguinte, mas já não havia vaga e tiveram que marcar para sexta-feira. Isto queria dizer que eu não iria. Fiquei com alguma pena mas não havia nada que pudesse fazer para ir. Claramente prefiro ir dar tiros do que ver as vistas em Key West.
17-04-2014 - Miami
Acordámos tarde e despachámo-nos lentamente. Uma vez mais, os índios invadiram-nos o quarto enquanto nos preparávamos para sair. Eu sentía-me como se me tivesse passado um comboio por cima, doia-me a cabeça e estava triste com os 2 exames falhados no dia anterior.
Caro que os índios não queriam saber disso e exigiam que lhes desse atenção junto o iMac, santavam-me para cima e gritavam-me aos ouvidos. Felizmente que a nossa Criança ainda se mexe pouco e é muito mais leve… Pessoalmente acho que os índios, tal como os animais selvagens pressentem o medo e atacam as presas mais fracas…
Na piscina as coisas não corriam melhor, e tinha que responder de forma evasiva às perguntas cada vez mais frequentes da prima da Vaselina que era única que tinha alguma curiosidade relativamente às minhas atividades do dia anterior.
Para piorar as coisa, enquanto estávamos dentro de água, cai uma chuvada forte. Ainda tentámos resistir um pouco dentro de água, mas as gotas que caíam eram frias e magoavam a cabeça. Refugiámo-nos debaixo de uma cabana desocupada, fechámos as cortinas e usámos as toalhas para nos mantermos secos e quentes.
A chuvada durou cerca de 20 minutos, sendo seguida de sol e do regresso do calor. Ainda aproveitámos mais umas horas de piscina antes de almoço, novamente no La Cote. Depois do almoço chega a hora da sesta para nós. Eu ainda adormeci antes da Piratita. A restante família ficou pela piscina. Combinámos encontrar-nos na Apple store da Lincoln road, ao final da tarde.
Depois da sesta e do banho, apanhámos um taxi para a Lincoln road. Chegámos à Apple store pouco depois da hora marcada, e encontrámos as avós sentadas à porta. A loja estava a abarrotar. Optámos por não entrar. De todas as lojas da Lincoln road, a Apple store era a mais apinhada. Depois de nos reunirmos ao resto da família e à enorme quantidade de sacos de compras, ainda “aproveitámos” para ver mais umas lojas de roupa antes de jantar.
Jantámos num restaurante cubano, de nome Abuela’s. Eu e a Vaselina não somos grandes fãs de comida cubana mas, a que nos serviram neste restaurante era deliciosa! Se à boa comida juntarmos o pessoal simpático eficiente e com paciencia para os disparates que as crianças faziam, temos uma receita de sucesso. Tenho que admitir que, quem se portou mais mal foi a Criança, que deixou o chão do restaurante em pior estado que um campo de batalha na guerra de trincheiras da 1ª Guerra Mundial. Os funcionários mereceram a generosa gorjeta que deixámos.
De estômago cheio, “aproveitámos” para fazer mais umas compras, afinal ainda havia elementos da família que ainda conseguiam carregar mais um ou dois sacos. E havia tantas lojas a chamar pela atenção delas… Depois das compras ainda tínhamos que fazer… mais umas compras… passámos por uma loja de conveniência cubana para comprar mantimentos para o dia seguinte.
Carregados como burros de carga, apanhámos 2 taxis e regressámos ao hotel exaustos, apenas com energia para uma ida ao WC e força suficiente para subir para a cama.
18-04-2014 - Miami - Clewiston - Miami
Voltei a acordar às 05:00h. Depois do banho e pequeno almoço, encontrei-me com o Andy, pontualmente às 06:15h. Depois da vergonha do último dia, não estava a prever um grande dia de formação. Durante a viagem perguntei-lhe se me deixaria chumbar no exame de pistola 2 outra vez no decorrer do dia, ao que me respondeu que me daria mais duas tentativas. A resposta não foi muito animadora, mas estou disposto a tentar de novo.
Depois da tradicional paragem do McDonalds para mijar e tomar o pequeno almoço, chegamos ao local pouco depois das 08:00h. É bom começar cedo. No dia anterior tínhamos começado tarde e terminado tardíssimo. Eu cheguei ao hotel depois das 21h e o Andy chegou a casa quase às 23h.
Para compensar a minha baixa moral, o Andy estava extraordináriamente bem disposto. Dizia piadas, oferecia-se para filmar e tirar fotografias, não perdeu quase tempo nenhum com regras de segurança nem com teoria desnecessária. Nunca o tinha visto assim.
Aprendi a desmontar a minha MP5 SD 2, procedimento que é facílimo de executar. O Andy explica que na versão SD da MP5, o silenciador é enrroscado por cima do cano e que, com os disparos se formam depósitos de carbono por cima da rosca, obrigado a que o silenciador deva que ser removido e limpo ao fim de 500 tiros ou, no máximo 1000 tiros, sob pena de ser impossível retirá-lo divido aos depósitos de carbono serem demasiados.
Com 4 carregadores completos dirigimo-nos para a linha dos 7 m para fazer uns tiros de aquecimento. Os carregadores têm a capacidade para 30 munições e são muito fáceis de carregar, tal como os do AR-15. Os carregadores devem se carregados até à sua capacidade máxima, devendo o utilizador garantir que ainda têm alguma folga para que se consigam trancar no lugar. Se o carregador levar 31 munições e ainda tiver uma ligeira folga, deve-se carregar desta maneira, pelo contrário se não tiver folga com 30, deve-se retirar uma. Eu carreguei sempre os meus com 30 e operaram sem problemas.
Colocamos o carregador na arma, batemos no manobrador que está trancado à retaguarda, para que este retire uma munição do carregador e a coloque na câmara e certificamo-nos que temos uma munição na câmara. Tal como no AR-15, a melhor forma de saber que temos uma munição na câmara é ver de que lado está a munição no topo do carregador antes de o introduzir na arma, levar o obturador à frente, retirar o carregador e verificar que a munição no topo se encontra do outro lado. Demos sempre empurrar o carregador para dentro do recetáculo e puxá-lo em seguida para termos a certeza de que trancou no seu lugar e não vai cair.
Tal como a AR-15, também a MP5, a curta distância dispara abaixo do sítio onde se aponta. Apenas a 25 m o ponto de impacto é igual ao local onde estão as miras. Em modo semi-automático fazemos vários tiros sobre um alvo de 16 bolas igual ao do dia anterior. É facílimo acertar onde se quer com a MP5. As miras metálicas são fantásticas.
As posições de disparo e de “pronto” são iguais às aprendidas no curso de Tactical Carbine 1. As técnicas básicas de disparo, também.
Como o nome do curso de hoje é “Select Fire” ou, como eu o preferir chamar, “Full Auto”, chega agora a vez de rodar o seletor de tiro para o modo de rajada ou automático. Que a diversão comece!
O modo automático deve ser usado sempre que a distância ao alvo seja igual ou inferior a 25 metros e o atirador tem que ser capaz de conseguir disparar sequências de 1, 2, 3 ou 4 tiros, neste modo, de forma consistente. Para além dos 25 metros recomenda-se o modo semi-automático para melhor controlo do gatilho.
Para se conseguir disparar apenas um tiro no modo automático, temos que ir contra tudo o que aprendemos antes e fazer algo que sempre nos disseram para não fazer, dar uma gatilhada. Básicamente a técnica consiste em “esbofetear” o gatilho o mais rápidamente possível. A técnica domina-se ao final de pouco tempo. Até um atrasado mental desajeitado como eu a consegue dominar. Em poucos minutos os 4 carregadores ficam vazios e é necessário reabastecê-los.
O obturador da MP5 não fica trancado na posição traseira no último disparo. Isto é uma vantagem e uma desvantagem. A desvantagem prende-se com o facto de não conseguirmos distinguir entre um encravamento e o fim das munições. A vantagem disto é que tratamos tudo como se fosse um encravamento e executamos sempre o mesmo procedimento, melhorando a consistência e o tempo para executar as operações.
Para resolver o encravamento de falha ao dispar, puxa-se o manobrador atrás e tranca-se, retira-se o carregador e verifica-se se este tem munições, em caso de necessidade deita-se o carregador vazio para o chão, coloca-se um novo na arma e destranca-se o manobrador para que este regresse à frente alimentando uma munição na câmara. A MP5 trabalha com o obturador fechado, ao contrário da UZI.
Caso se trate de uma dupla alimentação, o procedimento é quase igual, sendo apenas necessário operar várias vezes o manobrador antes de voltar a colocar o carregador no recetáculo. Este passo adicional é necessário para garantir que o casquilo que está a provocar a dupla alimentação é extraído da câmara. Devido ao facto do cano estão tão baixo na caixa, é muito difícil percebermos que tipo de avaria temos pois é difícil vermos a câmara com clareza.
Praticamos um pouco mais os disparos de apenas um único tiro e passamos em seguida às rajadas de 2 tiros. Estas conseguem-se dando uma gatilhada mais longa e são também bastante fáceis de conseguir. Na minha opinião são mais fáceis de fazer do que disparar apenas um único tiro em modo automático.
Progredimos para as rajadas de 3 e de 4 tiros. Aqui já podemos voltar a espremer o gatilho deixado de dar gatilhadas. Para mim estas foram as mais difíceis de dominar. Muitas vezes queria disparar 3 tiros e saíam 4 ou vice versa. Não me pareceu grave e o Andy não me chateou por causa disso.
Evaporam-se mais 4 carregadores em poucos minutos. 120 munições! Reabasteço e recomeçamos. Pela primeira vez durante o dia pomos protetores auriculares. Vamos praticar a resolução de encravamentos com transição para a pistola. Até 15 metros do alvo, sempre que o fuzil, carabina ou sub-metralhadora encravarem, devemos transitar para a pistola, disparar sobre o alvo e apenas depois do alvo ter sido atingido se deve desencravar a arma.
A minha forma preferida para reter a MP5 enquanto uso a pistola é deixá-la pendurada na bandoleira. Isto deixa-me as 2 mãos livres para usar a pistola.
Praticamos também os disparos com o lado esquerdo. Uma vez mais comprova-se que disparo tão bem ou melhor com a mão esquerda. Não perdemos muito tempo com isto porque eu já o tinha aprendido no ano passado ainda dominava a coisa.
Depois de já ter disparado mais de 300 munições constato que a MP5, é extremamente precisa e fácil de controlar mesmo disparada em automático. Consegui colocar, de forma consistente, rajadas de 3 ou 4 tiros numa bola com o diâmetro de uma bola de ténis a 7 m. Em 2012, em Boulder City, tinha ficado com a sensação que a MP5 era incontrolável em rajada. Agora percebo que apenas, eu era ainda era mais nabo do que sou hoje.
Nova pausa para recarregar e vejo que já não consigo encher os 4 carregadores com o que me resta das 1100 munições que comprei para os 2 cursos e ainda passam poucos minutos das 10:00h da manhã. O Andy já previra isto e tinha trazido mais munições que me vai passando à medida das necessidades.
Passamos agora ao disparo em movimento. Os movimentos para trás, para a frente, para o lado e o L tático. Já os tinha aprendido e praticado nos cursos anteriores e não perdemos muito tempo com eles.
Chega a vez das reações ou “pivots and turns” que se traduzem por rotações e voltas. Trata-se de reagir a um atacante que não está na nossa linha de vista direta. Também já tinha aprendido isto no curso de Carabina 1 pelo que se tratou apenas de uma revisão rápida.
Depois de reabastecer de novo, revimos as várias posições de tiro. A 100 metros fizemos tiro de pé, ajoelhados e deitados. Consegui acertar num alvo metálico minúsculo a 100 m, de pé e sem apoio. Estava a atirar tão bem quando o Andy, com a “desvantagem” de estar a usar as miras metálicas da MP5 enquanto que ele tinha uma mira de ponto vermelho montada na dele. Aproveitei para gozar um pouco com ele por causa disto. Eu estava “on fire”. Estava num daqueles raros dias em que até pareço um bom atirador. Será que é desta que consigo passar a merda do exame de pistola 2? O Andy já me disse que apenas me ia deixar fazer o exame de pistola. Eu acho que ele tinha medo que eu passasse no de Select Fire.
Este é o curso que o Andy mais gosta de ensinar e isso notou-se pela satisfação com que fazia as coisas, pelo sentido de humor, pelo facto de estar sempre a pedir para filmar e tirar fotografias, tanto com o telefone dele e com o meu. Nem sequer ficou chateado por eu ter gozado com ele.
Aproveitei para lhe pedir para experimentar a MP5 dele para dar uns tiros a 100 m. Ele estava a usar uma MP5 A4 também com supressor de ruído. Este modelo, mais recente, tem uma posição extra no seletor de tiro que faz rajadas de apenas 2 tiros. Achei o gatilho pior. Trata-se de um gatilho de um único estágio ao contrário do da SD que é de 2 estágios. Tirando isso não notei grandes diferenças.
Por último faltava apenas fazer uns disparo a partir de cobertura, coisa que já tinha aprendido nos cursos anteriores. Quando fiquei sem munições parámos para uma almoço antecipado. Pouco passava do meio dia e já tinha gasto mais de 700 munições.
A matéria ficou terminada da parte da manhã. Chegava agora a hora do famigerado exame. A minha auto-confiança estava em alta, mas isto também era verdade nos outros dias. Sempre tive a mania que era um atirador decente de pistola. Gostava mesmo de receber o certificado do curso.
Cá vai disto! 42 munições nos carregadores, 5 no bolso, começou o exame. Concentração ao máximo. A primeira parte do exame, correu maravilhosamente. Todos os tiros rápidos no alvo e dentro do tempo. Agora vamos aos tiros lentos a 25 m. O Andy que estava particularmente bem disposto foi contando alto os 20 s o que me ajudou bastante a gerir o tempo. Falhei 2 tiros. Só faltavam os tiros na cabeça a 15 m e onde apenas falhei 1. Finalmente terminei o filho-da-puta do exame com 39 tiros num mínimo de 34. Costuma-se dizer que “à terceira é de vez”, mas no meu caso foi à quinta. Claro que vou dizer a toda a gente que passei no exame à primeira…
Aproveitei o bom humor do Andy para o convencer a deixar-me fazer o exame de “Select Fire”. Este acedeu, de forma algo relutante. Ele não tinha mesmo vontade nenhuma de me dar o certificado de Select Fire.
O exame é muito parecido com o de Carabina 1, apenas as distâncias são mais curtas. Começamos com 42 munições, passamos com 36 tiros nas zonas A e B do alvo. Começamos o curso a correr dos 25 para os 50 m. A 50 m fazemos várias sequências de tiro ajoelhados e deitados. O Andy não se deu ao trabalho de me dizer quanto tempo eu tinha para fazer os tiros e eu não me dei ao trabalho de perguntar.
Aproximamo-nos do alvo para mais umas sequencias de tiro de pé, uma dessas sequências com um mudança de carregador. A 10 m temos que fazer 2 sequencias de 2 tiros em rajada e de 1 tiro em rajada. Não sei como ficam a faltar-me 3 tiros para completar o exame. O Andy diz que eu fiz rajadas de 3 tiros quando devia ter feito de 2. Eu acho que fiz de tudo certo, mas não tenho a certeza.
Volto a colocar 42 munições em carregadores e lá vou eu à segunda tentativa. Desta vez faço tudo como deve ser. Consigo 37 tiros no alvo. O Andy conta os tiros no alvo e fora desde 2 vezes para ter mesmo a certeza que eu tinha passado. Nunca o vi a verificar os resultados de um teste de forma tão meticulosa. Este foi para compensar a vergonha do dia anterior!
Aproveito o facto de estar a atirar tão bem para pedir ao Andy para fazer um “buraco rasgado” com a Beretta 92 G que ele está a usar. Mais uma vez, a 5 m, resultados maravilhásticos, 9 ou 10 tiros num único buraco. O Andy dispara a seguir e os tiros ficam ligeiramente mais afastados que os meus. Aproveito para gozar mais um pouco. Gosto do gatilho da Beretta, mesmo em ação dupla e gosto principalmente dos resultados que consegui com ela. Sou o máior! Pareço o Rambo. Até começo sentir os mesmos problemas na fala que o Stalone manifesta.
Pouco passa das 14:00h. Não há mais matéria para dar nem exames para fazer. O Andy prepara um percurso de combate, uma espécie de uma etapa de competição, em que tenho alvos metálicos ativos (que caem ou tombam depois de levarem vários tiros) e um “tomador de reféns”, de papel que se esconde atrás de 2 reféns. Este tomador de reféns deve levar um tiro na cabeça, em movimento e antes de chegar à linha dos 7 metros. Cagativo... O Andy dá-me 2 minutos para completar o percurso, mas eu peço-lhe 3.
O exercício é fantástico. Pareço um personagem de um filme de ação. Ainda melhor que o Rambo, lembro-me de uma punch line do filme Die Hard 1 escrita na camisola de um terrorista morto: “Now I have a machine gun, ho-ho-ho”. Pareço o John Mclane! Completo todo o percurso num minuto (1:06 m), mas além de eliminar o tomador de reféns, também dou um tiro na cabeça do refém. Um tempo espetacular para um nabo como eu! Mesmo acertando no refém, fico muito satisfeito com o resultado. Parado não teria falhado tiro nenhum, mesmo sob stress, e com a respiração ofegante depois de me ter fartado de correr.
Como ainda tenho algumas munições na MP5, decido fazer o percurso de novo. Sei que não vou ter munições suficientes para todo o percurso mas vou aproveitar para transitar para a pistola. Só tenho que tentar fazer com que as munições cheguem para os tiros mais longos. Gasto demasiadas munições a fazer cair os 2 alvos ativos, segundo o Andy eu devia ter disparado sobre eles em rajada e não em semi-automático. Fiz ambos os percursos em semi-automático para poupar munições e falhei completamente o objetivo. As munições da MP5 acabam-se na linha dos 25 m. Transito para a Glock 18 e continuo a prova. Demoro um pouco mais de tempo a atingir cada alvo e os resultados dos últimos tiros na cabeça são desastrosos, com ambos os reféns atingidos. Termino a prova em 1:19 m, com um ego do tamanho do planeta.
Peço ao Andy para me filmar enquanto faço alguns exercícios de combate no chão. Estes foram dos meus favoritos no dia anterior. Já estou a ver, de novo, a cara dos funcionários do hotel quando me virem a passar pelo lobby todo sujo de terra, pó e palhas secas, como se tivesse sido arrastado pelo chão atrás de um carro. Metade da diversão deste exercício está na cara dos funcionários do hotel. O que vale é que não tenho intenções de lá ficar hospedado no futuro.
Ainda me sobraram munições na Glock 18. Claro que isto exige uns disparos em rajada para “limpar” os carregadores. Tal como no ano passado, não consigo controlar a Glock 18 em modo automático. Mesmo executando a técnica na perfeição (acho eu), não tenho força suficiente para compensar o levantamento do cano. O Andy, apesar de conseguir resultados decentes com ela, diz que não passa de um brinquedo, e é totalmente inútil em modo de rajada. Para mim é completamente incontrolável e não consigo acertar num alvo mesmo a curta distância. Apenas consigo fazer “Spray and Pray”. Apesar disto, é sempre divertido disparar uma arma em modo de rajada, principalmente uma pistola.
Pouco passa das 15:00h e o nosso dia de treino já esta terminado. Gastei mais de 1100 munições, em pouco mais de uma manhã! O que é que podia ter corrido melhor? Neste momento não me ocorre nada! Foi o melhor dia de formação que tive até hoje, não só pelo meu desempenho estar em alta, mas também pela MP5 que se revelou uma verdadeira surpresa. Da primeira vez que disparei uma MP5 tinha ficado bastante desiludido, mas depois deste dia passou a ser uma das minhas armas favoritas, de sempre. Também ajudou o facto do Andy adorar este curso e se esforçar para exceder expectativas.
Não me posso esquecer de agradecer ao Boyzes por me ter obrigado a escolher fazer este curso com a MP5 e não com a UMP, como cheguei a ponderar. Para mim a lógica era simples, a MP5 é uma excelente arma, com provas dadas nos mais variados cenários e de qualidade indicutível, mas eu não tinha ficado muito impressionado com ela quando a tinha disparado em Boulder City. Para além disto, a UMP é mais nova, de polímero, tecnológicamente mais evoluída. O Andy tem 2 UMPs disponíveis para gajos como eu (que não sabem nada e querem experimentar as últimas novidades), mas detesta a arma. Diz que é incontrolável no tiro de rajada, tanto no calibre .45 ACP como no .40 S&W e até mesmo no 9 mm. Isto deve-se ao pouco peso da arma. O mérito de eu ter adorado este curso pertence todo ao Boyzes. Se tivesse escolhido a UMP não teria aproveitado tanto nem, provavelmente, passado no exame.
Como não temos que apanhar casquilhos do chão, pomo-nos a caminho de Miami onde chegamos pouco depois das 17h e muito antes do resto da família que tinha ido passear a Key West. Pelo caminho o Andy diz que me vai enviar os certificados por correio e a fatura correspondente à munição extra. Tive que lhe explicar que achava justo não pagar mais pela munição extra devido ao facto de ter pago formação privada e ele ter levado um aluno extra no dia anterior. Para além disto, o dia de hoje tinha tido menos horas de formação. Ele não gostou muito da explicação, mas até agora ainda não chegou fatura nenhuma para pagar.
Chegado ao hotel ainda tive umas horas de espera para tomar banho, fazer compras no Wallgreen’s, comer um jantar improvisado e descansar um pouco antes de chegarem os restantes elementos da família e irmos todos jantar ao Vida, cerca da 21:00 h.
Durante o jantar foram-me contando as peripécias da ida a Key West. Demoraram cerca de 4 h de viagem em cada sentido e não acharam nada de especial. O tempo que lá passaram foi a afazer compras, exceto a prima da Vaselina que foi fazer uma volta à ilha em Jet Ski. Que seca que eu iria apanhar se tivesse ido. Eu até tinha ficado com alguma pena de não ir, mas agora, o que tenho é alívio. Mostrei um vídeo do das minhas atividades do dia que foi visto em silêncio e cujo único comentário foi - “Espero que amanhã o tempo esteja bom para a piscina”.
Depois de jantar… cama! Apesar do cansaço, custei a adormecer tal o tamanho do meu ego. Já só pensava no regresso, para o próximo ano. Isto é mais viciante que droga!
19-04-2014 - Miami
Mais um dia de piscina, com algum descanso e bastantes brincadeiras aquáticas com os putos. Deixámos a Criança com a avó e aproveitámos uns minutos a sós na piscina grande. Isto das férias em família tem algumas vantagens…
Ainda antes de almoço demos um salto à praia, que se revelou uma desilusão. O areal é muito estreito, muito mais do que na zona do Trump e, como consequência as espreguiçadeiras estão todas em cima umas das outras. À hora a que chegámos à praia já não havia espreguiçadeiras livres. Nem sequer havia sítio para deixar as havaianas sem que estas fosse levadas pelo mar, o que tornou a experiência desagradável. Não tínhamos toalhas e estava um vento fresco. Ainda por cima a água era mais fria que a da piscina. Nem eu nem a Vaselina nos molhámos acima da cintura. A única que teve coragem para se molhar toda foi a Criança, que adorou o mar. Estas crianças de hoje vêm com o termostato avariado.
O almoço foi no La Cote e a sesta foi no quarto como nos dias anteriores. Depois da sesta e dos banhos tomados, encontrámo-nos com a restante família e partimos em direção a Ocean Drive. Era a última noite em Miami da prima da Vaselina e tínhamos que fazer uma despedida em grande.
Ocean Drive é uma rua estreita, à beira mar, pejada de restaurantes / hoteis / discotecas. Escolhemos o Pelican Hotel & Cafe, que tinha sido recomendado por um funcionário do nosso hotel. Comemos uma boa refeição, regada com um vinho um relativamente decente. A Criança espalhou o caos e muita comida pelo chão, como é seu apanágio. Uma vez mais, os funcionários não pareceram muito chateados com isto.
Depois de jantar, passeámos um pouco pela rua. Os americanos usam a Ocean Drive como uma montra para exibirem os seus carros novos. Vimos quilos de Rolls Rolyce, paletes de Bentleys e toneladas de Ferrari 458 Italia, já para não falar dos inúmeros carros e pickups americanos que não me despertam interesse nenhum. Destes, o mais interessante e exclusivo que vimos foi um Fisker Karma.
Chegámos ao fim da Ocean Drive e ainda fizemos uns quarteirões da Collins Avenue até decidirmos dividir-nos em 2 grupos e apanha taxis para o hotel. No hotel, despedimo-nos da prima da Vaselina que regressava à Argentina no dia seguinte, bem cedo pela manhã. Nos bares do lobby havia festa rija, tal como nos outros dias. Milhares de judeus e judias todos aperaltados socializavam nos espaços comuns do piso térreo. Ainda pensei em arranjar um daqueles chapéuzinhos (o Kipa) que os judeus usam na cabeça e juntarmo-nos às festividades, mas o cansaço venceu-nos. Dormimos como suinos.
20-04-2014 - Miami
Adivinhem o que fizémos durante este dia… para os mais desatentos e menos perspicases, não fizemos nada, exatamente como nos dias anteriores. Como sempre, passámos a manhã na piscina e a tarde no quarto, a dormir a sesta.
Ao jantar regressámos a Ocean Drive para jantar no restaurante Quinn’s, que pertence ao Park Central Hotel. Comemos um excelente jantar regado com um vinho decente. Eu e a Vaselina não estamos habituados a refeições em bons restaurantes durante as nossas viagens, mas a mãe dela não cede às pressões dos custos. Feitas as contas, foi uma boa escolha para fechar as nossas férias com chave de ouro.
Passeámos um pouco mais pela Ocean Drive e pela Collins Av. antes de regresarmos ao hotel para uma boa noite de sono. A Piratita adormeceu ao meu colo enquanto passeávamos pela avenida Collins e já só voltou a acordar no dia seguinte, pela manhã.
21-04-2014 - Miami
Acordámos cedo para conseguir enfiar todos o nosso pertences nas malas e fazer o check-out até as 11:00h da manhã. Isto pode parecer fácil, mas quando se junta 2 pessoas pouco práticas num quarto juntamente com 3 criancinhas e uma avó aos santos e aos gritos só pode ser descrito como completo caos. O que nos valeu foi a Vovó ter ido brincar com os netinhos para o Lobby.
Depois do check-out e de nos guardarem as malas, almoçámos… no Vida… pela última vez. O nosso transfer só nos iria buscar às 14:00 pelo que tivémos que arranjar coisas que fazer enquanto esperávamos. O que é que uma mulher faz para passar o tempo? Compras! Mais compras. Não sei como têm paciência para passar horas em lojas sem interesse nenhum, mas isso é lá com elas. São os mistérios do sexo oposto.
Chegada a hora do transfer…. nada. Passados alguns minutos da hora, nem sinal dele. Ligamos para o número que nos tinham dado, mas o funcionário não sabia de nada. Passados 15 minutos voltámos a ligar e fomos informados que tinha havido um problema qualquer com o transfer e que iamos ser recolhidos por outro transfer que chegou com 45 minutos de atraso.
Nós que tínhamos pago um transfer privado, fomos como sardinha em lata juntamente com outra familia. A agência de viagens que espere a nossa reclamação…
Apesar de tudo conseguimos chegar ao aeroporto com tempo suficiente para entregar a bagagem e iniciarmos o longo e penoso caminho pela segurança. Preferia ser chicoteado a ter que passar por isto. Tantas máquinas, tanta gente a controlar tudo e mais alguma coisa, tanta norma, tanto tempo perdido e, no final deixam-me passar com um casquilho de .45 ACP no bolso do casaco. Apesar de ser completamente inerte e inofensivo, acho que devia ter sido detetado.
Já na sala de embarque, enquanto esperávamos que nos deixassem entrar no avião, o que acham que as mulheres fizeram para passar o tempo? Os homens coçam os tomates para passar o tempo, as mulheres fazem compras… A genética é tramada. A única coisa favorável que posso dizer do comportamento masculino é que não se gasta dinheiro a coçar os tomates.
A Criança dormiu durante cerca de 6h durante o voo. Ainda me assustou um bocado, no início do voo, porque estava cheia de sono e extremamente rabujenta. Chorava tanto e tão alto que mesmo as pessoas do outro extremo do avião já se estavam a passar. Felizmente que a Vaselina, com o seu talento de mãe, a conseguiu adormecer.
Chega assim ao fim esta nossa viagem. A primeira em família. No inicio estava muito apreensivo quanto a viajar com a família, principalmente com 3 crianças, mas os meus medos foram completamente infundados e tudo correu sempre bem. Qualquer dia dou por mim a preferir fazer viagens em família. Espero que não, mas as pessoas ganham gostos estranhos com a idade.
The End.
E lembrem-se, não se deixem apanhar.
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